O ano era 2014. O Grande Desfile de Natal, uma das principais atrações do Natal Luz de Gramado, saía da área central, na Avenida das Hortênsias, e ganhava seu espaço no Expogramado. Na época, a troca do local de realização foi motivada a pedido de empresários e moradores, em virtude da mobilidade urbana. Durante os dias do espetáculo, bloqueios no trânsito eram necessários, o que causavam engarrafamentos.
Foto: Divulgação
Após dez anos no centro de eventos, a palavra reinvenção ganha força na cidade, principalmente após a catástrofe climática que atingiu o Estado entre o final de abril e início de maio e deixou, em Gramado, cerca de 2 mil pessoas fora de suas casas. O Aeroporto Internacional Salgado Filho deve ficar fechado, pelo menos, até o Natal, o que preocupa poder público e o trade turístico.
Mudanças nos espetáculos do maior evento do município são pedidas por entidades e pela comunidade desde o fim do ano passado, quando se registrou movimento menor de visitantes. Com isso, voltou a se cogitar a possibilidade de retorno do atrativo para o Centro gramadense.
Logísticas como se o trânsito suportará, se ocorreria na própria Avenida das Hortênsias novamente, além dos bastidores, como armazenamento dos carros alegóricos e figurinos – são mais de 500 personagens – e montagem de arquibancadas são tópicos a serem estudados e discutidos.
Conforme o presidente do Conselho da Gramadotur, Enzo Arns, reuniões sobre o assunto têm ocorrido. “Esse tema foi tratado como uma possibilidade. E sim, a maioria do conselho entende que se houver tecnicamente possibilidade de execução, ou seja, se a gente conseguir no prazo que nós precisamos para iniciar as contratações, se a gente conseguir recurso suficiente, se do ponto de vista de mobilidade não houver problemas sérios, é algo a ser considerado. Pode trazer uma aproximação com o público, um acolhimento, ser um diferencial bacana. Essa é a linha. O que vai pautar é a viabilidade técnica de executar”.
Um grupo com integrantes do conselho, da Gramadotur e da Prefeitura foi nomeado para realizar os estudos técnicos. “Essa semana já foi feita uma reunião técnica e nós esperamos que num tempo mais curto possível termos uma clareza da possibilidade de execução disso ou não, não dá para demorar pois o Natal já está sendo licitado, promovido e vendido, temos que ter isso definido com rapidez”.
Sobre o retorno específico na localidade da Avenida das Hortênsias, Enzo frisa que a ideia inicial era resgatar o itinerário original.
Foto: Cleiton Thiele/SerraPress
“Se ele for viável ótimo, se tivermos que pensar em outras opções e entender que são igualmente interessantes, geram essa aproximação e acolhimento da mesma forma, pode ser também. As opções vão passar a surgir a partir do estudo inicial. Porque não envolve apenas o local, tem arquibancada, os carros, uma ampliação do número de pessoas que participam do desfile, uma redução do número e tamanho de carros, então são uma série de variáveis que precisam ser consideradas”.
Para o presidente do Sindtur Serra Gaúcha, Cláudio Souza, a produção ao ocorrer na avenida trará diversos benefícios. A entidade é favorável à saída do Expo e retorno ao Centro.
“Somos a favor, inclusive fomos nós que lideramos este pedido. A mudança trará uma maior proximidade com o público, bem como uma movimentação de todo o comércio por um período maior. Muitos conseguem se sentir parte do espetáculo, mesmo sem comprar ingressos”, justifica.
Já para o presidente do Sindilojas Hortênsias, Guido Thiele, é preciso responder primeiro às questões que pontuam o retorno. “A pergunta que se precisa fazer: como o público irá assistir ao desfile, em pé ou voltariam as arquibancadas? Como será administrado o congestionado trânsito? Como serão bancados os custos do desfile?”, coloca.
Debate em tribuna
Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores, na segunda-feira (3), os parlamentares abordaram o assunto. O vereador da oposição Renan Sartori (MDB) acredita que o Legislativo deve fazer uma audiência pública, para ouvir os moradores e setores da cidade. “Sou a favor sim, mas não adianta somente trazer como ele. Está na hora de Gramado inovar. Temos que apresentar algo mais barato e acessível”, afirma.
Já o parlamentar da situação, Rafael Ronsoni (Progressistas) frisou que é totalmente a favor que o Desfile volte para o Centro da cidade. “Eu acho que precisamos nesse momento voltar, sei que é difícil, não é fácil, estamos em cima do laço, com licitações, mas estando no Centro sabemos que quem puder pagar, vai pagar e ficar nas arquibancadas, e quem quiser não pagar, olhar de fora, vai usar [esse valor] para ir nos parques, restaurantes, comprar produtos nas lojas, se hospedar nos nossos hotéis”, diz.
Para o colega de partido, Ike Koetz, “isso é a opinião da população, é uma vontade da população, é uma emoção que vemos das famílias de querer participar cada vez mais do Natal Luz”. “É a história da cidade. Logicamente eu não vou ser irresponsável em simplesmente jogar a ideia, por isso fui na Gramadotur, vi mais sobre esses desafios. É complicado nesse momento, porque os carros têm tamanhos diferentes, tem as arquibancadas móveis, a quantidade de artistas, problema com chuvas, mobilidade, segurança, são vários fatores analisados com muita responsabilidade pela equipe competente”, complementa.
A reportagem procurou a presidente da Gramadotur, Rosa Helena Volk. Ela informou que não seria possível se manifestar nestes dias, pois “o momento para toda região é muito delicado e que é preciso ter toda a responsabilidade”. Entretanto, reitera que “Conselho e diretoria da Gramadotur estão juntos. Todos na mesma página”.
Já o prefeito Nestor Tissot, via setor de Comunicação, comunicou que “está avaliando as possibilidades e se manifestará de forma oficial em momento oportuno”.
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