O portoalegrense e diretor de produções audiovisuais Jorge Furtado será o homenageado pelo Festival de Cinema de Gramado, com o troféu Eduardo Abelin. Comemorando 40 anos de carreira, é um dos fundadores da Casa de Cinema na capital, um dos mais importantes núcleos do setor no País.
A entrega do reconhecimento, concedida a diretores, cineastas e entidades do segmento, pelo trabalho feito em benefício do cinema brasileiro, será no dia 16 de agosto. O cineasta Carlos Reichenbach foi o primeiro a receber a honraria, em 2001. Juntam-se a ele nomes como Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Carla Camurati e Laís Bodanzky.
A programação do Festival de Gramado contará, ainda, com a première mundial da nova produção da Casa de Cinema de Porto Alegre em coprodução com a Globo Filmes, em exibição hors concours (fora de competição). A exibição de Virginia e Adelaide ocorrerá após a entrega do troféu a Jorge Furtado, que assina o roteiro do filme e divide a direção com Yasmin Thayná.
O longa-metragem narra, parte em linguagem ficcional e outra parte documental, o encontro entre duas mulheres emblemáticas: Virgínia Leone Bicudo e Adelaide Koch. Virgínia foi a primeira pessoa a fazer psicanálise e a primeira psicanalista formada no Brasil, além de uma das primeiras professoras universitárias negras. Adelaide, mulher judia e psicanalista formada por um discípulo direto de Freud, veio para o Brasil em fuga do regime nazista na Alemanha. As duas se conheceram em agosto de 1937, em São Paulo, e, juntas, revolucionaram os estudos da psicanálise, abrindo espaço para as que vieram depois.
O elenco é composto pelas atrizes Gabriela Correa e Sophie Charlotte.
Sobre Jorge Furtado
O cineasta cruzou os caminhos da medicina, psicologia, jornalismo e artes plásticas, mas quis o destino que se tornasse um dos mais emblemáticos diretores, roteiristas e produtores do audiovisual brasileiro. Mesclando linguagens documental e ficcional, criou obras sensíveis que trazem dilemas brasileiros em uma linguagem universal, capazes de capturar sensações e perturbações de qualquer espectador.
Começou sua carreira profissional na televisão, ainda na década de 1980. Em 1987, foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, a qual integra até hoje.
Nas telonas, dirigiu marcos do cinema produzido no Rio Grande do Sul e se tornou conhecido como realizador de alguns dos melhores curtas do cinema nacional, como “O dia em que Dorival encarou a guarda” (1986), “Barbosa” (1988) e, principalmente, “Ilha das Flores” (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim. A Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Abraccine, classificou o simbólico filme como o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos.
Com a virada do milênio, estreia como diretor de longas-metragens em “Houve uma vez dois verões” (2002). Com seu segundo longa, “O Homem que Copiava”, chega ao grande público, levando mais de 600 mil espectadores aos cinemas. Por esse, recebeu diversos prêmios, incluindo o de melhor filme nacional no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2003.
Para Rosa Helena Volk, presidente da Gramadotur, autarquia municipal responsável pelos eventos da cidade, a homenagem reforça a potência do cinema gaúcho. “Jorge é um patrimônio do cinema brasileiro e, mais do que isso, um realizador que amadureceu seu trabalho em Gramado. Hoje podemos comemorar os quarenta anos de carreira de um dos maiores nomes do nosso cinema com essa homenagem durante o festival”, diz.
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