Soltos, caídos, cortados, acumulados e emaranhados. Os postes de Gramado concentram, cada vez mais, cabos de companhias de Internet e de telefone. E as dezenas de fios ligados em uma mesma estrutura não apenas causam impacto negativo na imagem das ruas, mas também representam perigos com eletricidade e risco de acidentes, para pedestres e motoristas.
A reportagem do Jornal de Gramado andou por diferentes vias, tanto do Centro, quanto de bairros. Na área central, a Rua São Pedro é uma das mais críticas. Há fios soltos e cortados, onde pedestres precisam fazer desvios para não encostar. Ainda, há postes com dezenas de cabos enrolados e com nós, que não permitem identificar de qual empresa o equipamento pertence.
Entre um poste e outro, ainda há o excesso de fiação – que pesa ou, ainda, tem comprimento maior do que o necessário -, o que faz os cabos ficarem soltos. Essa situação apresenta um risco principalmente para veículos de grande porte, como caminhões e ônibus, que já têm passagem proibida na Avenida Borges de Medeiros.
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Falando de Centro, a Rua Garibaldi, que em 2023 recebeu um mutirão de limpeza de provedores de Internet, ainda apresenta problemas com excesso de fios. Na Borges, nas proximidades do Corpo de Bombeiros, a ocorrência se repete.
O problema ainda é visto com frequência em bairros, como no Avenida Central e Várzea Grande.
Situação antiga
Após análise da reportagem, é possível observar um aumento do número de fios, assim como de problemas devido ao excesso de fiação. O JG acompanha a situação há, pelo menos, cinco anos, quando, em 2019, uma lei foi aprovada e entrou em vigor para regularizar a situação dos cabos inutilizados em postes de energia elétrica.
A legislação prevê que a empresa concessionária ou permissionária de energia elétrica – no caso, a Rio Grande Energia (RGE) -, fica obrigada a realizar manutenção, conservação, remoção, substituição, alinhamento e retirada de fios. As fiações, ainda, devem ser identificadas e instaladas de forma separada.
Já em 2021, a Prefeitura se reuniu com empresas de Internet e telefonia e foi dado um prazo de 30 dias para que as correções das fiações expostas fossem ajustadas. Caso não fosse feito, a RGE ficava autorizada a retirar os cabos e aplicar multa.
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Em 2023, o JG fez uma reportagem para apresentar se havia mudanças ou não. A ação resultou em um mutirão, ainda no primeiro semestre. Contudo, após, novas ações não foram feitas. A falta de fiscalização, a ocupação clandestina e a troca de postes, aliadas ao maior número de empresas de Internet, é que determinam o caos, como apontam pesquisas da associação de provedores, a InternetSul.
Diversos mutirões seriam necessários para amenizar situação
Conforme o conselheiro da InternetSul, Alexandro Schuck, diversos mutirões, liderados pela Prefeitura, seriam necessários, com bloqueio de ruas. A reportagem entrou em contato com o Executivo, mas não obteve retorno.
Uma campanha nacional chamada Poste Limpo já existe e trabalha para organizar as fiações. Contudo, segundo Alexandro, não existe um modo de operação definido. “O processo de limpeza e organização é complexo. Enquanto alguns colaboram, outros não se envolvem. E dependemos da nova resolução conjunta entre Aneel e Anatel, que introduz a figura do ‘posteiro’ responsável por fiscalizar e executar essas ações de limpeza. No entanto, essa realidade ainda parece distante”, lamenta o profissional.
“Mais e mais fios”
O problema revolta moradores e empresários da cidade. Um gramadense, que pediu para não se identificar, chegou a descer do carro, pois um fio estava sobre a vaga de estacionamento e ficou com receio de colocar o veículo na vaga. “É um horror, é fio sobre fio, não sabe nem de que empresa é”, coloca.
Já Eduardo Dal-Ri Borges reside e trabalha na Rua São Pedro. A família possui uma loja há 70 anos no mesmo local e, para ele, a situação só tem piorado. “O problema já se estende por alguns anos. Com as novas operadoras de Internet, a situação começou a piorar, principalmente neste último ano. Os fios começaram a cair, os emaranhados ficando cada vez mais densos”, conta.
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O morador chegou a ir até a Câmara de Vereadores, para solicitar uma intervenção, mas não obteve êxito. “Estamos nos direcionando para o fim do ano e não vi nada acontecer. A única coisa que vejo são mais e mais fios sendo colocados e amarrados. Acho um descaso com os moradores e empreendedores”, diz.
Para ele, a medida impacta economicamente e na segurança. “Nós recebemos um número muito menor de turistas e acredito que um dos motivos seja a falta de estrutura e beleza da rua. Já vimos também fios se enroscando em caminhões, pessoas tropeçando, são situações comuns”, finaliza.