EM ESTUDO

Teleférico pode ser instalado para unir os parques dos Pinheiros e Orquídeas

Uma das contrapartidas para construção de um empreendimento de luxo na Vila Suíça, em Gramado, é a criação do Plano de Manejo para a área de preservação ambiental

Publicado em: 23/12/2022 03:00
Última atualização: 28/06/2024 12:18

A construção de um novo resort de luxo em Gramado foi anunciada. Está previsto para entrar em operação, no segundo semestre de 2025, o W Escapes Gramado - Hotel & Residences, integrante da Marriott, rede que conta com 7 mil hotéis no mundo.

Empreendimento da rede Marriott terá investimento de R$ 300 milhões e obras devem iniciar em junho de 2023 Foto: W Escapes Gramado/Divulgação
O empreendimento terá hotel e apartamentos privados (não multipropriedade) e, conforme o CEO, Cristiano Cruz, já existe uma lista de espera de clientes.

A construção será em meio à Vila Suíça e possuirá como infraestrutura clube com piscinas cobertas e espaço fitness com vista para a mata, além de lareiras externas e um bar com palco para pocket shows. "Será o primeiro hotel de Gramado com sistema de funcionamento 24 horas por dia nos sete dias da semana", salienta Cristiano.

De acordo com a rede, o projeto, do arquiteto Gui Mattos, teve como inspiração as casas históricas construídas na época da colonização de Gramado. O investimento previsto é de R$ 300 milhões, ocupando 32 mil metros quadrados de área construída, com previsão de início das obras para junho de 2023.

 

Contrapartida

Duda Tedesco Foto: Divulgação
Para a liberação das licenças para a obra, o empreendimento precisará elaborar o Plano de Manejo do Parque das Orquídeas, como uma das contrapartidas ao impacto causado pela construção. Esse processo será realizado pelo Instituto E, uma organização de interesse público e com a missão de promover o desenvolvimento sustentável. O instituto inicia o trabalho assim que a licença do hotel for emitida, o que é previsto para janeiro, e deve concluir o plano em um ano.

Quem participará desse processo é o ambientalista e gestor de projetos da organização, Duda Tedesco. Após uma atuação de cerca de três meses, ele elaborou um diagnóstico do Parque das Orquídeas e afirma que para que seja viável essa estruturação, o Parque dos Pinheiros também precisa fazer parte do projeto, criando-se uma ligação entre as duas unidades.

"Precisamos fazer com que os dois parques se tornem uma coisa só. Com o diagnóstico que a gente executou, vimos que não existe uma riqueza tão grandiosa no Parque das Orquídeas como estamos acostumados com a Mata Atlântica. Tem muita pedra, uma vegetação bonita, mas nada de riqueza natural", frisa.

Segundo o ambientalista, uma das propostas será para que as áreas, ligadas por um teleférico, sejam transformadas no maior parque de acessibilidade do Brasil. "Não existe um parque interessante para pessoas com deficiência no País e queremos ir nesse caminho", explica.

O Plano de Manejo é um documento com diretrizes de uso do solo e do que pode ser feito no local. Duda destaca que essa construção será participativa e que a comunidade de Gramado será chamada para opinar sobre o futuro dos parques. "O Parque dos Pinheiros é lindo, mas fica em uma situação difícil de trabalhar e está precário. Se a gente ligar os dois com um teleférico e fazer com que uma área de preservação fique junto com a outra vai funcionar", comenta.

Viabilidade

 

Área no Centro inclui a Vila Suíça e o Parque das Orquídeas Foto: Dinarci Borges/Divulgação
“A ligação vai viabilizar os parques de maneira econômica e sustentável porque um cego, por exemplo, ele pega o teleférico do Parque das Orquídeas, vai sentindo o cheio da mata, tem uma audiodescrição do que está acontecendo. Depois, ele vai poder andar no Parque dos Pinheiros, que é uma rota de entretenimento interessante”, acrescenta o gestor de projetos.

Uma equipe multidisciplinar do Instituto E deve participar dessa construção, com biólogo, engenheiro florestal, geólogo, entre outros. “Eu acredito que a gente vai emplacar muito bem naquela área com acessibilidade, mas precisamos ouvir e saber o que a comunidade quer. Será um plano bem democrático”, pondera.

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