É oficial: a Prefeitura de Gramado quer comprar o Hospital Arcanjo São Miguel. A informação é do prefeito Nestor Tissot, que aponta que as negociações estão avançadas, mas que quer ouvir a opinião da comunidade para poder fechar o acordo.
Para isso, uma audiência pública está marcada para às 18 horas da terça-feira, dia 3, no Expogramado. No encontro, o Executivo vai apresentar o planejamento para que a única casa de saúde do município seja adquirida pela Prefeitura.
Essa história da compra e venda do São Miguel tem se arrastado há bastante tempo. O hospital está sob intervenção desde 2016 e tem prazo final da medida marcado para 24 de abril do ano que vem, podendo ser prorrogada. Contudo, Nestor explica que é preciso buscar uma solução definitiva.
Em agosto de 2021, foi assinado o contrato de venda da casa de saúde, deixando de ser da Associação Franciscana de Assistência à Saúde (Sefas) e passando para o Grupo Prolife S.A. Entretanto, a preocupação em manter os serviços públicos de saúde fizeram com que o negócio fosse acompanhado de perto pela Prefeitura e pelo Ministério Público. As especulações eram de que o negócio estava sendo mais visado de modo imobiliário, pelo terreno do atual hospital, do que como efetivamente de saúde.
O prefeito destaca que a Sefas também não estava satisfeita e, então, começou-se a ventilar a possibilidade do Executivo entrar no negócio.
“Estamos gerindo o hospital há anos e percebemos que o trabalho está sendo bem-feito e que o São Miguel está respirando na questão financeira. Com a pandemia, muitos recursos foram injetados e isso auxiliou nas contas. Eu estou aqui para dar saúde para o povo, é uma das principais coisas”, diz o prefeito.
Pretensão é criar associação comunitária
De posse do São Miguel, a ideia da Prefeitura é montar uma associação com membros da comunidade para que possam auxiliar na gestão do hospital e também buscar a filantropia para a casa de saúde. A estimativa do prefeito é que o processo demore alguns anos para se concretizar. Até lá, deve buscar outras alternativas junto com a Sefas.
“Mas esse é o nosso sonho final: o hospital comprado e sendo gerenciado pela nossa comunidade”, atesta o prefeito. “Dá para fazer uma saúde melhor. Podemos melhorar ainda mais o hospital. Com essas salas novas, vai ser possível ampliar os serviços e a construção de um novo hospital pode ser postergada mais um pouco”, pondera.
“Eu sou a favor das privatizações, mas senti que, nesse caso, o hospital está melhor com a gente. E a associação que vamos criar vai ser importante para que possa ter uma visão de saúde sempre, independente de quem estiver na Prefeitura”, complementa.
Nestor ressalta que buscará, também, outras formas de receita para o São Miguel, através de emendas parlamentares federais, contando com o apoio político dos vereadores. “Quero entender melhor os repasses estaduais e federais para que a gente consiga negociar e trazer mais dinheiro para manter o hospital”, reforça.
Negócio de R$ 40 mi
No contrato firmado anteriormente, o hospital tinha sido vendido por R$ 40 milhões. Mas a Sefas receberia R$ 30 milhões, pois levantamentos e auditorias apontaram um aporte de mais ou menos R$ 10 milhões da Prefeitura na casa de saúde nos últimos anos.
Conforme o prefeito, R$ 24 milhões serão pagos em 12 meses. Os outros R$ 6 milhões, valor que já havia sido quitado da dívida pelo Grupo Prolife, será devolvido ao antigo comprador. Ainda, o prefeito cita que a Prefeitura tem capacidade financeira para fechar o negócio.
Ele relembra quando o Expogramado e o complexo do Lago Joaquina Rita Bier foram comprados. “A situação da Prefeitura, hoje, é muito melhor do que naquela época e temos mais conhecimento de todo o trâmite também”, salienta.
A partir de agora, o Executivo vai buscar apoio dos vereadores para que as emendas impositivas da Câmara ajudem a quitar o débito, assim como outras formas de buscar receita, que serão analisadas de forma jurídica.
Situação financeira
O prefeito aponta que a situação financeira do hospital também está melhorando e que alguns ajustes foram feitos ao longo do tempo para melhorar a receita. Um dos exemplos é a realização de cirurgias durante os finais de semana. Outro é que a parte administrativa saiu do prédio, o que possibilitou o uso de mais salas para procedimentos médicos.
“A intervenção só está perdurando, pois todos perceberam a melhoria no hospital. E nós percebemos que dá para fazer uma boa saúde, só precisa de uma boa gestão”, reitera.
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