DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO

OUTUBRO ROSA: "A gente precisa parar um tempo para cuidar da nossa saúde", diz gramadense que se curou do câncer pela segunda vez

Em Gramado, Liga é uma rede de apoio para que pacientes possam vencer a luta contra a doença; saiba mais

Publicado em: 20/10/2023 11:15
Última atualização: 20/10/2023 11:15

Uma história de superação, de amor à vida. Uma luta travada por milhares de mulheres, mas que existe cura. A gramadense Cassiane Cardoso, de 39 anos, é a prova disso. Nos últimos dez anos, ela enfrentou dois diagnósticos positivos de câncer de mama. Sempre com um sorriso largo no rosto, mesmo depois de tantos momentos de dor, a professora reforça a importância da prevenção: "a gente precisa parar um tempo para cuidar da nossa saúde".

Cassiane Cardoso Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
A primeira batalha foi em 2013, quando tinha 29 anos. Com a filha Manu com pouco mais de 1 ano, Cassi, como é mais conhecida, sentiu um caroço no seio. No primeiro instante, achou que fosse algo relacionado à amamentação, mas decidiu ir no médico. Foi então que, no exame de toque, o profissional percebeu que tinha algo de errado. "Foi descoberto um carcinoma, fizemos a biópsia e veio o diagnóstico de câncer de mama do lado esquerdo", relembra.

Cassi diz que tudo foi bem rápido e que em cerca de um mês retirou o tumor. Então, passou pelos processos de quimioterapia e radioterapia. "Me recuperei e fiquei fazendo só exames regulares duas vezes por ano", diz.

Novo desafio

Anos mais tarde, em 2021, um íngua na área da axila esquerda fez com que uma nova preocupação surgisse. "E não parava de aumentar. Quando fiz a retirada, em maio de 2022, descobrimos que era um novo carcinoma", descreve. "Me lembro que a cada vez que eu ia para Caxias do Sul eu voltava chorando, pensando que ia passar por tudo aquilo de novo. Morrer é um medo que a gente carrega acho que para a vida toda, mas, ao mesmo tempo, eu pensava que ia fazer tudo de novo para poder ficar bem", reforça Cassi.

Durante esse segundo diagnóstico, ela descobriu que tem uma mutação genética, que causa uma maior predisposição para a doença. Em julho deste ano, depois de passar por todo o tratamento e realizar uma mastectomia, que é a retirada das mamas, a professora está, mais uma vez, curada. "É difícil lidar com tudo isso, mas tenho muito mais motivos para agradecer", desabafa.

Apoio

Foi nesse período lutando contra a doença que Cassi conheceu o trabalho da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Gramado. Apesar de ter plano de saúde, contou com o apoio da entidade para despesas extras de deslocamento, alimentação, exames. "A Liga foi essencial", destaca.

Para ela, é preciso buscar ajuda. "A gente fica muito vulnerável, então, precisa de acompanhamento. Fui em uma consulta com a psicóloga só para poder chorar. Me lembro que ela disse que a gente tem que se permitir sofrer, que faz parte", pondera, reforçando também o suporte da família, dos amigos, dos membros da igreja que frequenta.

"Eu estava sempre otimista, sorrindo e acho que isso interfere bastante. Ter fé, acreditar em Deus, e acreditar que tudo vai dar certo. As coisas fluem melhor quando você está sorrindo, não é tão fácil, mas vale a pena. A gente vive no automático e esses momentos vêm para mostrar para a gente que precisamos dar valor às coisas", reitera.

Trabalho da Liga de Combate ao Câncer de Gramado

Voluntários Aiga Roosen Runge, Clair Tissot, Nelsi Salvador, Clarinha Prinstrop e Éder Bortolini Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Assim como a Cassi, qualquer outra pessoa da comunidade pode buscar ajuda da Liga, independente do sexo, idade ou tipo de câncer que enfrenta. Atualmente, a sede fica no complexo do Lago Joaquina Rita Bier, na casinha rosa. Os atendimentos ocorrem no local sempre nas terças-feiras, entre 13h30 e 15h30.

A equipe de voluntários tem uma psicóloga que atende por ordem de chegada. Ainda, há auxílio com as despesas relacionadas ao tratamento, como medicamentos e transporte, e também doação de cestas básicas, roupas e perucas para quem precisa. A entidade, que tem uma média de 150 pacientes, vive exclusivamente de doações e de ações sociais que realizam para angariar recursos.

A falta de verba na pandemia quase fez com que a Liga encerrasse as atividades, mas o apoio da comunidade da cidade fez com que isso não acontecesse. Com gastos de quase R$ 100 mil por mês, a Liga possui aporte de verba pública. Neste ano, foram R$ 388 mil destinados através de emendas impositivas dos vereadores.

“Pagamos a conta que tínhamos na farmácia e deu R$ 41 mil, isso de cerca de 45 dias. Todos os meses, temos um custo de R$ 10 a R$ 11 mil de combustível”, revela a presidente da entidade, Nelsi Salvador. “A farmácia Líder, o mercado Nossa Casa e o posto Benetti são nossos parceiros. Muitas vezes não temos dinheiro para pagar e eles conseguem segurar a conta sem nos cobrar nada a mais”, agradece Clair Tissot, que é uma das voluntárias.

“Estamos aqui por amor”, diz presidente

A presidente Nelsi é voluntária da Liga há 22 anos, sendo presidente há seis. Ela iniciou na entidade quando o irmão descobriu um câncer. “Estamos aqui por amor. Convidamos toda a comunidade para acompanhar o nosso trabalho”, salienta. Clair é atual tesoureira da Liga e voluntária há seis anos.

“É um gesto de pura doação. Perdi uma sobrinha para a doença e coloquei isso como um propósito. Se é um momento tão difícil para quem tem um pouco de condição financeira, imagina só para quem não tem”, aponta.

Como ajudar

Neste Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, empresas estão realizando ações em prol da entidade. É possível ajudar consumindo esses produtos e serviços. A divulgação está ocorrendo no perfil do Instagram da Liga de Gramado, que é @ligafemininagramado.

Também é possível fazer doações diretas via Pix, pela chave ligadegramado@gmail.com.

Clair frisa que, dentre as principais necessidades de itens, estão cestas básicas, complemento alimentar (Nutren Senior), fraldas e produtos de limpeza. Para complementar o caixa da Liga, camisetas e sombrinhas alusivas à causa são vendidas por R$ 55 e R$ 70, respectivamente.

“Estamos sempre desenvolvendo alguma ação para não ficarmos sem dinheiro e sem conseguir ajudar os pacientes”, atesta Clair.

Quem desejar contribuir pode contatar as voluntárias: Nelsi Salvador (54) 9 9124- 5254; Clair Tissot (54) 9 9981-8112; Marcinha Jucá (54) 9 9701-8379 e Renata Tissot (54) 9 9110-2502.

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