Um projeto que reúne inovação, educação, cultura e tecnologia nasceu há alguns meses em Gramado. Com a promessa de recuperar o legado histórico, trazer curiosidades e fornecer uma identidade e conexão com o público jovem, foi criada a plataforma Historin.
Com concepção dos jovens Allan Fulcher, de 26 anos, e Mateus Canova, de 27, o site historin.com já está no ar para a comunidade adquirir conhecimentos sobre o passado, tanto da cidade, quanto de Canela.
A dupla foi uma da startups selecionadas para ficar incubada durante um ano no Território Criativo da Vila Joaquina, junto ao lago Joaquina Rita Bier, nas famosas casinhas coloridas. Ao longo dos últimos meses, contudo, muitas situações ocorreram. Eles iniciaram em 2023 com um projeto, dedicado a gerenciamento de comissionamento de vendas turísticas.
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No último meio ano, mudaram a proposta totalmente e se voltaram a criar um “museu a céu aberto”. A ideia surgiu em conversas com o Grupo de Inovação de Gramado, ao qual são integrantes. “Nas reuniões fomos percebendo que um dos pontos fortes de problemas que eram levantados dizia respeito à descaracterização da cidade. A gente ouvia falar ‘Gramado não é mais a mesma’. Então pensando nisso, criamos o Historin, para mostrar que essa descaracterização, de certa forma, foi construtiva, pelo crescimento da cidade. Gramado só é o que é hoje, porque foi evoluindo ao longo do tempo”, diz Mateus.
Em outubro, tiveram a apresentação final à Feevale, parceira do projeto de incubação em Gramado. Até dezembro, permanecem incubados. Mas o objetivo é tentar permanecer ainda em 2025 no local, para que o produto consiga ganhar mais robustez e chegue ao objetivo que sonham: expandir para outras cidades, regiões e Estados.
Criação e fomento
A plataforma foi totalmente desenvolvida pelos gramadenses. Enquanto Allan trabalha, principalmente, o software e criação do sistema, Mateus fica responsável pelo marketing e conteúdo.
Durante os dois meses de concepção do produto, pensaram em como atrair crianças e adolescentes para participarem e serem leitores ativos. A resposta foi por meio da gamificação. Com versão feita especialmente para o mobile, a ideia é que a interação ocorra constantemente.
“Será um novo aliado à educação. A história da cidade não é algo que a gente aprenda de forma recorrente. A maneira que ensino é mostrado se torna maçante muitas vezes. Então a plataforma traz uma linguagem moderna, conversa com o jovem e faz com que ele se interesse ao local”, coloca Mateus.
Os principais acontecimentos estão já cadastrados. Contudo, sabem que há muito mais a ser descoberto. “A história é variável de uma pessoa para outra, devemos ter apenas 10% de tudo o que ocorreu em Gramado e 1% em Canela. Mas mapeamos as coisas mais interessantes, como a abertura da primeira rua, o primeiro Festival de Cinema, a inauguração da rodoviária”, revela Allan.
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Assim, na tela inicial, o visitante encontrará um mapa, com ruas e histórias. Também, é possível conhecer as vias mais recomendadas e os causos mais lidos. Um exemplo é a Avenida Borges de Medeiros, considerada a principal do Centro de Gramado.
Ao clicar na via, o leitor será direcionado para uma linha do tempo, onde poderá identificar e visualizar diversos materiais, como fotografias antigas. Entre as curiosidades apresentadas, estão o encontro dominical aos domingos, em 1917; o início da praça central, e 1920; e a primeira bomba de combustível, em 1930.
Os conteúdos foram obtidos através de pesquisas que a Historin realizou no Museu Hugo Daros e no acervo público municipal. Mas a ideia é que a comunidade possa contribuir e compartilhar seus arquivos, registros de imagens e, até mesmo, quem sabe vídeos.
“Pesquisando, descobrimos que o acervo histórico tem carências, no sentido de coleta de material, porque as pessoas precisam levar as coisas até lá. Então, fizemos uma aba onde as pessoas podem acrescentar histórias, ou podem nos chamar para ir até a casa delas, para escanear os materiais”, explica Allan.
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Ainda sobre a gamificação, o usuário também poderá testar seus conhecimentos, através de um quiz de dez perguntas e respostas. São entre 40 e 50 questões cadastradas e disponibilizadas de forma aleatória. “Em dez minutos, a pessoa aprende mais do que aprendeu na escola”, exemplifica Fulcher.
Próximos passos
Dois passos são visionados de forma mais breve pela dupla. Uma delas é a obtenção de recursos, para que possam dar continuidade ao projeto. Participação em editais, leis de incentivo à cultura e através de parcerias com empresas privadas são projetadas.
Outro andamento que desejam é a colocação de placas com QR Code, que incentivem à visitação ao site e, ao mesmo tempo, promovam o turismo de caminhada. Adesivos já são colocados em locais particulares, após a permissão. Mas o intuito é que também possam estar junto de placas de ruas. Para isso, a Historin está em tratativas com a Secretaria de Cultura e averigua a possibilidade.
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Uma das preocupações dos profissionais é com a acessibilidade. Todas as adequações são realizadas. Nas placas, há opção em braile e a altura é ajustada para pessoas com deficiências físicas. Na plataforma, estão na fase de inserção de audiodescrição.
Conforme Allan, o que o público encontra hoje é “a ponta do iceberg do futuro”. Isso porque um dos passos que desejam seguir é ampliar o leque do Historin para a realidade aumentada. “Agregar mais tecnologia, na medida que entrar recursos, como criar realidade aumentada, onde a pessoa na rua consegue comparar algo com o que está na frente dela, criar avatares, como do Borges de Medeiros”, pontua Mateus.
Outra possibilidade é ter tours guiados e realizar palestras para fomentar o negócio e a área. Ainda, querem ter um acervo móvel. “Queremos ver mais pessoas na inovação. Precisamos diversificar a matriz econômica da cidade, mostrar metodologias gamificadas, promover diálogo cultural no ambiente familiar, entre avós e netos, que têm recordações e compartilham essa história que será levada adiante”, fala Allan.
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“O acervo móvel seria muito importante, com um furgão e escaner dentro, um final de semana em cada bairro, engajando e incentivando as pessoas da comunidade a participarem e compartilharem. E também saber que existe um lugar onde podem conhecer como Gramado chegou no que é hoje”, complementa Mateus.
Para o futuro, também desejam, em cada cidade que a plataforma estiver inserida, contratar um historiador.
Além do alemão e italiano
A visibilidade afro e indígena ganham destaque no site. “São histórias muito ocultas, falamos muito do alemão, italiano, português, espanhol. Mas tem essa invisibilidade afro e indígena e trazemos isso dentro da plataforma”, afirmam.