A licitação do transporte público em Gramado deve ser lançada em janeiro de 2025. Em um processo que se arrasta desde 2019, o projeto para realizar o certame está na fase de conclusão. O documento passou por diversas adequações nesses anos, devido, principalmente, à queda no número de passageiros causada pela pandemia da Covid-19.
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Mas a Secretaria de Trânsito promete que o assunto deve ser resolvido em breve. No dia 8 de janeiro, às 18 horas, haverá uma audiência pública, na Câmara de Vereadores, para apresentar o resultado desses seis anos de trabalho. Na ocasião, os responsáveis técnicos pelo estudo farão uma apresentação do panorama do serviço na cidade, com a projeção para os próximos anos. “Esse é o pontapé dos trâmites legais”, diz o secretário da pasta, Tiago Procópio.
Retomado pela atual gestão em 2022, um dos principais objetivos do projeto é fazer com que o serviço seja eficiente. O secretário reforça que o transporte público é uma obrigação do Executivo municipal.
A empresa que opera o serviço na cidade é a Gramado Turismo, que acumula prejuízos financeiros mês a mês, desde 2020. Para evitar a paralisação, a Prefeitura tem feito recorrentes repasses, mediante a comprovação de déficit e aprovação dos vereadores. “O transporte hoje alcança 2,5 mil pessoas por dia, metade do que há quatro anos”, relata Tiago.
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Um dos desafios é fazer com que mais passageiros usem o serviço. Por isso, a licitação vai prever exigências, como a ampliação das rotas e horários, veículos com ar-condicionado, bilhetagem eletrônica e aplicativo para acompanhar em tempo real o deslocamento dos ônibus.
“Vamos chegar a 100 mil quilômetros rodados por mês, aumentando em 30 mil quilômetros o que temos hoje. Teremos 37 rotas, com expansão para o interior e outros bairros, como o Carniel. Vamos ter ônibus circulando até a meia-noite”, garante o secretário. “O projeto apresenta uma logística de aproveitamento das rotas, com o intuito de evitar também a lotação”, complementa.
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Valor das passagens
A estimativa é que a Gramado Turismo tenha um custo mensal de R$ 802 mil para a operação. “Não existe mais transporte público no qual o município não tem que colocar recursos. A questão é o tamanho do impacto. É isso que estamos tentando diminuir, criando mais rotas para que mais pessoas utilizem os ônibus”, cita.
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A Secretaria está analisando três cenários, que estão sendo discutidos junto com entidades. Calculando a média de custo da operação, caso o valor da passagem se mantenha em R$ 4,90, a Prefeitura terá que fazer um repasse mensal de cerca de R$ 470,3 mil. Existe também a opção de diminuir o valor – para atrair mais passageiros. Assim, o valor cairia para R$ 4. Em contrapartida, o Executivo faria um repasse de R$ 531,2 mil mensais. Ainda, há a possibilidade de subir o valor por viagem para R$ 5,50, com um aporte mensal público de R$ 429,7 mil.
“Como forma de arrecadação para custear o valor, a Prefeitura de Gramado vai poder fazer a venda de espaços para publicidade nos vidros traseiros e televisores dentro dos ônibus”, explica o secretário de Trânsito.
Quilômetro rodado
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A licitação terá um prazo de 20 anos. Geralmente, o que é levado em consideração pelas empresas é o índice de passageiros transportados por quilômetro (IPK). Em Gramado, esse valor está em 0,69, número abaixo do ideal, que está na casa dos 2. Por isso, para que empresas se interessem pela operação, a licitação será por quilômetro rodado.
“Esse projeto foi o maior desafio da Secretaria de Trânsito. Foi a melhor forma possível que encontramos e, mesmo assim, com um custo alto para a Prefeitura. Eu entendo porque já passaram vários secretários e o transporte público nunca foi licitado. É muito complexo”, pondera Tiago. A expectativa é ter a empresa vencedora em meados de março do ano que vem. “Tendo uma empresa legalizada, aumentam os deveres e as obrigações. Todo mundo vai sair ganhando”, acrescenta o secretário.
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Utilização pelos alunos da rede municipal
A etapa final do projeto consiste em adequar a rota do transporte escolar para que possa ser atendida pela empresa que vencer a licitação. Era a Gramado Turismo que transportava a maior parte dos estudantes do município até 2020, contudo, a realidade mudou com a pandemia. “Hoje, a Secretaria da Educação tem um custo estimado anual em transporte de R$ 4 milhões. Se esse valor for utilizado no transporte público, vamos conseguir equacionar as contas”, alega Tiago.
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“A gente nunca abandonou a comunidade”
O gerente-geral da Gramado Turismo, Gilnei Garcia, atesta que a empresa tem interesse em participar da licitação e que está esperando a publicação do edital para ter conhecimento sobre todas as cláusulas do certame.
Atualmente, o transporte público na cidade compreende 20 linhas e 30 veículos, contando os reservas e de menor porte. Além disso, a empresa realiza fretamento de ônibus.
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Como nunca existiu uma contratação por licitação, a Gramado Turismo opera no município de forma precária desde 1976, de acordo com Gilnei. A atuação começou pelo interior e depois expandiu com o crescimento da cidade, principalmente do bairro Várzea Grande.
O gerente-geral está na empresa desde 2011 e alega que a pandemia, que iniciou em 2020, foi o que alavancou o déficit financeiro, que chegou a R$ 1,7 milhão somente naquele ano. “A gente operava no limite, mas o serviço era autossuficiente. De 5 mil passageiros, a gente passou para 300. Fomos diminuindo os veículos e não conseguimos mais nos recuperar”, atesta.
“A gente nunca abandonou a comunidade. Estamos fazendo um esforço para manter a operação da melhor forma possível, mesmo com os problemas financeiros e de mão de obra. Já vimos empresas de concessão pública abandonarem o serviço quando aparecem os desafios, mas não fizemos isso, sempre fomos gramadenses”, acentua o gerente.
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Com 42 funcionários, Gilnei reforça que as melhorias nos veículos, treinamentos à equipe e aumento de linhas podem ser possíveis, desde que a empresa tenha retorno financeiro. “Queremos melhorar e crescer junto com Gramado”, aponta. “Se tiver viabilidade, a Gramado Turismo será a primeira interessada na licitação. Já temos toda a infraestrutura para isso”, assegura.