GRAMADO

TEMPORAL: Filha morreu ao tentar salvar mãe idosa quando casa foi soterrada por morro; "achei que ia morrer", diz sobrevivente do desastre

Vítima de 51 anos voltou para dentro da residência para retirar a mãe de 86 do local; neta lamenta e diz que foi tudo muito rápido

Publicado em: 19/11/2023 16:49
Última atualização: 23/11/2023 19:51

Uma comunidade de luto e tentando entender a tragédia que matou mãe e filha, na Linha Marcondes Baixa, em Gramado, localidade que fica no limite com Santa Maria do Herval.

As duas vítimas foram soterradas quando a casa em que elas moravam desabou, por causa do temporal que atingiu a região no sábado (18).

Elisabeta Maria Benisch Ponath tinha de 51 anos e a mãe dela, Lidovina Benisch, 86 Foto: Acervo pessoal

Os corpos de Elisabeta Maria Benisch Ponath, de 51 anos, e Lidovina Benisch, de 86 anos, foram retirados dos escombros pela guarnição do Corpo de Bombeiros cerca de uma hora depois que a equipe chegou ao local. Conforme o órgão, constatou-se que a casa deslocou cerca de 4 metros devido o deslizamento de terra.

Débora Caroline Benisch, de 32 anos, estava na residência no momento do desabamento. Ela, que perdeu a mãe e a avó no acidente, conta que a família morava no local desde 1996 e que nunca tinham percebido nenhum risco.

Ela estava tomando um chá após o almoço, quando escutou um forte barulho. Quando olhou para fora da janela, viu que o paiol que existia próximo da casa estava prestes a cair. “Chamei meu padrasto, a gente saiu de dentro de casa e vimos o morro desabando”, relembra Débora.

“Nós corremos e a mãe retornou para salvar a vó. Também tentei voltar, mas só consegui correr para me salvar. Achei que ia morrer. É tudo muito rápido, em um estalar de dedos”, relata.

Deslizamento deixou mãe e filha mortas em Gramado Foto: Corpo de Bombeiros de Gramado

Em questão de segundos, a estrutura estava no chão. Elisabeta e Lidovina não conseguiram sair a tempo e ficaram soterradas. O barulho chamou a atenção dos vizinhos que foram prestar socorro. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 12h40.

“Perdemos tudo”, lamenta Débora. Ela e o padrasto estão na casa de parentes no bairro Várzea Grande, em Gramado.

“Sempre vou me lembrar da determinação da minha mãe e do incentivo que ela me deu para eu voltar a estudar. Tenho síndrome no pânico e ela estava sempre ao meu lado. A vó era alegre, espontânea. Apesar de ser muito triste o que aconteceu, vou procurar me alimentar de lembranças boas”, afirma.

Elisabeta era auxiliar de limpeza em uma loja de roupas em Gramado, a mesma em que Débora, que é filha única, atua como serviços gerais. Lidovina teve seis filhos e deixa também netos, bisnetos e irmãos.

Os corpos das vítimas estão sendo velados na capela Nossa Senhora da Purificação, na Linha Marcondes Baixa. O sepultamento está marcado para 18 horas, no cemitério da localidade. 

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