INVESTIGAÇÃO
IGP cria força-tarefa para analisar provas de denúncias contra o médico João Couto Neto
Cirurgião de Novo Hamburgo é investigado pela Polícia Civil por suspeita de causar lesões e mortes de pacientes
Última atualização: 23/01/2024 11:46
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) criou uma força-tarefa nesta quarta-feira (8) para analisar as provas de perícias referentes a denúncias contra o médico João Batista Couto Neto. O cirurgião de Novo Hamburgo foi afastado das atividades por determinação da Justiça.
Ele é investigado pela Polícia Civil por suspeita de causar lesões em 15 pacientes. O inquérito policial aponta, ainda, que cinco pessoas morreram após intervenções feitas por Couto.
Ao todo, mais de 100 pacientes registraram queixa contra ele.
Conforme o IGP, "dez peritos médicos-legistas vão analisar documentos, como prontuários e exames médicos das vítimas fatais, além de realizar perícias físicas e psíquicas nos sobreviventes que formalizaram as denúncias". Os trabalhos tiveram início imediato. Devido à complexidade, o instituto diz que não há prazo para o término das atividades.
Inquérito criminal em andamento
Desde que as primeiras denúncias contra Couto vieram à tona, o número de pessoas que se dizem vítimas do médico só aumentou. O inquérito criminal, comandado pelo delegado Tarcísio Kaltbach, já tem 114 ocorrências contra o cirurgião. Mais de 80 pessoas foram ouvidas durante as investigações.
Kaltbach diz que ainda não é possível determinar um prazo para o encerramento do inquérito, já que dependerá justamente de outros órgãos, como o IGP.
Mas mesmo antes do encerramento do inquérito criminal, as famílias acionaram Couto na área cível. Mais de 50 ações contra o médico já foram protocoladas.
Familiares e vítimas cobram ações do Cremers
Um grupo de familiares de pacientes de João Couto estiveram em Porto Alegre na quarta-feira (8) para cobrar ações do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).
"Pedimos que o Cremers tomasse uma ação pró-ativa", conta Carlos Diego de Oliveira, filho de uma dos pacientes que faleceu após cirurgia feita pelo investigado. Na avaliação dele, a reunião foi pouco produtiva.
A ideia inicial do grupo era entrar com uma ação coletiva. Entretanto, três representantes do órgão orientaram a abertura de processos individuais.
Além de entrar com novos processo, os familiares cobram a reabertura de casos antigos já julgados pelo Cremers.
O que diz o Cremers
Corregedor do Cremers, Carlos Isaia Filho, afirma que o Conselho fará contato com os familiares das vítimas nos próximos dias. Segundo ele, isso não havia sido possível antes porque ainda não havia sido disponibilizado o nome dos envolvidos.
De acordo com Isaia, Couto já responde a um processo no Cremers e ainda há duas outras sindicâncias abertas para investigar o médico. "Mas não são de fatos relacionados a esses colocados agora", afirma.
Couto já foi suspenso pela Justiça, mas para que o Cremers tome uma atitude é preciso que os processos sejam abertos no próprio Conselho. Em relação a processos passados, Isaia diz que eles só podem ser reabertos caso surjam fatos novos ou novas denúncias
Operação da Polícia Civil
No dia 12 de dezembro, a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão contra o cirurgião João Batista Couto Neto. As ações em Novo Hamburgo foram feitas na casa do médico, no consultório e no Hospital Regina, onde realizava os procedimentos.
Na ocasião, o médico de 46 anos foi intimado pela Justiça a não operar por 180 dias.
Couto se manifestou dizendo que as acusações eram injustas. "A morte e a doença infelizmente fazem parte da minha profissão. Pautei toda minha vida profissional com ética e respeito aos meus pacientes."