Após oito anos, o Força Tarefa Serra Gaúcha encerrou as atividades. A decisão foi tomada pelos membros do grupo no início deste mês, principalmente por causa da falta de voluntários e recursos financeiros. “Fizemos o nosso melhor. Quero muito agradecer a todos que nos ajudaram nesses anos, foram muitas pessoas envolvidas”, comenta o presidente e fundador do grupo, Jorge Luiz Moreira.
A estimativa é que cerca de 145 mil pessoas tenham sido impactadas nas atuações humanitárias realizadas desde abril de 2015. Tudo começou quando Moreira, como é mais conhecido, saiu de Canela e foi com alguns amigos para Xanxerê, em Santa Catarina, para auxiliar a população depois de um tornado. Desde então, o grupo apoiava causas sociais, com o intuito de auxiliar o próximo.
Bombeiro voluntário e instrutor de primeiros socorros, Moreira conta que a ideia do grupo era ser um apoio ao Corpo de Bombeiros, ajudando em ações. Entretanto, o número de voluntários – que já chegou a 32 -, caiu para cinco, o que inviabilizou o trabalho. A falta de verba foi outro empecilho. “A gente precisava de mais ou menos uns R$ 10 mil por mês para conseguir manter tudo e fomentar as atividades”, aponta o presidente.
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"A ganância é a pior coisa que existe"
Além da tristeza, Moreira diz que ficou chateado porque desde o anúncio do fim do grupo pessoas estão ligando para ele pedindo o que será feito com os bens, adquiridos através de custeio próprio dos voluntários, doações e de verba da Receita Federal. “A ganância é a pior coisa que existe”, comenta.
Como uma forma de retribuir quem apoiava a causa, os veículos e objetos estão sendo doados. Segundo Moreira, o caminhão e o Fiat Doblò serão destinados à Prefeitura de Gramado, que cedeu o espaço da antiga Rádio Excelsior para a sede. Uma Parati, que é um carro ambulância, irá para o Corpo de Bombeiros Voluntários de Araricá, assim como o barco e coletes para o de Balneário Pinhal. O drone passará a ser utilizado pela guarnição dos bombeiros militares de Dois Irmãos. Somente a caminhonete S10 que ainda não há definição para qual instituição será encaminhada. “Vamos tirar fotos das entregas e fazer uma prestação de contas no Facebook do Força Tarefa”, garante o fundador.
Momentos impactantes e próximos passos
Como uma das ações mais impactantes, Moreira ressalta que o grupo apoiou campanhas de coleta de sangue em Gramado e Canela, que resultaram em 720 bolsas doadas ao Banco de Sangue de Caxias do Sul. “O foco era ajudar a salvar vidas. Foram mais de 10 toneladas de alimentos doados na pandemia, 15 mil litros de água potável entregues em Mariana, quando houve a queda da barragem, em 2015. Foram 32 municípios no Estado auxiliados”, cita. “Acredito que tenhamos deixado uma grande marca, mas teve falta de reconhecimento. Eu que fundei o grupo e é como se fosse um filho que estivesse partindo”, desabafa.
O grande sonho de Moreira não foi realizado pelo Força Tarefa, mas ele pretende encontrar meios para conseguir. “Quero levar uma carga de alimentos para o agreste nordestino e fazer treinamentos de primeiros socorros com as mulheres de lá. Vou sempre continuar ajudando no que eu puder, isso está no meu DNA”, pondera.
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