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Jovem de Estância Velha cultiva amor de gerações por caminhão Fenemê e acumula milhões de visualizações nas redes sociais

Mateus Machado trocou um Celta pelo caminhão aos 19 anos. Desde então, conquistou milhares de seguidores

Dário Gonçalves
Publicado em: 17/08/2023 às 09h:00
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Um caminhão em que as portas abrem para trás, que possui dois câmbios de marchas e um ronco que pode ser ouvido a quilômetros de distância. Este é o Alfa Romeo “Fenemê”, modelo 1970, do morador de Estância Velha Mateus Machado, de 22 anos, conhecido como “Detido”. Nas redes sociais, Detido do Fenemê acumula milhares de seguidores e milhões de visualizações mostrando seu exótico caminhão, que segundo ele, é o único da região. Clique aqui e conheça a história da FNM no Brasil.

Detido do Fenemê acumula seguidores nas redes sociais | abc+



Detido do Fenemê acumula seguidores nas redes sociais

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Vindo de uma família de caminhoneiros, Detido, aos 19 anos, trocou seu Celta em 2020 pelo caminhão. O Fenemê é seu “carro de passeio”, e o amor pelo veículo é maior do que qualquer preço que já lhe ofereceram. A paixão transformou-se em conteúdo para a internet desde o primeiro dia, quando comprou o caminhão em Porto Alegre. “Eu fiquei um ano fazendo vídeos e postando no YouTube e consegui uns 20 mil inscritos. Então apareceu o Tik Tok e o primeiro vídeo que postei lá, bombou”, conta.

Seus perfis começaram a receber seguidores do mundo todo. “Eu ia dormir, e quando acordava, tinha mais 4 mil, no outro dia, mais 7 mil seguidores. E foi crescendo”, afirma. Atualmente, possui 270 mil seguidores no Tik Tok, 227 mil no Instagram e 81 mil no YouTube.

Portas que abrem para trás é uma das particularidades do caminhão | abc+



Portas que abrem para trás é uma das particularidades do caminhão

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Conteúdo

Os vídeos de Mateus mostram, com muito bom humor, a dificuldade de dirigir um caminhão com duas alavancas para trocar marchas. Na verdade, para ele, que começou a “dirigir” caminhões aos cinco anos com seu pai, não há dificuldade nenhuma, pelo contrário.

Entre os vídeos de maior sucesso, estão aqueles em que ele mostra que o Fenemê é um ótimo caminhão para dirigir sem que os motoristas mexam no celular. “Muitas vezes, você precisa trocar as marchas com as duas mãos, ou até com o cotovelo. O motorista pode até conseguir pegar o celular, mas dormir na estrada é impossível”, brinca.



 

Caminhões fazem parte da família

Os caminhões e, em especial os Fenemês, fazem parte da história familiar de Mateus. Seu tio-avô, mais de meio século atrás, já dirigia um destes caminhões. Anos mais tarde, o pai de Mateus, Nilton Machado, adquiriu o próprio FNM para trabalhar e sustentar sua família aos 19 anos.

Os anos passaram e “Machadinho” foi trocando de caminhão, mas Mateus sempre acompanhava de perto. “Comecei a dirigir os caminhões aos cinco anos, sentado no colo do meu pai”, relembra.


Mateus mostra a história da família com os Fenemês | Jornal NH



Mateus mostra a história da família com os Fenemês

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial


Ao deixar o cartório onde trabalhava em 2020, no início da pandemia, Mateus, também aos 19 anos, resolveu que era a sua vez de ter um Fenemê. Então saiu a procura pelo Rio Grande do Sul junto com seu pai.

“Como eles são raros, a gente que gosta costuma saber onde ainda existem esses caminhões. Em um único dia, meu pai e eu rodamos mais de 500 quilômetros em busca”, disse. Mas foi em Porto Alegre que ele encontrou aquele que viria a ser o seu caminhão. “Eu disse pro meu pai que se eu conseguisse comprar esse, eu estaria ‘grandão’. Ele era o melhor, mas também era o mais caro”, explica.

Mesmo com um preço alto, o negócio foi fechado. Mateus deu o seu Chevrolet Celta, assumiu mais algumas prestações e foi para casa com o Fenemê. O curioso desta história, é que o mesmo caminhão tinha uma antiga ligação com sua família.

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“Nós descobrimos que este FNM era de um antigo amigo do meu pai, eles trabalharam juntos em São Borja, mas depois perderam contato. Então este amigo faleceu e o caminhão chegou a ficar parado por cinco anos embaixo de uma árvore, até que os filhos resolveram vender”, finaliza.

Por tudo isso, Detido do Fenemê não se desfaz de seu xodó. Por onde passam, recebem acenos e olhares curiosos. E nas redes sociais, o sucesso só aumenta, principalmente entre apaixonados por veículos raros e antigos.



Primeiro caminhão fabricado no Brasil

“Fenemê” é o apelido para FNM, real nome do caminhão. A sigla são as iniciais da Fábrica Nacional de Motores, que uniu-se à Alfa Romeo em 1951, após o fim da Segunda Guerra Mundial, e deu início à produção do primeiro caminhão fabricado no Brasil.

Os caminhões eram muito úteis devido à capacidade de carregar cargas pesadas e andar por estradas em más condições.



Os Fenemês deixaram de ser fabricados em 1985 e, com o tempo, passaram a ser desmanchados, principalmente por conta de seu motor de alumínio. Por isso, hoje em dia, estes caminhões são raros e proporcionam nostalgia àqueles que vivenciaram sua época de ouro.

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