Os dois acusados de balear o motorista de aplicativo Enedir Wüst, 49 anos, durante assalto há quase um ano em Novo Hamburgo, foram absolvidos pela Justiça. Um deles, que estava foragido na época, confessou o crime e delatou o comparsa. Também admitiu que o revólver apreendido era a arma do latrocínio. No último sábado (22), a vítima morreu em razão das sequelas do tiro na cabeça.
O processo tramita em segredo de justiça na 2ª Vara Criminal de Novo Hamburgo. O juiz Guilherme Machado da Silva considerou os réus inocentes por “falta de provas contundentes”. A sentença, mantida sob sigilo, saiu em abril e está sendo recorrida no Tribunal de Justiça (TJ) pelo Ministério Público (MP). A ação penal também preserva os nomes dos réus, recolhidos por outros crimes e considerados assaltantes perigosos do Vale do Sinos.
Delegado reafirma convicção contra os indiciados
Responsável pelas prisões e indiciamento de HYAP, 26, e LJBC, 20, o titular da 3ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, Alexandre Quintão, prefere não comentar a decisão judicial, a que teve conhecimento pela reportagem. O delegado fala sobre as provas colhidas, principalmente com HYAP.
“Confessou de forma detalhada a prática do crime, admitiu que o revólver apreendido com ele era o usado no fato, disse o que fez antes e depois do latrocínio, descreveu a rota até Novo Hamburgo e a fuga, além de apontar o outro que a gente prendeu.”
O atirador já tinha cumprido pena por roubo e estava com mais 14 anos por tráfico pela frente. LJBC estava em liberdade provisória por assaltos e receptação. “Nosso trabalho foi feito, com responsabilidade, dentro da lei. Não vou comentar eventual decisão judicial, que respeito, mas jamais iria indiciar ou pedir a prisão de alguém se não tivesse provas suficientes.”
Vítima teria tentado escapar dos assaltantes
O crime aconteceu na Rua São Jerônimo, na esquina com a Rua Lajeado, no bairro Jardim Mauá, no fim da tarde de 7 de agosto de 2022, um domingo. Wüst, que trabalhava em um Onix branco, teria tentado escapar dos assaltantes, levou um tiro na cabeça e bateu em um muro. Os criminosos fugiram em um Ka verde. A vítima foi socorrida ao Hospital Municipal, passou por várias cirurgias e ficou 11 meses na luta pela vida.
Na manhã de 8 de setembro, os dois acusados foram presos pela 3ª DP hamburguense no bairro Vicentina, em São Leopoldo. HYAP em casa, na Rua Caetano Munhoz, onde os agentes apreenderam um revólver calibre 38, três quilos de maconha, meio quilo de cocaína, balança de precisão e um rádio na frequência da Brigada Militar.
“Ele confessou na minha frente e disse que era a arma do crime”, reitera o delegado. Na Rua Capitão Armindo Bier, os policiais prenderam o comparsa delatado pelo atirador. LJBC era o condutor do Ka usado no ataque à vítima. O carro estava com placas clonadas. O comparsa disse à Polícia que teria recebido o carro como pagamento de uma dívida e que, após o crime, o devolveu a um homem.
Depois do indiciamento da Polícia, a dupla foi denunciada em setembro do ano passado pelo MP, que não se manifestou, nesta segunda-feira (24), sobre a absolvição nem a respeito da apelação ao TJ. Mesmo com a sentença, os réus continuam presos por outros crimes.
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