Pela oitava semana seguida, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central na elaboração do Relatório Focus elevaram a projeção, para este ano, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do País. A projeção é que o IPCA feche o ano em 5,78% e se mantenha em patamar semelhante em 2024.
O impacto da inflação e da consequente alta da taxa de juros para o trabalhador é negativo, explica o economista e professor da Universidade La Salle, Moisés Waismann. “Hoje temos a taxa Selic em 13,75%, uma das maiores do mundo. Isso é bom para quem empresta dinheiro para os bancos, ou seja, faz investimentos. Para o trabalhador comum, onera na hora de comprar até o básico”, afirma Waismann.
Canoas possui o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. “Comércio e serviços são essenciais para se ocupar essa posição positiva no ranking. As projeções de quanto será a inflação quando o ano acabar é uma espécie de bússola para que empresários e investidores. O que temos nesse momento é uma queda de braço entre o governo federal e o mercado financeiro”, aponta.
Waismann diz que o cenário econômico dos últimos anos e o atual não são favoráveis. “Se estivéssemos com pleno emprego, economia superaquecida e o consumo acelerado, teríamos um motivo mais plausível para o aumento da inflação, mas não é o caso”, justifica.
O economista explica que o reflexo será maior para as pessoas de baixa renda. “Os preços dos produtos sobem e gradativamente as vendas podem reduzir porque a demanda diminui, as pessoas deixam de comprar”, enfatiza. Para Waismann o remédio é amargo e faz com que a taxa de juros aumente. “Essa sinalização do mercado financeiro aponta que os agentes econômicos vão tomar medidas para se proteger para diminuir o risco de perder e isso pode ocasionar menos investimentos do setor privado”, ressalta.
Waismann não descarta a possibilidade de queda na projeção da inflação no próximo trimestre. Segundo ele, para isso acontecer é necessário um ambiente estável entre o governo e o mercado.
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Demanda versus oferta
O presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sergio Galbinski, diz que a inflação normalmente ocorre pelo desequilíbrio entre oferta e demanda. “Se existe mais demanda do que oferta os preços naturalmente aumentam, trazendo de volta o equilíbrio”, destaca. “O impacto do aumento de inflação no varejo pode ocorrer de diversas formas, aumento do aluguel, do salário e dos produtos vendidos”.
Redução de impostos e equilíbrio
O presidente da AGV defende que uma das formas de frear a inflação é aumentando os juros do Banco Central. “Isto faz com que os empréstimos para adquirir bens e serviços fiquem mais caros e que ocorram menos vendas, diminuindo o consumo e consequente a inflação”, afirma. Para Galbinski, o governo federal deve contribuir para reduzir a inflação. “Na guerra contra inflação seria essencial diminuir impostos para aumentar a oferta de produtos e trazer o equilíbrio sem aumento de preços”, conclui.
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