APOIO PARA DEIXAR O VÍCIO

Gramado conta com sede do Narcóticos Anônimos para ajudar quem quer largar as drogas

Encontros ocorrem três vezes por semana e o único requisito é desejar sair da dependência química

Publicado em: 31/03/2023 03:00
Última atualização: 29/02/2024 08:39

"É um processo e não é fácil". A frase é de um ex-usuário de drogas, que conseguiu largar o vício depois de muita força de vontade e apoio. O homem, que não será identificado, é um dos integrantes do Grupo Novo Começo, do programa Narcóticos Anônimos (NA), em Gramado.

Narcóticos Anônimos em Gramado Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Os encontros ocorrem três vezes por semana. Nas segundas e quartas-feiras, às 20 horas, são destinados somente às pessoas com dependência química, e, nos sábados, às 18 horas, abertos também para familiares. As reuniões são realizadas na sede do grupo, localizada na Rua São Pedro, número 976, perto do Posto Kappes. Na área, cedida pela Prefeitura mediante manutenção, há, ainda, grupos dos Alcoólicos Anônimos (AA).

Todo o trabalho de conservação da sala e organização das conversas do NA é feito pelos próprios membros. Apesar de não pagar aluguel, as contribuições espontâneas coletadas entre os participantes são destinadas para custos como água e luz.

E os momentos em conjunto são para ouvir, refletir e, quem quiser, compartilhar. "O único requisito para ser membro é desejar parar de usar drogas", conta um dos participantes.

Em Gramado, o grupo atua desde 1995, contando, atualmente, com cerca de 20 pessoas. "É um comprometimento, reaprender a viver em sociedade. O programa é espiritual, mas não tem uma religião específica. Qualquer pessoa pode participar, independente da idade, sexo, condição financeira", reforça. O anonimato é uma das prerrogativas e ninguém que esteja no grupo pode ser identificado.

Outro ponto descrito é que o grupo não aceita doações de não membros, para que o programa não tenha vínculos com nenhuma instituição ou entidade. Cada pessoa que ingressa no NA conta com um padrinho que lhe auxilia no processo de recuperação.

"Comecei a usar drogas com 13 anos, como uma forma de fugir da realidade. Perdi tudo. Eu estava na sarjeta quando decidi que não queria mais aquela vida. Vi sobre a existência do grupo em uma matéria de jornal e resolvi entrar. Eu sou a prova viva de que é possível, mas é preciso querer", destaca o ex-usuário.

Sede do Narcóticos Anônimos, na Rua São Pedro Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

83 usuários abordados pela BM

Capitão Montini Foto: Brigada Militar
Os crimes relacionados à posse e ao tráfico de drogas em Gramado representaram cerca de 12% das ocorrências atendidas pela Brigada Militar nos primeiros meses de 2023. Conforme dados do próprio órgão, até o dia 21 de março, 83 pessoas haviam sido detidas por posse de entorpecentes, e sete por tráfico.

O comandante da Brigada Militar do município, o capitão Marcelo Junior Montini, atesta que várias ações estão ocorrendo na cidade para evitar os crimes, principalmente com abordagens de pessoas e veículos, barreiras e operações de visibilidade e presença dos policiais. "Esses esforços acarretam em um maior número de prisões, uma vez que intensificamos as abordagens e, como consequência deste aumento, está o aumento no número de prisões", aponta.

Uma das realidades enfrentadas pelos policiais é a reincidência dos crimes referentes às drogas.

"Porém, nós, como policiais militares, somos profissionais. Nossa missão é prevenção e repressão. Quem julga é Poder Judiciário, através de denúncia do Ministério Público. Nosso trabalho é dar embasamento para que os indivíduos permaneçam presos, cumprindo assim nossa missão constitucional. Por mais que ocorra a reincidência, nosso trabalho será realizado quantas vezes forem necessárias", diz o capitão.

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