EMPODERAMENTO
Mulheres se destacam na produção rural em Gramado
Família Wagner é exemplo de protagonismo feminino e resiliência; conheça a história
Última atualização: 18/10/2024 11:36
No plantio, na colheita, na produção. A representatividade das mulheres no campo como comandantes de seus próprios negócios tem crescido ano a ano. No meio rural, o papel feminino é considerado essencial para a segurança alimentar e desenvolvimento sustentável, tendo olhar para a preservação do meio ambiente.
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Para destacar essa importância, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 15 de outubro como Dia Internacional da Mulher Rural. Em uma busca por desenvolvimento profissional, independência financeira e protagonismo, elas estão ocupando espaços no mercado de trabalho, seja na cidade ou no interior.
Exemplo disso é a família Wagner, que possui uma propriedade na Linha 15 de Novembro, em Gramado. Por lá, as mulheres são responsáveis por diversas etapas na condução dos negócios. Através de muita pesquisa e estudo, morangos, mirtilos, uvas e framboesas são algumas das culturas plantadas.
Ivani, de 64 anos, e as filhas Roseli, 38, e Rosangela, 28, administram a produção das diferentes culturas. É dos 4 hectares de terra que elas tiram o sustento, em um trabalho diário. As três até tiveram empregos na área urbana, mas optaram por seguir no interior.
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Há cerca de 40 anos, Ivani e o marido Luiz moram na localidade. Sempre atuaram com plantio para venda e consumo próprio. Uma das principais culturas por anos foi a framboesa. Pelo clima mais frio da área, iniciaram um teste com menos de dez mudas. E deu certo.
“Quando os filhos eram pequenos, eles nos ajudavam a colher. Teve uma época que a gente recebia turistas que vinham conhecer a plantação”, recorda. E Ivani nunca se acomodou, lembra que já foi até Porto Alegre para oferecer as frutas em uma rede de supermercados. Foi assim que conquistaram uma fiel clientela.
Os melhores meses da colheita da framboesa são entre novembro e abril. Em 2023, a safra rendeu mais de mil quilos da fruta. “É difícil cultivar porque, se chove muito, a gente tem perdas. Os frutos começam a apodrecer. Depois que a gente colhe, congelamos para não perder”, ressalta a agricultora.
A produção é vendida para restaurantes e também na feira realizada na Praça das Etnias, nos sábados pela manhã.
“A gente não termina de aprender nunca”, diz produtora
Como queria dar continuidade ao trabalho da família e permanecer no meio rural, Roseli foi se inspirar em outras propriedades para conhecer as produções. Há pouco mais de 15 anos, ela começou com as uvas. O parreiral, hoje, conta com seis variedades. A maior parte vendida in natura, mas também transformada em geleia artesanal.
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É dela a missão de cuidar de todas as etapas – do plantio até a venda. Para a produtora, é preciso ter persistência. “No início foi bem difícil. As frutas não vinham, a gente não via o resultado. Quase desisti”, afirma.
Tendo como premissa a busca por conhecimento, Roseli decidiu cobrir as parreiras, foi então que o resultado começou a aparecer. “A gente não termina de aprender nunca, sempre tem como melhorar”, declara ao afirmar que sempre participa de capacitações para aperfeiçoar o trabalho.
Para a colheita do próximo ano, a expectativa é ter um resultado melhor do que neste, quando foram colhidos mil quilos da fruta. “Mas o clima influencia muito, temos sempre que estar de olho nas intempéries”, aponta.
Para agregar valor e também reduzir desperdícios, há quatro anos, ela criou a agroindústria Família Wagner. As geleias das frutas produzidas na propriedade são vendidas principalmente em feiras, que ajudam a complementar a renda e fazer com que a marca seja conhecida por mais pessoas. Por causa disso, já despacha pedidos para outros Estados do Brasil.
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Acompanhamento diário
Dentre as mais difíceis culturas, a família aponta para o cultivo do morango. É necessário um acompanhamento diário para evitar a proliferação de pragas. Assim como a irmã, Rosangela também teve que repensar a forma de produção.
Junto com o marido Everton da Silva, eles começaram o plantio da fruta há seis anos diretamente no chão. Após muitos estragos, decidiram elevar os pés. “Melhorou muito. Direto no chão, a gente não consegue controlar porque o solo encharca se chove muito. E fica muito mais fácil também de trabalhar”, aponta.
Everton é biólogo e fica com os cuidados das plantas. Enquanto isso, Rosangela o auxilia com as demandas e também é quem faz as entregas dos produtos.
Prontas para recomeços
Ivani pondera que no campo é sempre preciso estar pronta para recomeçar. “Plantamos e se não dá certo, nós arrancamos tudo, pegamos outras mudas e começamos de novo”, atesta.
Para Roseli, o equilíbrio também é importante para quem quer empreender no campo. “Temos picos, porque às vezes as coisas dão certo, mas as vezes o clima não ajuda. Tem que ter esse equilíbrio de controlar o financeiro e o emocional. Se perder a safra de um ano, só no outro para recuperar”, completa.
Com a proposta de ampliar os negócios, a família quer começar a receber grupos de turistas na propriedade. Pretendem iniciar o planejamento após a conclusão da pavimentação na estrada principal que leva ao local, que deve ocorrer nos próximos meses.