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FÉ EM MEIO À CATÁSTROFE

Hóstias intactas após a enchente reforçam a fé na reconstrução de paróquia de São Leopoldo

Igreja do bairro Rio dos Sinos foi atingida pela inundação e padre encontrou sacrário boiando em meio aos destroços

Priscila Carvalho
Publicado em: 29/05/2024 às 11h:51 Última atualização: 29/05/2024 às 12h:08
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Ainda que não seja considerado fora do comum pelo padre Flávio Corrêa de Lima, um fato observado na sua paróquia, a Santo Inácio, do bairro Rio dos Sinos, em São Leopoldo, repercutiu entre os fiéis nos últimos dias.

A igreja – assim como o seu ginásio, que servia de abrigo para desalojados – foi tomada pela água no sábado, 4 de maio. “Às 5h30 a água começou a subir. Entre 7 e 8 horas, a rua já estava cheia. Tínhamos 250 pessoas abrigadas no ginásio, tivemos todos que sair correndo”, contou o pároco.

Fortemente atingido pela enchente, o local teve todos os bancos, sacristia, microfones, mesa de som, vasos, entre outros espaços tomados pela água. “Inundou tudo. Deu 2 metros de inundação dentro da igreja”, afirmou padre Flávio.



“Não entendo como milagre”

Foi quando a água baixou e o religioso pôde entrar na igreja, na quarta-feira (22), que veio a surpresa. Com ajuda de integrantes da paróquia, ele conseguiu levantar um armário e achar a chave do sacrário. Ao abri-lo, quase 20 dias depois, achou as hóstias – que representam o corpo de Cristo, na religião católica – secas.

“O altar-mor, onde fica o sacrário, escorregou e caiu para trás, ficou boiando na água. Quando fui abrir ele, não havia água nenhuma. As hóstias, depois desse tempo todo, ficaram intactas, como se fossem consagradas nesse momento. Sem mofo, nem umidade”, destacou.

“O sacrário é todo feito de madeira, no estilo gótico, e tem mais de 100 anos de idade. Foi feito em São Leopoldo e estava na capela do Colégio São José. Foi passado para nós anos atrás”, relatou Flávio.

“Não acho que tenha nada de extraordinário, nem entendo como milagre. Acho que foi uma coisa natural. Felizmente, as hóstias não foram perdidas. Fico feliz por isso, mas não acho que seja algo extraordinário”, comentou ele, contando que, à exceção de uma, todas as imagens de santos da igreja, também restaram inteiras, apesar da destruição do local.

Campanha foca em recuperação e ajuda às famílias

O caso das hóstias intactas, porém, chamou a atenção de devotos e se espalhou por outras paróquias. Ainda mais porque a Paróquia Santo Inácio foi uma das mais atingidas pela enchente em São Leopoldo.

“Tivemos oito comunidades atingidas, ou seja, 100% da área territorial da paróquia. Não temos mais nada na secretaria, a casa paroquial está vazia, perdemos todos os utensílios e equipamentos da oficina de padaria e confeitaria, e, provavelmente, todas as máquinas do curso de corte e costura. Vamos tentar ainda recuperar fogão, forno elétrico, freezer. As cestas básicas que distribuiríamos para famílias necessitadas, perdemos todas. É muito triste isso”, lamenta padre Flávio.

Por isso, a paróquia lançou uma campanha para recuperar suas igrejas e ajudar diretamente famílias atingidas. Quem quiser colaborar, pode contribuir com qualquer valor via Pix. A chave é o CNPJ 90831660002231 (aparece o nome Mitra da Diocese de Novo Hamburgo, mas refere-se ao Pix da paróquia).

Corpus Christi será diferente

Com toda a calamidade sofrida, a celebração de Corpus Christi, nesta quinta-feira (30), será diferente na Paróquia Santo Inácio, com entrega de doações e ajudando pessoas atingidas pela enchente. “Vamos passar o dia todo atendendo as pessoas. Esse será nosso Corpus Christi. O corpo de Cristo no corpo de cada pessoa necessitada”, concluiu padre Flávio.

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