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EVENTO

Espetáculo do Natal Luz de Gramado tem dívida de cachês com artistas

Reino de Natal ainda deve 50% do valor do pagamento; empresa afirma que houve grande queda de público e dificuldades no mercado de entretenimento

Fernanda Steigleder Fauth
Publicado em: 14/08/2024 às 18h:37 Última atualização: 21/08/2024 às 14h:19
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Cerca de 13 artistas aguardam o pagamento de aproximadamente 50% do cachê referente ao espetáculo do Natal Luz de Gramado, o Reino de Natal. Produzida por uma empresa terceirizada, a Yeah Entretenimento, o valor total a ser pago para cada integrante do elenco era de R$ 16 mil – o que representa R$ 8 mil de dívida para cada ator e atriz.

O Reino de Natal ocorria no Expogramado



O Reino de Natal ocorria no Expogramado

Foto: Cleiton Thiele/Divulgação

O pagamento deveria ocorrer até janeiro, quando termina a realização dos espetáculos. Entretanto, conforme o proprietário da empresa e produtor cultural Abramo Machado, não houve recursos suficientes para finalizar as pendências.

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“Tivemos grande diferença de público do primeiro para este terceiro ano. As vendas foram muito abaixo do esperado, uma queda violentíssima de visitantes. E a queda não foi apenas nesse ano. A situação ficou muito complicada”, revela.

Segundo Machado, apenas no primeiro ano os cachês foram pagos de forma integral com o retorno dos investimentos realizados, ou seja, a partir do sucesso do atrativo. “No segundo ano também honramos os pagamentos no último dia, mas já tivemos dificuldades, deslocamos recursos de outros eventos que fizemos para quitar”, explica.

“Não estamos parados”

O proprietário da produtora cultural explica que há cerca de um mês, junto ao Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Rio Grande do Sul, trabalha em um acordo com os advogados do elenco.

“Não estamos parados. Estamos buscando recursos, temos ajuda do Sindicato para resolver essa pendência. Não nos sentimos bem com essa questão. A nossa proposta inclui multas e juros, como prevê o contrato”, justifica.

A proposta da Yeah Entretenimento é iniciar os pagamentos a partir de 31 de agosto e quitar em até sete vezes o valor remanescente. Abramo reitera que o parcelamento é preciso devido ao cenário delicado que a cidade se encontra após as chuvas intensas entre abril e maio.

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“A situação turística vive um momento difícil. E isso impacta ainda mais na cultura, nos artistas, sabemos das dificuldades do segmento. O mercado de entretenimento e experiência de Gramado está muito complicado. Várias empresas fecharam ou encerraram contratos, tem restaurantes temáticos à venda. Novos projetos foram trancados com a enchente”, pontua.

A empresa, no momento, aguarda retorno do Sindicato sobre o andamento das negociações, visto que a entidade é a intermediadora dos aceites ou não.

Sindicato se manifesta

O Sated-RS emitiu uma nota sobre a situação. Nela, informa que “o sindicato está profundamente preocupado com a falta de pagamento e está tomando todas as medidas necessárias para proteger os direitos dos trabalhadores. A assessoria jurídica buscou uma intervenção no caso, propondo reunião com a Gramadotur e posteriormente com a produtora Yeah”, diz.

O comunicado ainda reitera que “A Gramadotur se eximiu de qualquer responsabilidade, já a produtora se dispôs a fazer o pagamento de forma parcelada, o que não foi aceito pelos trabalhadores, uma vez que estão desde janeiro aguardando o pagamento. O sindicato manifesta que infelizmente na região da Serra, em especial na cidade de Gramado e Canela, tem havido muitos descumprimentos contratuais e exploração de mão de obra, inclusive o Sated-RS está movendo uma força tarefa para detectar os artistas nessas condições”.

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O Sindicato frisa que “a ostentação do local como um destino turístico de prestígio não pode coexistir com a exploração da mão de obra dos artistas e colaboradores que tornam esse sucesso possível” e que “ignorar suas necessidades e não remunerá-los adequadamente é não apenas injusto, mas uma afronta ao valor que eles realmente trazem para o local”.

Ao final, justifica que “a falta de pagamento está afetando os trabalhadores e suas famílias, que sentem imenso abalo moral, cada um com suas necessidades e histórias, e estão frustrados com toda essa situação”.

Sobre o Reino de Natal

O Reino de Natal é um evento que ocorre em parceria com a autarquia municipal de turismo, Gramadotur. Enquanto as contratações e investimentos são realizados via a empresa privada, a entidade cede o espaço – no caso, o Expogramado – além de segurança, limpeza e auxilia na divulgação e marketing do evento, através da venda de ingressos.

A Gramadotur também emitiu uma nota oficial através do advogado Marcelo Drecksler, após tomar conhecimento do inadimplemento da produtora. “Os valores pactuados no contrato havido entre a autarquia municipal e a referida empresa foram integralmente e tempestivamente adimplidos, nada restando devido pela Gramadotur”, afirma. 

A autarquia ainda afirma que já houve outros problemas relacionados a pagamentos com a Yeah. “No aspecto, importa referir que há casos, provenientes de outros contratos de prestação de serviço, em que houve descumprimento desta empresa, ensejando a instauração de processo tanto no âmbito administrativo, como na esfera judicial. A responsabilidade pela contratação de equipe e cumprimento de todas as responsabilidades trabalhistas, incumbiam exclusivamente à Yeah Entretenimento, sendo tal condição também estabelecida no contrato para elaboração e execução do evento”, frisa.

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O comunicado reitera que “todas as contratações realizadas pela Gramadotur são realizadas em estrita obediência à legislação vigente, seja no aspecto do processo licitatório, responsabilização civil ou criminal, bem como no âmbito trabalhista, mantendo e aprimorando constantemente a fiscalização de cada contrato firmado, objetivando a garantia dos direitos de todas as partes envolvidas”.

A nota encerra com a autarquia municipal lamentando o fato ocorrido, porém, explica que o que cabe a Gramadotur já foi realizado. “Contudo, tal circunstância excede os limites de sua competência, considerando que cumpriu integralmente com suas obrigações relativas ao contrato firmado, em todos os aspectos”, finaliza.

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