10 MORTOS
INCÊNDIO: "Noite aterrorizante", relatam moradores que escaparam com vida da pousada que pegou fogo em Porto Alegre
Casal que residia no local diz que nunca viu membros do poder público fiscalizando os prédios da Pousada Garoa
Última atualização: 26/04/2024 15:47
“Foi uma noite aterrorizante, a fumaça tomou conta de tudo e nos sufocou. O calor era muito forte, era muita gritaria e vi muita gente pulando do terceiro andar”. Esse é apenas um depoimento impactante de quem sobreviveu ao incêndio na Pousada Garoa, que deixou 10 pessoas mortas na madrugada desta sexta-feira (26), na Avenida Farrapos, em Porto Alegre.
O relato é do morador Marco Aurélio de Souza, 39 anos, que residia no local há pouco mais de um mês com a companheira, Terezinha Fátima Rodrigues Soares, 37. Conforme Souza, os momentos de terror vividos durante a madrugada jamais irão sair da sua memória. Ele conta que estava dormindo quando despertou com os gritos que vinham do prédio ao lado. Ele acordou a esposa e os dois saíram às pressas do local, que já estava tomado pela fumaça.
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No final da manhã, o casal retornou ao prédio para tentar resgatar alguns pertences, quando a irmã de Terezinha Fátima chegou ao local para resgatá-la. Abalada emocionalmente, a companheira de Souza não conseguiu falar. Ao ver a irmã, ambas se abraçaram e choraram.
“Não ia deixar ela morrer aqui”
Jorge Antônio Ferreira, 62, também morava na Pousada Garoa com a companheira Juliana Silva Dias, 43. Eles acordaram quando faltou luz no imóvel, e passaram a ouvir gritos de socorro. Ferreira saiu para tentar entender o que estava acontecendo e chegou a ajudar alguns hóspedes que estavam tentando escapar do prédio em chamas.
Quando o fogo alcançou proporção assustadora, Ferreira decidiu ir atrás da companheira para abandonar o local. “Me trancaram na porta, não queriam me deixar entrar. Mas enfrentei eles, não ia deixar ela [a companheira] morrer aqui. Foi uma tristeza, não gosto nem de lembrar”, recorda. Ferreira não conseguiu identificar quem tentou lhe impedir de retornar ao quarto.
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Quando entrou no prédio, ele conta que pegou a companheira pelo braço e deixou o local. O casal afirma que a moradia era insalubre e que nunca viram alguém do poder público fiscalizar o imóvel. “Isso aqui era só virado em lixo e baratas, só queriam nosso dinheiro, é uma vergonha. Nunca veio ninguém [da prefeitura fiscalizar a construção]”, garante.