Apesar do serviço meteorológico australiano apontar que o El Niño já chegou ao fim e, portanto, o Oceano Pacífico Equatorial ingressou em fase de neutralidade, os critérios da agência de tempo e clima norte-americana, utilizado pela MetSul Meteorologia, indicam que o Oceano Pacífico segue sob condições de El Niño nesta segunda metade de abril.
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Mas o boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, publicado na quarta-feira (17), mostra que a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central está em 0,9°C, assim, no limite superior da faixa de intensidade fraca. Essa é a primeira vez desde a semana do dia 28 de junho de 2023 que o boletim semanal registra valores na faixa de fraca intensidade no Pacífico Equatorial Centro-Leste.
Já nos litorais do Peru e do Equador, o Pacífico Equatorial estava com anomalia da superfície do mar de -0,2°C na última semana, o que significa resfriamento junto à costa da América do Sul. “Esta é a quarta semana consecutiva em que esta parte do Pacífico apresenta anomalia de temperatura da superfície do mar abaixo da média”, destaca a MetSul.
Desta forma, os dados de anomalia de temperatura da superfície do mar indicam que o El Niño chegou em seus momentos finais. A tendência é que o fenômeno termine no fim deste mês ou, no mais tardar, em maio. Antes da chegada no La Niña, contudo, haverá uma breve fase de neutralidade.
E quando chega o La Niña?
Ainda que não aja um consenso entre os modelos meteorológicos, como ressalta a MetSul, a maioria das simulações de clima de longo prazo indicam condições de La Niña no Pacífico a partir de julho ou agosto, ou seja: no inverno.
O Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA indica 85% de chance que o Pacífico Equatorial evolua para uma condição de neutralidade no trimestre de abril a junho. Para entre maio e julho, as probabilidades são de 2% de El Niño, 72% de neutralidade e 26% de La Niña. Já de junho a agosto, há 1% de chance de El Niño, 39% de neutralidade e 60% de La Niña. Em seguida, de agosto a outubro será: 1% de El Niño, 19% de neutralidade e 80% de La Niña.
Da em diante, o El Niño se manterá em 1% de probabilidade pelo menos até janeiro do próximo ano, enquanto a probabilidade de neutralidade diminui e aumenta a de La Niña. A maior probabilidade do La Niña será no período de outubro a dezembro, que marca o plantio da safra de verão, quando o fenômeno atingirá 86%.
Assim como aconteceu em 2023, a transição entre o El Niño e o La Niña ocorrerá de forma rápida, contudo, nesse ano será ao contrário, já que no ano passado o Lã Niña que deu lugar ao El Niño.
Mas, afinal, o que é o La Niña?
Caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental, o La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, impactando nos padrões de vento, precipitação e temperatura. “A última vez em que a La Niña esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai”, diz a MetSul.
Os efeitos do La Niña no Brasil variam de acordo com a região. Normalmente, o Sul do País costuma ter menos chuva, enquanto o Norte e o Nordeste têm um aumento das precipitações. Assim, o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul cresce, ainda que o fenômeno também possa trazer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.
Além disso, os efeitos do La Niña no Sul favorecem o ingresso de massas de ar frio, que podem ocorrer, inclusive, tardiamente no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. “Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul”, ressaltam os especialistas.
“Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra”, explicam. “O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás”, destacam os meteorologistas da MetSul.
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