VITÓRIA
Levantador de peso conquista diploma na Ulbra Canoas depois de 17 anos
Campeão Mundial no esporte, Carlos Arthur da Rosa, colou o grau em Educação Física
Última atualização: 22/01/2024 10:54
Vencedor de 15 títulos mundiais consecutivos e dezenas de campeonatos nacionais e estaduais no levantamento de peso, Carlos Arthur da Rosa, de 55 anos, conquistou o sonhado diploma acadêmico depois de 17 anos. O esportista concluiu neste mês sua jornada de estudos desde 2006 no curso de bacharelado de Educação Física na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) de Canoas.
Carlos começou sua trajetória como atleta da Ulbra após precisar de um clube para competir. "Quando cheguei, eles não tinham nenhum atleta no levantamento de peso, então me fizeram a proposta para cuidar da academia e formar uma equipe. Fui o primeiro atleta deles, treinei e fundei a primeira equipe", destaca.
Como atleta da Ulbra, Carlos foi destaque na categoria supino e terra (deadlift) (movimento que envolve levantar o peso do chão até o nível da coxa). Sendo o único brasileiro a ter entrado para o Hall da Fama norte-americano (2015) entre os atletas de halterofilismo.
"Devido as minhas vitórias no esporte recebi uma bolsa-atleta que cobria parte dos custos do curso de Educação Física, quando terminou a Ulbra me concedeu uma bolsa 100%", explica Carlos.
Carlos fala sobre as dificuldades que enfrentou para conseguir se formar. "O tempo foi estendido por conta das inúmeras competições em que participei. Muitas viagens internacionais e para vários lugares do Brasil. Uma rotina intensa de treinamentos, trabalho, família, foi um imenso desafio tudo", evidencia.
Conhecido também como Joinha, Carlos conta que decidiu dar prioridade para a conclusão do curso quando surgiu a pandemia de Covid-19. "Minha última competição foi em 2019 em Atlanta, nos Estado Unidos. No ano seguinte quando fiquei sem competir, entendi como uma oportunidade para concluir meus estudos. Os últimos anos foram de dedicação e amor ao curso de Educação Física", ressalta.
Para o atleta, o sentimento é agridoce, ele compara o momento que está vivendo ao corte de um cordão umbilical. "Foram quase 20 anos de Ulbra, como atleta, como aluno, como palestrante, mas agora, estou do outro lado. É preciso um tempo para processar todas as mudanças. Agora sou um professor de educação física formado, o cenário é outro", confidencia Carlos.
Trajetória marcada por superação
O esporte esteve presente na vida de Carlos desde quando tinha 13 anos. "Minha mãe faleceu e logo depois meu pai tirou a própria vida, encontrei ele enforcado. Isso me revoltou muito, fiquei violento, brigava na rua. Por recomendação de um vizinho conheci primeiro o boxe. Foi quando troquei a briga pela luta", relembra.
Durante a vida adulta, Carlos usou o boxe como uma alternativa de superação pessoal. "Não fiz carreira no boxe, era um hobby. Trabalhava como técnico em química e nas horas vagas como percussionista em uma banda".
Aos 30 anos de idade, Carlos precisou para de praticar boxe devido há algumas lesões no corpo. "Comecei a engordar e decidi voltar para academia, mas para fazer musculação. O treinador me viu e disse que eu tinha potencial para fazer levantamento de peso. Com um mês e meio de treinamento ganhei minha primeira competição", recorda.