INVESTIGAÇÃO

IGP cria força-tarefa para analisar provas de denúncias contra o médico João Couto Neto

Cirurgião de Novo Hamburgo é investigado pela Polícia Civil por suspeita de causar lesões e mortes de pacientes

Publicado em: 09/02/2023 09:51
Última atualização: 23/01/2024 11:46

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) criou uma força-tarefa nesta quarta-feira (8) para analisar as provas de perícias referentes a denúncias contra o médico João Batista Couto Neto. O cirurgião de Novo Hamburgo foi afastado das atividades por determinação da Justiça.

Ele é investigado pela Polícia Civil por suspeita de causar lesões em 15 pacientes. O inquérito policial aponta, ainda, que cinco pessoas morreram após intervenções feitas por Couto. 

Ao todo, mais de 100 pacientes registraram queixa contra ele.

Policiais civis intimaram médico em casa em dezembro do ano passado Foto: Reprodução

Conforme o IGP, "dez peritos médicos-legistas vão analisar documentos, como prontuários e exames médicos das vítimas fatais, além de realizar perícias físicas e psíquicas nos sobreviventes que formalizaram as denúncias". Os trabalhos tiveram início imediato. Devido à complexidade, o instituto diz que não há prazo para o término das atividades.

Inquérito criminal em andamento

Desde que as primeiras denúncias contra Couto vieram à tona, o número de pessoas que se dizem vítimas do médico só aumentou. O inquérito criminal, comandado pelo delegado Tarcísio Kaltbach, já tem 114 ocorrências contra o cirurgião. Mais de 80 pessoas foram ouvidas durante as investigações.

Kaltbach diz que ainda não é possível determinar um prazo para o encerramento do inquérito, já que dependerá justamente de outros órgãos, como o IGP.

Mas mesmo antes do encerramento do inquérito criminal, as famílias acionaram Couto na área cível. Mais de 50 ações contra o médico já foram protocoladas.

Familiares e vítimas cobram ações do Cremers

Um grupo de familiares de pacientes de João Couto estiveram em Porto Alegre na quarta-feira (8) para cobrar ações do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).

"Pedimos que o Cremers tomasse uma ação pró-ativa", conta Carlos Diego de Oliveira, filho de uma dos pacientes que faleceu após cirurgia feita pelo investigado. Na avaliação dele, a reunião foi pouco produtiva.

A ideia inicial do grupo era entrar com uma ação coletiva. Entretanto, três representantes do órgão orientaram a abertura de processos individuais.

Além de entrar com novos processo, os familiares cobram a reabertura de casos antigos já julgados pelo Cremers.

O que diz o Cremers

Corregedor do Cremers, Carlos Isaia Filho, afirma que o Conselho fará contato com os familiares das vítimas nos próximos dias. Segundo ele, isso não havia sido possível antes porque ainda não havia sido disponibilizado o nome dos envolvidos.

De acordo com Isaia, Couto já responde a um processo no Cremers e ainda há duas outras sindicâncias abertas para investigar o médico. "Mas não são de fatos relacionados a esses colocados agora", afirma.

Couto já foi suspenso pela Justiça, mas para que o Cremers tome uma atitude é preciso que os processos sejam abertos no próprio Conselho. Em relação a processos passados, Isaia diz que eles só podem ser reabertos caso surjam fatos novos ou novas denúncias

Operação da Polícia Civil

No dia 12 de dezembro, a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão contra o cirurgião João Batista Couto Neto. As ações em Novo Hamburgo foram feitas na casa do médico, no consultório e no Hospital Regina, onde realizava os procedimentos.

Na ocasião, o médico de 46 anos foi intimado pela Justiça a não operar por 180 dias.
Couto se manifestou dizendo que as acusações eram injustas. "A morte e a doença infelizmente fazem parte da minha profissão. Pautei toda minha vida profissional com ética e respeito aos meus pacientes."

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