A relação de amor com a música sempre fez parte da história do empresário Jonatan Matheus Steffen, 29 anos. Morador de Bom Princípio, ele reside na rua que leva o nome do bisavô, Augusto Vicente Steffen.
Augusto era neto de Carlos Steffen, imigrante alemão que se instalou na colônia fundada por Guilherme Winter, o que deu origem a Winterschneiss, em 1846. Hoje é a Terra do Moranguinho.
Jonatan é integrante da Orquestra de Sopros de Bom Princípio Winterschneise Blaskapelle (WBK) há mais de 15 anos. O conjunto foi fundado em 1996 com repertório variado, passando pelo rock, MPB, trilhas de filmes, música latino-americana e música típica alemã.
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Inspiração veio da família
Sua entrada na orquestra foi por meio do pai Télio Vicente Steffen, falecido há quatro anos. Télio tocava surdo com uma bandinha típica e tuba com orquestras, sendo músico em Bom Princípio e em Linha Nova.
Apesar de o pai tocar um instrumento que é típico na formação das orquestras alemãs, Jonatan já demonstrava desde pequeno que a sua afinidade não era com os metais, mas com a percussão. “Eu sentava ao lado do pai no ensaio da orquestra e ficava virado para a bateria”, lembra.
A paixão pelas baquetas também tinha uma inspiração na família. Seu avô, Roque Telmo Steffen, era baterista e também tocava surdo nas bandinhas. “Eu até tentei tocar sopro, mas não deu certo”, diz.
Assim, em 2008 Jonatan fez sua primeira viagem para a Alemanha com a WBK na companhia do pai, tocando percussão. Em 2011 participou da segunda ida ao país europeu e, em 2014, teve a terceira apresentação em terras germânicas.
“Fazer churrasco no domingo ouvindo bandinha é uma lembrança que tem cheiro”
Com origem na imigração alemã nos dois lados da família, Jonatan tem como língua materna o Hunsrick. Foi aos 4 anos, quando passou a frequentar a escola, que começou a aprender a falar em português. “Eu fiz o jardim duas vezes”, lembra ele, pois tinha muitas dificuldades de se comunicar em “brasileiro”, como o pessoal do interior costumava dizer.
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Ainda falante do Hunsrik, conta que quando foi para a Alemanha conseguiu se virar. “O pessoal ajudava a completar as frases e foi”, conta. O empresário comenta que hoje não tem ninguém para falar em alemão com frequência, mas que quando tiver um filho pretende ensinar a criança, pois a língua está se perdendo.
De suas raízes, Jonatan fala com carinho da relação com a música, em especial com as bandinhas. Lembra do costume de fazer o almoço em família aos domingos com a trilha sonora que remonta à imigração alemã. “Fazer churrasco no domingo ouvindo bandinha é uma lembrança que tem cheiro”, brinca ele.
Aliás, assim como o pai e o avô, ele também toca surdo em bandinhas típicas e, no carro, quando está sozinho, costuma ouvir o gênero musical. Jonatan, neste momento ainda é baterista da Orquestra Municipal de São Sebastião do Caí e Orquestra Municipal de São Vendelino. A sua bandinha preferida na hora de tocar é um medley da banda Os Montanari.
Para Jonatan, além da música e da língua, ainda são heranças dos antepassados o modo comunitário, a construção das cidades e o compromisso com a organização. Ele trabalha com transporte e diz que os motoristas vindos da região Sudeste costumam falar “vocês moram bem aqui”
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