POR UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA

Saiba como o exercício físico pode ser um aliado na luta contra o HIV e AIDS

Dezembro Vermelho alerta e conscientiza para riscos da doença

Publicado em: 01/12/2023 03:00
Última atualização: 01/12/2023 11:19

A data de 1º de dezembro é conhecida como Dia Mundial de Combate à AIDS. Com o objetivo de alertar e conscientizar sobre a doença, em Gramado a Prefeitura realizará uma programação especial pelo Dezembro Vermelho.

Alexandre Lazarotto estuda os benefícios do exercício físico em pacientes crônicos Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

As atividades têm o intuito de trabalhar a prevenção ao HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. A primeira agendada ocorrerá na Escola Ninho, às 9 horas. Uma palestra será realizada com orientações para adolescentes.

Dados

A Vigilância Epidemiológica de Gramado realiza o controle de casos anualmente e possui uma série histórica desde 2005.

O ano em que houve mais registros novos de infectados pela doença foi em 2016, quando houve mais de 75 pessoas testadas de forma positiva. Desde então, com exceção de 2021, em que houve o registro de 50 casos, o município manteve uma média de 25 notificações inéditas por ano.

Em 2023, o número está um pouco acima de dez casos novos. Destes, a maioria dos infectados são do sexo masculino. O público feminino é o que tem menor registro desde 2016, quando foi maioria.

Procurar atendimento

O Serviço de Atendimento Especializado (SAE), hoje, é regionalizado e fica em Canela. "Os pacientes que descobrem que são HIV positivo, são encaminhados através da Vigilância. Ele permanece sendo de Gramado, mas o atendimento, as consultas, as testagens, como de imunidade e carga viral, é tudo com o SAE", explica a diretora da Vigilância em Saúde, Flávia Oliveira.

Ser portador da doença, ainda, gera um tabu social. "Os profissionais que vão atender esses pacientes são treinados, seguem a ética profissional. Não deixem de procurar atendimento. O paciente com HIV positivo pode ter um vida normal, com seus cuidados, assim como pacientes com diabetes, doenças crônicas", reitera.

Prática de exercício físico

Alexandre Lazarotto é educador físico e fez doutorado na Ufrgs. Mas desde o mestrado, quis estudar pacientes com HIV e a relação com atividades físicas. Já foi a Moçambique, na África, 14 vezes, para trabalhar a doença de forma voluntária.

“É preciso olhar a AIDS como doença crônica, afirma o especialista. Sobre a prática de programas de treinamento físico, ele afirma que há especificidades, válidas para outros tipos de doenças. Não é recomendado, por exemplo, treino combinado de alta intensidade, pois pode diminuir a resposta imunológica.

Assim, o ideal é a prática por três vezes na semana. O resultado beneficiará o corpo, mas também a mente. “É um erro pensar que devem treinar em centros específicos, porque aí você estará excluindo ainda mais. E se ele não quiser falar que é HIV positivo, é um direito dele, e ele pode treinar numa academia comercial”, fala.

"Ser encorajados"

"O paciente, testou positivo, já é ofertado a medicação de forma gratuita pelo SUS. Antes, se morria de AIDS, hoje, se morre com ela, porque a doença é controlável", reitera Alexandre.

O exercício físico, assim, entra como um pilar complementar à medicação e que beneficiará a qualidade de vida do usuário, desmistificando conceitos. "Eles devem ser encorajados a entrar em grupos de treinamento físico. A medicação pode causar efeitos adversos, que podem ser vistos a partir de seis meses do uso, como distribuição irregular de gordura no corpo, e o exercício auxilia nesses casos", coloca.

Pacientes também podem desenvolver síndrome metabólica, que aumentam os riscos de doenças cardiovasculares. Novamente, a atividade entra como um dos protagonistas na diferença da qualidade de vida.

"As pessoas todos os dias fazem atividade, mas nem sempre fazem exercício físico. E não tem diferença entre tipos de exercício para as pessoas com HIV/AIDS. Mas quem trabalha com esse público, deve conhecer a fisiopatologia, a farmacologia, a epidemiologia da doença e bioética", comenta.

O educador físico tem que conhecer como se desenvolve a doença. "Pacientes clinicamente estáveis, atestados pelo médico, devem ser encorajados a participar de treinamentos. E com base na doença e medicação, um programa especializado será montado. Por exemplo, quem está com febre, imunidade baixa, diarreia ou desconforto, não deve treinar", explica.

Academia do SUS e grupo

Como forma de auxiliar no pós-diagnóstico, o Município dispõe da Academia do SUS para prática de exercício físico. Segundo o secretário da Saúde, Jeferson Moschen, um edital será aberto para credenciamento de estabelecimentos da cidade. A pasta fará a expansão nos bairros a partir da compra de cotas, onde mais pessoas poderão se beneficiar. "E no dia 14, terá a reestrutura do grupo de reeducação alimentar, que também podem participar", pontua.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas