O Carnaval ainda não tinha nem passado, mas as fábricas de chocolate já estão com o pensamento adiante, mais precisamente, no dia 31 de março, o domingo de Páscoa.
E quem visita as lojas já encontra inúmeros artigos fabricados especialmente para a data. São ovos e coelhos de todos os formatos, tipos e sabores, com o intuito de agradar todos os paladares.
As expectativas são altas pelos estabelecimentos comerciais. Conforme a Associação da Indústria e Comércio de Chocolates de Gramado (Achoco), que contempla sete empreendimentos da cidade, a produção e venda deve ter alta de 10% em relação ao período do ano passado. Serão aproximadamente 650 toneladas produzidas.
Mesmo com o crescimento dos preços dos insumos, a absorção não deve impactar nos valores praticados ao consumidor – que devem permanecer os mesmos em relação ao ano passado.
“Gramado é a capital nacional do chocolate artesanal, mas não temos pé de cacau. Nosso cacau vem da Bahia, Espírito Santo, então impacta o transporte rodoviário, com a subida do diesel, por exemplo”, justifica o presidente da Achoco, Fabiano Contini.
As fábricas que possuem selo de indicação geográfica seguem regras rígidas, como fabricação da própria massa – o que encarece, também, o produto.
“O mercado está cada vez mais consumindo produtos de qualidade, querendo itens com selo de identidade geográfica, autênticos. O consumidor lê as embalagens e pensa antes de comprar e nossa demanda está cada vez melhor”, revela o representante da entidade chocolateira.
Mais buscados
Os produtos alusivos à Páscoa são os mais procurados pelos clientes. “Ovos e coelhos são buscados como carro-chefe, para fazer as tradicionais cestas. Mas o público também busca nessa época bombons”, comenta Contini.
Com um público firmado e com tipos de chocolates preferidos – como ao leite e branco -, a fabricação inicia antes mesmo do Natal. Foi em outubro que as fábricas mudaram suas linhas de produção para trabalhar não apenas itens que são recorrentes, mas também pascoais.
“A gente começa a falar de Páscoa, quando termina a Páscoa. Termina uma, já pensamos nos produtos da próxima”, brinca o membro da Achoco.
Novas lojas e fábrica marcarão mercado nos próximos meses
Antes da Páscoa, a Chocolate Gramadense promete novidades. Uma nova loja será aberta na avenida entre Gramado e Canela, próximo ao Hotel Bertoluci. A estimativa é que a inauguração ocorra no início de março.
“Será uma loja temática, com o conceito fábrica de chocolate, que dá continuidade ao projeto da loja de fábrica, com engrenagens, automatizações, túneis”, revela Ezequiel. de Lima.
O empreendimento, que está em obras desde 15 de janeiro, terá estacionamento para veículos leves e grandes e terá 200 metros quadrados. Além dos produtos próprios da marca, abrigará cafeteria e sorveteria.
Ainda antes da data comemorativa, a Chocolataria Gramado, que conta com oito lojas, abrirá a nona, no Paraná.
E as aberturas não param. A marca já possui planos de expandir a fábrica. E a proposta deve se tornar realidade já no mês de abril. Localizada atualmente no bairro Mato Queimado, a indústria deverá ocupar após a Páscoa um prédio de 26 mil metros quadrados, na área industrial, na Várzea Grande.
LEIA TAMBÉM
“Estamos reformando e fazendo adaptações. O objetivo com essa mudança é dar condições ao aumento da produção”, conta Fabiano Contini.
Cerca de 10 mil ovos por dia
Alex Chaves é gerente de Qualidade na Chocolate Gramadense e conta que a rotina dentro da fábrica, nessa época, é de muita produção.
“São cerca de 10 mil ovos feitos ao dia. Usamos o que a tecnologia oferece, mas aqui temos muitos processos e momentos artesanais, é algo que faz parte do chocolate de Gramado. E assim que os caminhões vêm e buscam o produto, aceleramos o ritmo novamente”, conta, reiterando que todos os itens do catálogo têm estoque.
“Representa de 45% a 55% da produção anual”
Na Chocolate Gramadense, a Páscoa já é assunto na fábrica desde outubro. No empreendimento, são estimadas de 100 a 110 toneladas de chocolate. Para a marca, o período é considerado um dos mais importantes do ano.
“A Páscoa representa de 45% a 55% da nossa produção anual, que é de cerca de 200 toneladas. Já estamos com 70% produzido”, reitera o diretor da marca, Ezequiel Dias de Lima. O crescimento nas vendas é estimado entre 5% e 8%.
Na loja, para o período onde o chocolate é o item mais procurado no País, o público encontrará mais de 100 itens diferentes, sendo 50 específicos para a data. São produtos que variam de R$ 6 a R$ 100. “O que mais tem saída é o ovo ao leite, mas temos percebido uma grande demanda pelo 70%”, explica o responsável.
A Gramadense trabalha não apenas com turistas e público em geral. Vendas corporativas são grandes no estabelecimento, que comercializa no Estado, além de Santa Catarina e Paraná. “É o nosso carro-chefe,sempre foi. A empresa monta uma loja da marca dentro e o profissional tem a oportunidade de comprar o produto com preço especial e facilidade no pagamento”, justifica.
A fábrica possui dois centros de distribuição, uma em Lajeado e outra em Curitiba. Com isso, pedidos desde novembro já foram solicitados. Uma associação de funcionários de Santa Catarina, por exemplo, com mais de 20 mil empregados, já fez encomenda.
De R$ 10 a R$ 500
A Chocolataria Gramado deve produzir 140 toneladas para a Páscoa deste ano e calcula um crescimento de 10%. Cerca de 80% da produção estimada para esta época do ano já está pronta. Lojas multimarcas e supermercadistas estão entre os clientes da fábrica, que possui itens entre R$ 10 a R$ 500.
Para 2024, pretendem trabalhar forte com os ovos trufados. “Aumentamos a linha e agora homenageamos os pontos turísticos de Gramado nas caixas”, conta Fabiano. Sabores de paçoca, cookies, banoffe e brigadeiro estão disponíveis. Para dar conta da demanda, são 60 funcionários que trabalham em diferentes turnos.