O Festival Internacional Literário de Gramado (FiliGram), que ocorrerá entre os dias 3 e 9 de junho, divulgou a homenageada na categoria Autor Contemporâneo. Será a escritora Cidinha da Silva, que tem obras que discutem temáticas de africanidades e ancestralidades no mundo contemporâneo.
Ela é autora de 17 livros, entre contos, crônicas, teatro, texto infanto-juvenil, de ficção e não-ficção. Possui obras traduzidas para o alemão, catalão, espanhol, francês, inglês e italiano. E é baseada nesta importante bibliografia que a escritora irá receber a homenagem.
Este ano, o evento traz a provocação “Qual o lugar da palavra?” como tema, uma pergunta que a autora consegue responder de maneira ampla e diversa, a partir de sua trajetória.
“Por meio dela, somos capazes de incentivar, enaltecer, gerar saúde… mas também é possível provocar doenças, matar. Isso é observado a partir da intencionalidade da mesma, da forma e força com a qual ela é proferida e impacta diretamente no receptor da mensagem. Palavra é força, palavra é poder e o uso da palavra depende da nossa intencionalidade, da escolha que fizermos, do tipo de energia que colocamos naquilo que é falado”, pontua Cidinha.
A escritora teve seu livro Os nove pentes d’África, em setembro de 2020, recomendado para uso por escolas públicas de todo o país para alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. A obra, publicada há mais de dez anos, faz parte da bibliografia que tornou-a conhecida e lida, mesmo sem contrato com editoras em larga escala.
Além desta conexão com a educação, ela também encontra sinergia com o FiliGram através de outro eixo temático: as viagens. “Acredito que combina muito com o que eu escrevo. Entendo meu trabalho como uma literatura de trânsitos: entre lugares, entre mundos, entre visível e invisível. Observo que Um Exu em Nova York foi uma obra que utilizou este exercício criativo e serviu de esteira para outras tantas que pude ler depois, mas que, infelizmente, não recebi o crédito pela inspiração gerada”, comenta.
Para uma das curadoras do FiliGram, Naiana Amorim, Cidinha é figura de destaque pelo extenso legado que já oferece. E ainda reitera que a autora homenageada atua como “uma área internacional na encruzilhada dos tempos, inclusive no cotidiano. Diáspora e presente olhados nos olhos.”
Além da já anunciada homenagem In Memorian, concedida ao escritor Caio Fernando Abreu, o FiliGram deve anunciar em breve mais um tributo a outro nome do setor: o Prêmio Empreendedor Literário, entregue para expoentes do mercado editorial que buscam promover e manter a literatura como uma força cultural.
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