As últimas duas placas de cimento estão com as respectivas mãos eternizadas. É o último dia de Calçada da Fama, que teve como homenageados Jorge Furtado e Sophie Charlotte. Eles participaram da ação nesta sexta-feira (16), em Gramado, pelo Festival de Cinema.
O cineasta gaúcho é considerado um dos maiores nomes do audiovisual brasileiro. Além de entrar para o hall de artistas que estará nas quadras da Avenida Borges de Medeiros, ele recebeu no Palácio dos Festivais o Troféu Eduardo Abelin, honraria concedida a diretores que impactaram positivamente o setor no País.
Já Sophie Charlotte viajou 12 horas até o Rio Grande do Sul para conferir a première mundial de Virgínia e Adelaide, longa-metragem que integra elenco, com direção de Furtado e Yasmin Thayná.
Em coletiva de imprensa durante à tarde, no Buona Vitta Resort, ela contou que ainda não conferiu a produção pronta. “Eu não vi o filme, estou muito curiosa. Percorri 12 horas, para vocês verem a curiosidade da pessoa”, brinca.
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Première
Durante a noite, o público pode conferir a première mundial de Virginia e Adelaide. A história trata sobre a história de duas psicanalistas, uma negra, Virginia Bicudo, interpretada por Gabriela Correa, e outra Adelaide, personagem de Sophie, uma médica e psicanalista autodidata, judia alemã e branca. As duas se encontraram em 1937, um ano após a chegada de Adelaide ao Brasil, ao fugir da perseguição nazista.
“As duas mulheres, tanto a Virginia, quanto a Adelaide, são racializadas diante de uma estrutura política instaurada na época, que o filme perpassa. Uma vivendo o racismo no Brasil e outra vinda da Alemanha, judia”, coloca a diretora Yasmin. “Eu topei fazer esse filme porque normalmente meu trabalho não fica na opressão, no sofrimento, é diante disso, o que podemos fazer. Então esse filme não necessariamente de feridas e coisas que vão nos chorar, é sobre a resiliência delas, o que fizeram, o que contribuíram em pensamento para a psicanálise no País”, complementa.
Para Sophie, que fez quatro filmes em dois anos, um dos desafios foi traduzir e interpretar o sotaque. “Minha mãe, minha avó, de ancestralidade alemã, que possui a cultura desse país, jeito, pensei muito nelas para entender esse choque cultural e interpretar Virginia. E o que surge de bom, belo, revolucionário. É um filme que tem muita informação. A grande questão era como conseguir colocar sotaque, porque estava há um ano, estava aprendendo a língua”, explica a atriz.
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Ato de resistência
Sophie ainda afirma a alegria em retornar ao Festival de Cinema, mesmo diante da catástrofe climática que marcou o Rio Grande do Sul entre abril e maio.
“Poder estar aqui em Gramado, depois de tudo o que aconteceu no Estado, mexeu muito comigo, com a gente, conhecemos esses lugares, fizemos cinema em Porto Alegre. E o filme é resultado de muita coisa, roteiro e encontros da equipe, com tantas histórias”, coloca.
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