O atual padrão nos modelos meteorológicos observados pelo Instituto Brasileiro de Meteorologia (Inmet), observando as condições de temperatura da superfície do oceano Pacífico equatorial, indica valores próximos da média climatológica. Ou seja, descaracteriza o fenômeno El Niño e sinaliza condições de neutralidade. Isso significa o fim do fenômeno que começou a agir sobre o hemisfério sul em junho de 2023.
Ainda que não aja um consenso entre os modelos meteorológicos, como ressalta a MetSul, a maioria das simulações de clima de longo prazo indicam condições de La Niña no Pacífico a partir de julho ou agosto.
O Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA indica 85% de chance que o Pacífico Equatorial evolua para uma condição de neutralidade no trimestre de abril a junho. Para entre maio e julho, as probabilidades são de 2% de El Niño, 72% de neutralidade e 26% de La Niña. Já de junho a agosto, há 1% de chance de El Niño, 39% de neutralidade e 60% de La Niña. Em seguida, de agosto a outubro será: 1% de El Niño, 19% de neutralidade e 80% de La Niña.
Do inverno em diante, a hipótese de El Niño se manterá em 1% de probabilidade pelo menos até janeiro do próximo ano, enquanto a probabilidade de neutralidade diminui e aumenta a de La Niña. A maior probabilidade do La Niña será no período de outubro a dezembro, que marca o plantio da safra de verão, quando o fenômeno atingirá 86%.
Assim como aconteceu em 2023, a transição entre o El Niño e o La Niña ocorrerá de forma rápida, contudo, nesse ano será ao contrário, já que no ano passado o Lã Niña que deu lugar ao El Niño.
Mas, afinal, o que é o La Niña?
Caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental, o La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, impactando nos padrões de vento, precipitação e temperatura. “A última vez em que a La Niña esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai”, diz a MetSul.
Os efeitos do La Niña no Brasil variam de acordo com a região. Normalmente, o Sul do País costuma ter menos chuva, enquanto o Norte e o Nordeste têm um aumento das precipitações. Assim, o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul cresce, ainda que o fenômeno também possa trazer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.
Além disso, os efeitos do La Niña no Sul favorecem o ingresso de massas de ar frio, que podem ocorrer, inclusive, tardiamente no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. “Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul”, ressaltam os especialistas.
“Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra”, explicam. “O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás”, destacam os meteorologistas da MetSul.
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