abc+

DA REGIÃO

IA: Candidato ao maior prêmio de literatura discorda da desclassificação por uso de inteligência artificial; veja o que ele disse

Editora de Dois Irmãos que ilustrou livro com inteligência artificial e foi desclassificada dos semifinalistas do Prêmio Jabuti comenta sobre o ocorrido

Giordanna Vallejos
Publicado em: 27/11/2023 às 13h:34 Última atualização: 27/11/2023 às 13h:35
Publicidade

O debate sobre inteligência artificial ganha protagonismo no Prêmio Jabuti, com a desclassificação de uma obra ilustrada pelo designer Vicente Pessôa, do Clube de Literatura Clássica, uma editora da cidade de Dois Irmãos.

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) tomou a decisão de desclassificar a edição de “Frankenstein”, que estava entre os semifinalistas da categoria Ilustração do Prêmio Jabuti. O motivo foi a utilização de inteligência artificial (IA) na criação das imagens, mais especificamente, do programa MidJourney.

Capa do livro "Frankenstein", que estava entre os semifinalistas | Jornal NH



Capa do livro “Frankenstein”, que estava entre os semifinalistas

Foto: Clube de Literatura Clássica

Editora afirma que uso de IA não foi ocultado

“Na inscrição não tinha nenhum campo para preencher, que pudéssemos indicar que havia o uso de inteligência artificial. Mas no livro, que enviamos para eles, constava o uso do MidJourney, inclusive esse foi o primeiro livro completamente ilustrado por IA, com ampla divulgação pública deste fato”, revela Lorenzo Fioreze, sócio e diretor de marketing do Clube de Literatura Clássica.

Uso de IA nas produções será debatido pela CBL

A obra, que agora se encontra fora da corrida pelo Prêmio Jabuti, gerou um intenso debate sobre a fronteira entre a criatividade humana e a intervenção tecnológica. A resposta da CBL, emitida por nota, mencionou que a desclassificação se deu por falta de previsão no regulamento e que a discussão sobre o uso de IA nas produções artísticas será tema para as próximas edições do prêmio.

Debate filosófico

“Eu entendo que é um debate filosófico, mas discordo da desclassificação, pois é uma técnica artística. Os comandos que o Vicente teve que usar, requerem amplo conhecimento de design, história da arte, da própria história que estava sendo ilustrada. O MidJourney é apenas uma ferramenta, como o photoshop também é”, argumenta Fioreze, expressando a perspectiva da editora.

A decisão da Câmara Brasileira do Livro, em meio a um cenário global de debates sobre os direitos autorais no contexto da IA, coloca em xeque não apenas a obra em questão, mas também o papel do artista na era digital. Conforme a CBL, o Prêmio Jabuti, em suas futuras edições, promete trazer respostas para essa indagação, enquanto o embate entre a arte tradicional e a inovação tecnológica continua a moldar o panorama cultural contemporâneo.

Destacando a complexidade da questão, Lorenzo encerra com a sua perspectiva sobre o tema. “Não faz sentido criar uma categoria nova para obras com IA. O que precisa é ser reconhecido o papel do artista, que é conceber a arte e usar as técnicas que ele tem ao seu dispor, e isso inclui a inteligência artificial. Existe uma confusão sobre o que é, de fato, o trabalho artístico”, conclui.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade