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HISTÓRIA DOS ANTEPASSADOS

GRAMADO: Casa Italiana revitaliza estrutura e prepara comemorações pelos 150 anos da Imigração em 2025

Memorial fica localizado na Praça das Etnias e deve reabrir porão para visitação nos próximos meses

Fernanda Steigleder Fauth
Publicado em: 31/12/2024 às 11h:49 Última atualização: 31/12/2024 às 12h:47
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A história da Imigração Italiana, dos primeiros colonizadores, dos antepassados. É dentro do Memorial Casa Italiana que diversas memórias são guardadas e preservadas. Localizada na Praça das Etnias, nem sempre ela esteve por lá.

Memorial Casa Italiana, na Praça das Etnias



Memorial Casa Italiana, na Praça das Etnias

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Na verdade, foi trazida no início dos anos 2000, do Loteamento Mazzurana, para a área central. “A casa pertenceu à família Peteffi, descendentes de italianos que moravam na Serra Grande. Ela foi construída em 1935, praticamente original, apenas as divisórias foram retiradas. E ela ia ser demolida. Então na época foi feita uma composição com a Prefeitura, que compra a residência e traz para cá. E monta exatamente como estava”, explica o historiador Gilnei Casagrande.

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“Para não perder a história, é uma das poucas casas ainda em Gramado e, por estar no Centro, é um patrimônio material que, nem nós nos damos conta. E ouço isso pelo pessoal que vem aqui, e já veio bispos, embaixadores, políticos”, complementa.

O espaço é cedido pela Prefeitura atualmente e a entidade Circolo Trentino faz a gestão.” Desde julho de 2023, demos uma reformulação em toda a parte feminina do museu, com materiais de cozinha, quarto e utensílios de casa. E o subsolo está em fase de conclusão, com separação dos materiais que serão mantidos e aí será transformado e aberto para visitação, como um espaço da parte masculina, onde estão as pipas, ferramentas”, explica o presidente Pedro Andreis.

Pedro Andreis está à frente da gestão da Casa Italiana



Pedro Andreis está à frente da gestão da Casa Italiana

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Nos últimos meses, um procedimento de revitalização nos cerca de 300 metros quadrados foi feito, tanta na parte externa do imóvel, quanto no interior. Antes das chuvas, cerca de R$ 15 mil foram usados para reformular a área interna. “Conseguimos recurso para fazer toda a manutenção da casa. Foi investido R$ 40 mil na reforma, com nova pintura, canalização da água, melhorias na infraestrutura, inclusive nos últimos dias fizemos dedetização contra os cupins”, coloca Pedro.

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“Colocamos as prateleiras, armários. E seguramente, com o que temos no porão, teremos um novo museu em Gramado. Se você construir um museu específico do colono homem, dificilmente encontrará algo parecido em outra localidade”, completa Gilnei.

2025 será ano de comemorações

Em 2025 o Círcolo Trentino fará 25 anos. Ainda, há as comemorações pelos 150 anos da Imigração Italiana no Estado. Várias ideias são pensadas, para que seja um ano festivo.

“Quando entro aqui e olho, penso como demos um grande passo e penso em como temos ainda o que fazer”, cita Gilnei.

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Uma das propostas é a colocação de um monumento, porém, ainda está em fase inicial e dependerá da aprovação de licenças e conforme recursos financeiros. “Mas vai ser maravilhoso se conseguirmos, vai ser um marco de visitação muito grande, pois vai buscar todas as origens, como cresceu, desenvolveu, algo muito bacana”, revela Pedro.

“Também estamos construindo um grande toten, para apresentação dos 150 anos, que será colocada aqui na frente, vai ser uma grande peça que retratará a colonização”, comenta o historiador.

A ideia é que o porão seja aberto para visitação ainda no primeiro semestre. O local conta com as pedras originais da construção, que eram encaixadas uma a uma. “Pretendemos que haja o acesso interno, através de uma escadaria, para que as pessoas possam entrar num lugar e sair em outro”, explica. O projeto é possível, pois o cumprimento dos dois andares é exatamente igual.



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“Ainda temos que fazer ajustes, por problemas de infiltração de chuva, que existe porque o telhado não tem calha e há um desnível da rua. Mas o básico já está pronto, já foi feito”, relata Pedro.

No local, além das pipas, há garrafas de vinhos e espumante antigas, como da Vinícola Petrônios, de Gramado, onde hoje fica a Biblioteca Cyro Martins.

No sótão, estão materiais que foram levados para o Memorial, porém, que não pertencem à cultura italiana, e sim, portuguesa e alemã. A ideia é que os materiais sejam organizados ainda no próximo ano e sejam destinados à Casa Portuguesa – imóvel ao lado na Praça das Etnias – e ao Memorial Alemão, que foi inaugurado no Parque Knorr.

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Os trabalhos com as escolas devem ser intensificados. Visitações, contação de histórias e esquetes são projetos.

A cada 30 a 60 dias, também um filó tem acontecido na Casa Italiana. “É um encontro com associados, um músico, gaiteiro ou cantor é convidado. A gente escuta música, canta, bebe e come, um festerê, bem italiano”, fala Pedro. O objetivo é manter ao longo dos próximos meses, assim como as sessões de cinema, que acontecem no porão.

Outras programações são organizadas em 2025. “Em maio teremos uma grande programação, pelos 150 anos. Vamos receber um grupo de 40 líderes da Itália, que virá para cá, e os Círcolos Trentinos, que são mais de 20 no Estado, e fazer alguns eventos durante esse período. Vamos fazer bastante integração, com apresentações musicais, teatrais”, diz. “E temos dentro da comunidade, na cidade, corais que se apresentam, gente que precisa ser vista”, complementa Pedro.

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Uma exposição com um grupo de artistas plásticas também é planejado. “Elas vão escolher uma foto e cada uma vai pintar um quadro, para deixarmos exposto em dias de tempo bom, para o pessoal conhecer nosso interior”, revela Andreis.

De volta ao passado

O acervo foi montado a partir de doações de famílias da cidade e região. Panos de prato e toalhas bordadas, ferramentas, fogão a lenha e até mesmo uma bíblia escrita em italiano – e uma das peças mais antigas – podem ser visualizadas por quem vai até a localidade, que abre diariamente. São, pelo menos, entre 400 e 500 materiais.

Cada peça possui um bilhete, onde está escrito quem fez a doação. Os objetos não têm as datas de origem, muito porquê a história foi sendo repassada de forma oral. “A datação do material se perde não por relaxamento, mas porque nossos antepassados não eram letrados, não registravam. Tudo foi sendo pela história oral, do avô para o pai, e se não registra, perde-se”, explica o historiador Gilnei Casagrande.



A presença de cada item provoca sensações diferentes entre os visitantes, conforme as memórias de cada pessoa. “Tem muita experiência aqui, as pessoas não tem mais isso e Gramado abre esse destino, por estarmos em um ponto privilegiado, com os fornos, atrai. Essa casa tem um significado muito importante para todos, para o turismo, e nossa função é não deixar a peteca cair”, frisa.

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Atualmente, novos itens passam por uma curadoria. “Muita gente começou a trazer excedentes, coisas que realmente não queriam mais. E hoje temos esse cuidado para receber materiais que contem alguma história, que tenham relação”, justifica Andreis.

Visitações

Foram mais de 4,4 mil visitações ao Memorial apenas em 2024. O número poderia ser acima dos 10 mil, caso não tivesse ocorrido a catástrofe climática. “Tivemos semana que tivemos um visitante, outra sem ninguém”, coloca Gilnei.

Atualmente, é cobrado um valor de ingresso a R$ 5, como forma de obtenção de recursos para um fundo, que cobre as despesas necessárias de preservação e revitalização. Em casos de investimentos mais aprofundados, são buscadas parcerias com empresas e amigos.

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A Casa abre das 10 horas ao meio-dia e das 13 horas às 17h30, diariamente. “Para o próximo ano, se conseguirmos com que o porão possa ser aberto ao público, pretendemos estender até umas 19 horas, para aumentar o leque da receita e proporcionar uma visitação a um espaço que poucas pessoas têm a oportunidade de conhecer”, afirma Pedro.

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