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EDUCAÇÃO

Gramado inicia processo de implementação do ensino fundamental em tempo integral

Quatro escolas aderiram ao projeto neste ano; professores destacam benefício para o aprendizado dos estudantes

Mônica Pereira
Publicado em: 21/06/2024 às 13h:40 Última atualização: 21/06/2024 às 14h:14
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Os alunos do ensino fundamental de quatro escolas de Gramado estão tendo uma rotina diferente. Desde o início do ano letivo, o tempo integral começou a ser implementado na cidade. Com aproximadamente 6,2 mil estudantes na rede municipal, a falta de espaço físico é um dos desafios para ampliar a oferta em todo o município.

Comunidade escolar da Alberto Pasqualini, na Linha Araripe, aderiu ao projeto



Comunidade escolar da Alberto Pasqualini, na Linha Araripe, aderiu ao projeto

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

A secretária da Educação, Simone Tomazelli, conta que a ampliação da carga horária está prevista no Plano Municipal de Educação, instituído em 2014. Com toda a educação infantil já contemplada, uma nova etapa iniciou em 2024.

Algumas mudanças começaram a ser executadas nos últimos anos, como a volta do pré 1 e 2 para a educação infantil. Assim, crianças de 0 a 5 anos frequentam as escolas durante todo o dia. “Mas, nesse processo, temos escolas que ainda estão com turmas de pré 2 em meio turno, pois foi uma opção dos pais. Muitos não precisam ou não querem que os filhos fiquem todo esse período na escola”, descreve a secretária.

Simone frisa que as decisões estão sendo tomadas em consenso com a comunidade escolar. No caso do ensino fundamental, por exemplo, quando uma escola é inserida no programa, passa a existir a obrigatoriedade da frequência em dois turnos.

“Existe uma ideia equivocada da escola em tempo integral. Em alguns municípios, há disciplinas em um turno e, no outro, matérias que não são obrigatórias. A gente precisa destacar que isso não é um assistencialismo, tem uma intencionalidade pedagógica. Em Gramado, as disciplinas obrigatórias e as diversificadas são entrelaçadas ao longo do dia”, explica.

Possibilidade de ampliar para mais escolas

Simone Tomazelli



Simone Tomazelli

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Atualmente, as escolas que aderiram à iniciativa são as três rurais, Padre José Scholl, Carlos Barbosa e Alberto Pasqualini, além da Vicente Casagrande, no Altos da Viação Férrea. A escolha ocorreu devido à disponibilidade de espaço e por questões relacionadas à vulnerabilidade social. Neste ano, são aproximadamente 160 crianças do ensino fundamental no tempo integral e as cerca de 3,2 mil da educação infantil.

A secretária pondera que algumas instituições estão recebendo ou receberão obras de ampliação e o programa também será apresentado para apreciação. “Mais escolas poderão ser incluídas no próximo ano. Novas salas serão construídas na Mosés Bezzi, na Maximiliano Hahn e Caic. Além disso, temos a previsão de concluir a escolinha Raio de Sol e, com isso, a Nossa Senhora de Fátima também terá mais espaço disponível”, comenta.

Não há um prazo estimado para que toda a rede municipal tenha aula em tempo integral. Simone pondera que é preciso mudanças de logística do transporte, alimentação e contratação ou ampliação da carga horária de trabalho dos servidores. A estimativa é que, englobando todos os custos, sejam investidos R$ 500 mil neste ano para manter os 160 alunos do ensino fundamental o dia todo na escola.

“O que está previsto é 50% da rede em turno integral. Contando com a educação infantil, já atendemos a meta. Lógico que nós queremos proporcionar para outras escolas também”, prospecta a secretária, afirmando que a Prefeitura recebe em torno de R$ 250 mil por ano da União de ajuda de custo para o programa.

Segundo ela, a proposta aumenta o desenvolvimento das múltiplas habilidades dos estudantes. “Tendo o aluno mais tempo na escola, consegue-se um acompanhamento do professor por mais tempo e é possível oferecer atividades complementares que vão enriquecer o aprendizado, e que em uma carga horária menor não é possível”, ressalta.

Mais oportunidades para teoria e prática



Os alunos de 1º a 5º Ano da Escola Alberto Pasqualini, na Linha Araripe, estão se adaptando aos novos horários. As aulas iniciam às 8 horas e seguem até o meio-dia. Depois, há uma hora para almoço e descanso. À tarde, os estudos ocorrem das 13 às 17 horas. Ao logo do dia, eles têm horários de lanche e pequenas pausas. “Eu gosto porque temos três recreios”, brinca Jonathan Castro, de 9 anos. “Eu ficava de manhã em casa e não tinha nada para fazer, é bem melhor vir para a escola”, acrescenta.

Para a professora das turmas de 1º e 2º Ano, Glaucia Schabarum, ter as crianças o dia todo na escola significa qualidade. “Além da teoria, a gente consegue também a prática, de forma lúdica, usando brincadeiras”, aponta. Resultado do projeto de Ciências, os estudantes mostravam orgulhosos as experiências que fizeram com materiais, aprendendo sobre meio ambiente.

Para Tatiana do Nascimento, professora do 3º ao 5º Ano, ter mais tempo para trabalhar as matérias é fundamental. “Para fixar o conteúdo, estamos trabalhando o raciocínio lógico e os cálculos através de jogos. Isso se torna divertido e menos maçante para eles”, reforça. Recentemente, maquetes sobre o sistema solar foram produzidas pelos alunos.

Ambiente propício para o aprendizado

Parte da equipe pedagógica da Alberto Pasqualini



Parte da equipe pedagógica da Alberto Pasqualini

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

A Alberto Pasqualini, que tem 46 alunos no total, recebeu um investimento de R$ 996,7 mil da Prefeitura para reformas e ampliação, que foram inauguradas em março deste ano.

A diretora Roberta Grossmann adianta que novos espaços estão sendo planejados para melhorar o conforto dos estudantes. “Vamos colocar uma televisão e computadores para que eles possam utilizar no período de intervalo, principalmente quando estiver chovendo e frio, quando não é possível ter atividades no pátio”, comenta.

O supervisor pedagógico João Alexandro tem a missão de ficar com as crianças no período de intervalo do meio-dia. “Sempre buscamos propor algo diferente, é criar um ambiente cada vez mais propício para que eles aprendam, mas que seja agradável também”, salienta.

Para ele, a comunidade tende a colher bons frutos do ensino em tempo integral. “Vejo tecnicamente que o ensino integral é muito mais proveitoso. E também conseguimos ficar mais tempo de olho nos alunos. Nesse pouco tempo, já conseguimos perceber crianças com problemas oftalmológicos”, exemplifica.

“Acredito que vai ser excelente porque eles estão aprendendo, sendo assistidos, deixando de passar tanto tempo no celular”, acrescenta Roberta.

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