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BICENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO

IMIGRAÇÃO ALEMÃ: Elita mantém a fé e as histórias da família Führ

Aos 88 anos, moradora de Nova Vila escreve suas memórias para a posteridade

Moacir Fritzen
Publicado em: 25/07/2024 às 09h:29
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Num chalé na localidade de Nova Vila, em Presidente Lucena, vive Elita Führ Froehlich. Prestes a completar 89 anos de vida, a agricultora se dedica a preservar a história dos antepassados. De hábitos simples e uma lucidez invejável, a moradora escreve suas memórias e monta a sua árvore genealógica. Além do contato com familiares e amigos para coletar os dados, a experiência também é o estopim para rememorar as próprias vivências e de seus antepassados. “Vocês não acreditam. Quase me faltavam palavras para escrever”, destaca, ao falar sobre a emoção sentida ao colocar cada narrativa no papel.

Elita Führ Froehlich quer que as próximas gerações conheçam as suas origens | abc+



Elita Führ Froehlich quer que as próximas gerações conheçam as suas origens

Foto: Moacir Fritzen/GES-Especial

Ela se mantém ativa e lúcida. “Ainda faço crochê, tricô e bordado. E gosto muito de ler”, afirma. Afável, ela faz questão de incluir cada visitante em suas orações diárias. “Já são mais de 40 pessoas”, conta.

Elita é mãe, avó e bisavó. Criada em Picada Feijão, em Ivoti, hoje é a única filha do casal Jacob Führ e Carolina Orth Führ que ainda vive – era a caçula. Teve pais, avós,bisavós, trisavós, tetravós… De cada um, ela guarda alguma lembrança e faz questão de narrar os fatos com exatidão.

Sobre a mãe Carolina, enfatiza que era uma mulher muito trabalhadora, zelosa com a família e a vizinhança. “Era a primeira a acordar e levantar. Ia tirar leite da vaca e preparava o café da manhã. Depois, pegava a mala de garupa e caminhava três quilômetros para ajudar o meu pai na roça. Chegava lá quando ainda era escuro, nem havia amanhecido. Depois, voltava no breu da noite para casa”, conta. Muito prestativa, fazia questão de ajudar quando alguém enfrentava algum problema de saúde.

Sobre a avó Elisabetha Lauermann Führ, revela que era uma excelente parteira. “Realizou cerca de 200 partos e nenhuma mulher morreu nas mãos dela”, conta Elita.

Excelentes conversas

Assim como a maioria dos agricultores, Elita mantém o hábito de acordar cedo e recepcionar muito bem a todos. E foi assim em agosto do ano passado, quando recebeu a visita do vitivinicultor Blasio Alberto Bervian, num sábado pela manhã. As famílias de ambos são vizinhas há gerações. Havia muitas informações para trocar e o bate-papo rendeu várias descobertas. “Eu gosto muito dela”, enfatiza Bervian.

Elita durante bate-papo com Blasio Alberto Bervian | abc+



Elita durante bate-papo com Blasio Alberto Bervian

Foto: Moacir Fritzen/GES-Especial

Religiosidade e apego familiar ao longo de toda a vida

Após casar, Elita morou cerca de três anos na casa do sogro e da sogra. Depois, se mudou para o endereço onde permanece até hoje, na margem da estrada que liga Ivoti e Presidente Lucena. “Estou aqui (na casa) há mais de 60 anos. Meus pais tinham 30 hectares de terras. Eu comprei um pouco e herdei também. Fiquei com seis hectares”, destaca a mulher, que mora na mesma propriedade praticamente por toda a vida. “Era numa ponta do lote (Picada Feijão) e hoje fica na outra (Nova Vila)”, explica.

Muito religiosa, chegou a estudar no Colégio Santa Catarina em Novo Hamburgo, mas as dores nos joelhos a impediram de seguir a vida religiosa. “Havia muitas escadas para subir e descer”, conta.
Mesmo não tendo se tornado uma freira, ela jamais abandonou a fé. Reza com assiduidade e não esquece de todos os entes queridos.

Testemunha dos principais fatos das comunidades de Nova Vila e Picada Feijão, Elita tem uma memória invejável e recorda onde cada família morava há décadas. Lembra de acontecimentos, nomes e datas com extrema precisão. Sabe quem descende de qualquer um dos seus antepassados. Vizinhos atuais e antigos também são nominados com sentimentos de amizade e gratidão.

Elita teve cinco irmãos (Alípio, Egídio, Inácio, Odilo e Seno) e quatro irmãs (Estefânia, Leocádia, Maria e Zita).

O marido já é falecido e a família sempre será o seu alicerce. Ela valoriza muito seus descendentes e sente orgulho dos valores morais que repassou a cada um deles.

Não é de fazer muitas queixas. Ainda mantém autonomia e mora sozinha. Para se locomover, agora recorre a um andador, com o qual demonstra habilidade. “Se eu preciso de ajuda, meus filhos moram bem perto.”

De pé, da esquerda para a direita, aparecem Seno, Inácio, Odilo, Zita e Egídio. Abaixo estão Maria, Alípio, Carolina Orth Führ, Elita, Jacob Führ, Leocádia e Estefânia | abc+



De pé, da esquerda para a direita, aparecem Seno, Inácio, Odilo, Zita e Egídio. Abaixo estão Maria, Alípio, Carolina Orth Führ, Elita, Jacob Führ, Leocádia e Estefânia

Foto: Arquivo Pessoal

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