Durante a vinda do governador Eduardo Leite a Gramado, na sexta-feira (31), a possível criação de um programa voltado para as encostas foi anunciado. A ideia seriam recursos direcionados para a construção de cortinas de cimento e muros de gaviões, para conter deslizamentos de terra.
Para o prefeito de Gramado, Nestor Tissot, as vistorias e reunião que ocorreram no bairro Piratini e na RS-235, locais que sofreram com erosão do solo e quedas de barreiras em virtude da catástrofe climática, foram muito produtivas.
“Ele viu com os próprios olhos o que aconteceu, que foi realmente surpreendente. São dois eventos diferentes, na Piratini e na RS-235, mas o importante é que ele viu o tamanho da desgraça, a recuperação que vai ser difícil e vai precisar de recursos”, coloca o chefe do Executivo municipal do Jornal de Gramado.
Conforme Tissot, projetos serão encaminhados de forma presencial já na segunda-feira, em novo encontro com o governo, desta vez, em Porto Alegre.
“Estou muito otimista. Ele [Leite] autorizou o Juvir Costella, a EGR e mais o líder de governo, o Frederico [Antunes], para fazermos uma reunião lá e levar os projetos de Gramado. Embora ainda não tenha todos os de contenção, vou levar o que tenho, com a promessa de talvez ele criar um programa de recursos para atendimento a cortinas de cimento armado e muros de gaviões, estruturas para conter as encostas”, justifica.
Os programas do Estado, atualmente, não contemplam esse tipo de situação de calamidade. “Já abri mão de hora-máquina, combustível para máquina, isso eu me viro na cidade. Em compensação preciso que olhe o programa de contenções, porque na verdade o Estado falou de modo geral nas inundações, que foi a grande maioria. E nas encostas, os deslizamentos, pouco se falou. E ele vendo, viu que é outro tipo de atividade que precisa ser elaborada”, coloca o prefeito.
Serão três os projetos levados no início da semana, a recuperação do bairro Três Pinheiros, que contempla dois blocos: a cortina de cimento e a contenção onde houve o desmoronamento – estimados em R$ 12 milhões -; e do Loteamento Orlandi, que juntos devem dar quase R$ 30 milhões.
“E não estou levantando do Piratini, pois não está pronto, não estou falando da Emílio Leobet, não está pronto. A RS-235 também é um problema da EGR, que vamos conversar para assumirem”, diz Nestor.
Ainda conforme o representante de Gramado, outra negociação foi cogitada e pode ser levada adiante. “Talvez eu assuma a Aldeia do Papai Noel, fazendo a cortina, em troca o Estado faz todo o recapeamento da RS-235, que vai da Várzea até a Serra Grande, que está um caos, uma buraqueira, uma peneira. Precisamos fazer urgente, mas é uma estrada do Estado, se fizer posso ver penalizado”, revela.
Promessas e estudos
Uma promessa feita pelo governo do Estado diz respeito à recuperação de um trecho da RS-115, nas proximidades com a Moreira. O local está com sistema pare e siga, devido à erosão do pavimento.
“Mais 15, 20 dias estará pronta. O que nos faltará será a BR-116, que final de julho deverá ter a ponte de ferro instalada. Ao mesmo tempo, o governador deu a notícia que a ponte definitiva está em projeto. Mais uns dias as estradas todas estarão 100% recuperadas, nosso principal problema é o aeroporto, isso é algo que ainda não tem solução, não tem previsão. Vamos acompanhar semana a semana”, comenta Nestor.
Eduardo Leite, na sexta-feira, também afirmou que o governo estadual tem interesse em fazer estudos para definir áreas de risco na cidade da Serra. “Vamos ver estudos de topografia. O Estado está conversando com empresas, vendo referências, podemos fazer estudos de solo com identificações de áreas de risco, que então, trará opções e busca por soluções, para também a questão das moradias”, frisou o governador.
Sobre as análises, Tissot comenta que prefere que o recurso seja destinado às necessidades de recuperação. “Vou barganhar para que me libere para os projetos, pois tenho dois geólogos contratados pela prefeitura, estão trabalhando direto”, explica.
Em entrevista, Nestor também contou que na semana que vem os profissionais vão “estacionar” na Piratini e na Emílio Leobet. “Para estudar simultaneamente e entender o que ocorreu ali, dando o diagnóstico. Mas o que já sabemos é que serão obras de valores altíssimos, assusta mesmo. De antemão já digo, mesmo com ajuda federal, estadual e municipal, não teremos condições de fazer as obras juntas, teremos que ir priorizando”, finaliza.
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