ENVELHECIMENTO ATIVO
Idosos retornam às salas de aula como uma forma estimular a socialização e longevidade
"Traz vida, vitalidade para a gente", diz Nadir Ott, de 86 anos, participante do programa promovido pela UCS, em Canela
Última atualização: 29/02/2024 08:22
A cada ano, a expectativa de vida no Brasil aumenta. Os dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no Estado, os homens vivem até os 73,7 anos e as mulheres, 80,6 anos. Isso significa que é preciso olhar para a população idosa e, principalmente, buscar mecanismos para um envelhecimento ativo e saudável.
Uma das propostas de socialização é o programa UCS Sênior, promovido no campus da Região das Hortênsias da Universidade de Caxias do Sul. Com a missão de unir educação e longevidade, os idosos retornam às salas de aula.
Toda terça-feira à tarde, cerca de 20 idosos têm compromisso marcado para manter o cérebro ativo. Este é o nome da disciplina ministrada pela fisioterapeuta com mestrado em acessibilidade e inclusão social, Marina Siota. Atuando desde 2015, ela conta que a ideia principal dos encontros é que os idosos aprendam e troquem conhecimentos de uma maneira leve e divertida.
"A gente busca trabalhar com eles muito a questão cognitiva, de raciocínio lógico e capacidade de discernimento. Incentivamos à neuróbica, que é escrever com outra mão, procurar vir para a aula por um caminho diferente", descreve a professora. "Eu chamo de ressignificado de vida porque eles têm um motivo para sair de casa, ficam arrumados. Além de ter o processo de aprendizagem, existe a troca de experiências, que é fantástica", frisa a docente.
A amizade formada vai além do ambiente acadêmico e o grupo sempre faz um passeio diferente. Juntos, conheceram o Vale dos Vinhos e o Instituto da Longevidade, em Veranópolis. "Com isso, despertamos o potencial de cada um de modo individual e também em grupo", pondera Marina.
"Isso aqui é maravilhoso"
Inge nasceu na Alemanha e mora na região há mais ou menos 30 anos. Depois da perda do marido e a distância geográfica dos filhos, ela diz que sentia falta de companhia. "Eu gosto de gente e me sinto muito bem nas aulas. Também fiz aulas de alfabetização digital para aprender a mexer no celular. Sempre converso com meus filhos pela Internet, temos que estar atualizadas", brinca.
Nadir, também conhecida como Nadir da CRT, já que ela atou por anos na Companhia Riograndense de Telecomunicações, afirma que sempre se manteve ativa e esse é o conselho para as gerações mais jovens. "Temos que manter a cabeça ocupada. Sempre tive a minha horta, meu jardim. Agora eu preciso de ajuda porque o corpo não acompanha mais o ritmo, mas não deixo de fazer", pondera.
"Logo que eu soube das aulas eu me interessei e comecei a vir. É maravilhoso estar aqui, traz vida, vitalidade para a gente. Na nossa idade, além de não ter muita coisa para fazer, a gente não consegue fazer muita coisa, então é bom ter algo pensado especialmente para nós", salienta.
Sábados Memoráveis
Voluntária no projeto, a professora de yoga Milena Fávero reforça que as reuniões alinham informação com práticas para o dia a dia de todos que querem prevenir a doença ou para auxiliar aqueles que têm familiares com esse desequilíbrio.
Os encontros mensais deste ano, gratuitos e abertos ao público, serão organizados pela psicóloga Cláudia Santana. Ainda não há datas e locais definidos. Os eventos são divulgados nas redes sociais, em
@projetocerebroemacao