Começou nesta semana o “Alô Serasa”, feirão de renegociação de dívidas que permite a retirada do CPF inadimplente da lista da dívida ativa no País. As opções são várias, desde presencialmente em qualquer agência dos Correios, pelo próprio aplicativo da Serasa, site ou pelo número 0800-591-5161. Além disso, mais de mil empresas parceiras da instituição também fornecem o serviço de renegociação de dívidas.
Em entrevista à Rádio ABC, durante o NH 10, a especialista em soluções da Serasa, Camila Cruz, disse que, no País, são cerca de 72 milhões de inadimplentes, que enfrentam problemas na hora de adquirir um bem ou quando necessitam de crédito. Para facilitar a retomada, uma das iniciativas tomadas pelo Serasa é de unir todo o valor renegociado em um único boleto para pagamento, independentemente do número de locais em que a pessoa possui alguma dívida.
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Camila reforça que pelo aplicativo ou site da Serasa também pode ser feita a renegociação. “No local, consegue verificar as suas pendências e pode optar pelo pagamento via Pix, com negativação retirada no ato, ou parcelado no cartão, se houver essa possibilidade”, destaca Camila. O serviço segue até sexta-feira (29).
Dados da região
Quase 700 mil inadimplentes em uma população aproximada de 2 milhões de pessoas na região. É isso que os dados do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa Experian, com base em setembro de 2024, trazem sobre a situação dos municípios de cobertura do Grupo Sinos (detalhes na tabela ao lado).
Os números seguem uma tendência nacional de elevação moderada, de acordo com o Serasa, e são formados por fatores econômicos como taxas de desemprego e de juros, inflação, além de fatores comportamentais, como a educação financeira. A inadimplência pode levar à matrícula do CPF na dívida ativa da Serasa. Ter o “nome sujo na praça” pode acarretar na restrição de crédito, dificultar a abertura de conta em banco, redução do limite do cartão de crédito, rompimento de negócios, dificuldade em alugar ou comprar um imóvel, impossibilidade de abrir um crediário em lojas físicas, dentre outras restrições.
Falta de crédito na prática
Um morador de Novo Hamburgo, que preferiu não se identificar, comentou das dificuldades que passa por estar com o nome inscrito na dívida ativa. “Meu cartão de crédito tá cancelado faz mais de dois anos. Fui usar uma vez e me informaram que estava bloqueado. Fui lá no banco e me falaram que tinha uma dívida em atraso, cerca de R$ 1 mil, mas que aumentou um monte.”
E os problemas não param por aí, chegando até a uma simples compra de produtos essenciais para a casa. “Estamos no SPC. Não conseguimos nem abrir um crediário em uma loja. Estamos usando o cartão de crédito da nossa filha para comprar rancho no mercado”, complementa.
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Dívidas por situações inesperadas
Proprietário de um mercado de Novo Hamburgo comenta que nunca teve o CPF inscrito na dívida ativa, mas que o CNPJ do seu empreendimento sim. “No início do empreendimento, sim. Lá por volta de 2010, ficamos inadimplentes. Conseguimos colocar tudo em ordem trabalhando. Não havia outra alternativa”, afirma o empreendedor, que também não quis se expor.
No entanto, pouco tempo depois, um incêndio atingiu o prédio do mercado. Como não tinham seguro, acabaram ficando com as contas atrasadas e levou tempo para que conseguissem colocar “tudo nos trilhos e voltar para a estaca zero”. “Conseguimos preencher os estoques com parcerias. Os próprios fornecedores assumiam a responsabilidade e forneciam os produtos para nós. Todos viraram amigos e hoje continuam vendendo para o mercado. Isso ajudou bastante”, complementa.
Tramandaí e Canoas se destacam negativamente
Entre os 43 municípios analisados, o caso que mais chama atenção é de Tramandaí. O município do litoral gaúcho com 54.387 habitantes, de acordo com o último censo demográfico do IBGE, de 2022, possui o maior percentual de inadimplentes em proporção ao número de habitantes. Do total, 23.427 moradores estão em inadimplência, o que representa 43,07%, quase metade da população.
Já Canoas, o mais populoso entre os municípios pesquisados, não está muito atrás de Tramandaí e apresenta uma taxa de inadimplência de 40,11%. Isso representa 139.466 dos 347.657 moradores, o maior contingente de devedores entre todas as cidades. Novo Hamburgo vem na sequência, com 80.734 inadimplentes, 35,46% dos 227.646 habitantes.
Na somatória, são 675.493 inadimplentes na região de cobertura do Grupo Sinos. A população total nesta área é de 1.925.824 moradores, o que representa 35,07% de inadimplência.
Cidades menos populosas apresentam índices melhores
Os dois municípios com as menores proporções de moradores inadimplentes em comparação com a população total são Santa Maria do Herval e São José do Hortêncio. Com 9,79% e 10,14% de inadimplência, respectivamente, possuem somados cerca de 11 mil habitantes, dos quais 1.092 estão inadimplentes.
Entre os municípios verificados, 14 possuem menos de 10 mil habitantes. Entre eles, o que apresenta o maior índice de inadimplência é Araricá, com 29,9% dos 8.825 habitantes inscritos na dívida ativa.
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