Passear por ruas da cidade e ver casinhas para cães ou até mesmo “gatomínios” é algo que se torna cada vez mais comum. Em Gramado, não é diferente. Conforme estimativas da Secretaria da Saúde, são mais de 100 cachorros e gatos cadastrados como comunitários no município. Dos 114 registrados de forma oficial, a maioria absoluta são gatos, com 94.
Os bairros que possuem maior população destes animais comunitários é a Várzea Grande, seguido pelo Centro, Planalto, Piratini e Prinstrop. Já em relação aos cães, a localidade que tem concentração superior é o Floresta.
“Sabemos que são muito mais, principalmente gatos. Começamos a verificar e cadastrar os animais há pouco tempo, em 2021”, explica a diretora da Vigilância em Saúde, Flávia Oliveira.
Para o secretário da Saúde, Jeferson Moschen, a questão comunitária é uma mudança de cultura. “É algo que ocorre devagar. Os que tem estão todos muito bem e bem-cuidados”, complementa.
Requisitos
Para ser um animal comunitário, o cão ou gato precisa viver na rua (não tendo donos), ser dócil, ter inserção no território e ter uma pessoa que fique responsável por ele.
“Essa pessoa é quem vai alimentar, nos comunicar. Caso necessite de qualquer auxílio médico-veterinário, é por conta do Município”, conta Flávia. A lei estadual existe desde 2019.
“Tem estudos que comprovam que a qualidade de vida desse animal comunitário é muito mais saudável do que estar em um abrigo. Ele tem uma liberdade naquela área em que cresceu e tem a rotina do ambiente. E não é um cão abandonado, ele tem supervisão do Município e cuidados da comunidade”, reitera a diretora.
Do abrigo para um lar
Para incentivar as adoções, a Secretaria da Saúde resolveu lançar o projeto Adote um Cão Abrigado. A ideia é que os mais de 140 cães e gatos que estão aguardando por um lar sejam adotados, ganhem amor, alimento, e, em troca, a Prefeitura auxilia com os cuidados veterinários.
“Entre estes 140, idosos, alguns que sempre viveram no abrigo, e que gostaríamos de dar uma oportunidade para estes animais de ter carinho e amor. Adotando um cão abrigado, a parte clínica e médica veterinária fica por conta do Município. Vamos zerar o abrigo”, frisa a diretora.
Até 31 de outubro, segundo a Vigilância, 162 animais foram adotados. A intenção era aumentar o número, mas, com as chuvas intensas dos últimos meses, diversas feiras com os pets precisaram ser canceladas. Em contrapartida, 1.806 foram castrados e 2 mil receberam microchips.
O número de animais que vão receber uma nova casa deve se aproximar do total de 2022, de 217. O processo de adoção ocorre através do Programa de Posse Responsável e para mais informações, pode-se entrar em contato pelo (51) 9 9750-4496.
“Importante dizer que não fazemos recolhimento. E infelizmente, nunca tivemos tanto abandono no Município. Somente no último final de semana foram dois”, lamenta Flávia.
Vila, Vitória e Praça
A Praça das Etnias recebeu, recentemente, casinha para três cães comunitários. Vitória, Vila e Praça são cuidados pelos profissionais da Casa do Artesanato. Eles receberam os nomes em homenagem ao local. Com caminhas dentro do espaço, Lara da Rocha é uma das responsáveis por alimentar e cuidar dos bichanos.
“Sempre disponibilizamos, do lado de fora, água e comidinha. Eles começaram a passar aqui um tempo atrás, mas iam reto. E, há cerca de um ano e meio, a fêmea teve filhotes, eles não eram castrados. Começamos a cuidar mais e foi criado esse vínculo”, revela a artesã.
Apesar de cachorros comunitários, possuem uma rotina. “Todos os dias, de manhã cedo, nos esperam. Recebem a comida com sachês. Quando têm machucados, damos os remédios. Dão suas voltas. Mas, na hora de ir embora, é o pior, bem doído. Eles acabam indo para a rodoviária. Mas agora foi autorizado e eles têm a casinha, feita nos moldes da praça”, explica Lara.
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