O Mega Domo, maior domo inflável de entretenimento da América Latina, que foi desinflado em final de outubro do ano passado, é tema de novas polêmicas nas últimas semanas. Após o caso ter dez pessoas indiciadas em inquérito policial, agora, com a chegada das altas temperaturas devido ao verão e às chuvas ocorridas, a estrutura, que ocupa ainda o terreno, se tornou motivo de preocupação de moradores de Canela e da comunidade em geral, inclusive Gramado.
E os problemas não giram em torno da questão estética do espaço, mas sim, da saúde pública. O local acumula e tem problemas com água parada – principal fonte de reprodução do mosquito Aedes aegypti, que pode contaminar o ser humano com a dengue.
Em meio a um crescimento de casos da doença e recente óbito no Estado, residentes principalmente que moram próximos questionam quando que o domo será retirado. Também relatam o crescimento no número de larvas e insetos nas propriedades.
“Várias cidades do Brasil decretando estado de emergência devido ao avanço da dengue! Enquanto isso o polêmico domo segue ‘esvaziado’, literalmente no chão, servindo de um verdadeiro criatório de mosquitos”, comenta nas redes sociais um canelense.
A Histórias Incríveis Entretenimento, responsável pela gestão e estrutura, responde por processos no Judiciário, desde questões ambientais – como dano em áreas de preservação permanente – até inadimplência de aluguéis e IPTU do terreno, de propriedade da rede Sky Hotéis.
A reportagem entrou em contato com a empresa, que encaminhou comunicado. Conforme os responsáveis, “regularmente o domo vem sendo inflado, com o objetivo de retirar a água que se acumula em decorrência das fortes e frequentes chuvas que tem acometido a região”.
“Além disso, sobre a água que eventualmente empoça, por orientação das autoridades sanitárias, temos aplicado produtos repelentes, evitando assim a proliferação dos mosquitos e outras pragas”, explicam em nota.
Em contato com a Prefeitura de Canela, a Secretaria de Saúde informou ao ABCMais que desde dezembro vem notificando o proprietário do imóvel e a empresa H.I, “solicitando a retirada de todo material ainda depositado no terreno.”
“Em relação a possíveis focos do mosquito Aedes aegypti no local, transmissor da dengue, a equipe da Vigilância Ambiental realiza semanalmente vistoria na área, na qual não foi constatado nenhum foco do mosquito”, diz em nota o Executivo municipal.
A pasta da saúde ainda reitera que o terreno está sendo monitorado constantemente e “que todas as medidas administrativas cabíveis estão sendo executadas, visando o bem-estar da comunidade e dos moradores do entorno do terreno”.
Saída da estrutura
O domo que está desinflado ganhou nova data para ter a estrutura retirada do terreno nesta terça-feira (6), em despacho da 1ª Vara Judicial da Comarca de Canela. O magistrado Vancarlo Anacleto, devido às dificuldades apresentadas pela empresa para a retirada do material, prorrogou a ordem do despejo até o dia 10 de março deste ano.
“Decorrido o prazo, sem cumprimento da liminar, a parte autora (Sky Hotéis) fica autorizada a efetuar a retirada da estrutura, ficando isenta de responsabilidade por qualquer dano causado com a retirada”, complementa o juiz na decisão.
No final do ano passado, a Histórias Incríveis chegou a entrar com um agravo de instrumento na 15ª Câmara Cível, em Porto Alegre, para tentar aumentar o período de tempo de prorrogação para tirar as lonas. Entretanto, o desembargador Roberto José Ludwig negou o recurso.
Na mesma nota emitida sobre a saúde pública, o Mega Domo reitera que o local possui vigilância 24 horas e que “nunca esteve abandonado”. A estrutura está com cronograma de retirada de suas estruturas em andamento, conforme justifica a H.I.
O cronograma, contudo, não é divulgado, por se tratar de um “documento interno, sujeito às intempéries”. Segundo a empresa, “as chuvas frequentes tem atrapalhado muito, pois a lona precisa estar completamente seca, depois de alguns dias de sol, para que possa ser manuseada”.
“Sua retirada, contudo, demandou negociações entre diversas empresas, instituições e pessoas, além de exigir altos recursos financeiros, que somente agora puderam ser obtidos”, finaliza.
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