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HISTÓRIA PELAS LINHAS DO TREM

Espaço que abriga estação ferroviária em Gramado será reformado

Com investimento aproximado em R$ 250 mil, intuito é reabrir em 2024. Um projeto de lei também que oficializar o local como museu

Fernanda Steigleder Fauth
Publicado em: 20/10/2023 às 03h:00
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Um dos prédios públicos que abriga grande parte da história da construção de Gramado deve ser reformado. É o Espaço Cultural Estação Ferroviária, o Museu do Trem, localizado no bairro Várzea Grande.

Espaço Cultural Estação Ferroviária - Museu do Trem em Gramado



Espaço Cultural Estação Ferroviária – Museu do Trem em Gramado

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Fechado para visitação há um ano e meio, um novo processo licitatório foi aberto para fazer a revitalização da estrutura, que sofre com goteiras e possui rede de energia elétrica antiga. O primeiro não teve interessados.

Conforme o secretário da Cultura, Ricardo Bertolucci Reginato, os recursos utilizados serão próprios da pasta. “Faremos melhorias em toda parte estrutural, na cobertura, toda parte de expografia nova, aberturas, pintura, divisórias, cercamento da parte externa com paisagismo e elétrica, que está precária”, afirma.

O intuito, ainda, é que a reforma leve em torno de quatro a cinco meses. “Meu sonho é que a gente reabra ainda no primeiro semestre de 2024. Aproveitar que no dia 1º de junho a estação completa 105 anos”, pontua o coordenador do espaço cultural, Wanderley Cavalcante, que comanda os trabalhos desde abril deste ano e é pesquisador e historiador da cidade.

Melhorias

De forma paralela, melhorias vêm sendo feitas pela pasta da Cultura e pela coordenação do espaço cultural. Novos banners informativos sobre o sítio histórico ferroviário, a antiga linha Taquara-Canela e sobre o próprio rabicho foram criados.



Esses materiais deverão ser levados para locais públicos, escolas, postos de saúde e até empresas, para que a comunidade se aproxime da história. Denominada Operação Maomé, ela deve ocorrer no próximo ano.

Uma das metas também é promover educação e inclusão social, através de cursos de formação de guia para alunos de 9º Ano e ensino médio.

Wanderley ainda planeja espaços instagramáveis, para atrair os visitantes e turistas. “Queremos reproduzir cenários, como uma venda antiga, com cenografia, uma sala familiar de casa antiga, com rádio, vinis. Também o escritório do agente de linha e recriar uma plataforma, com malas, chapéus antigos, um trilho adesivado”, revela o coordenador.

Tornar museu

Apesar de ser chamado de museu, de forma oficial e jurídica, a antiga estação ferroviária na verdade é um espaço cultural.

Na década de 90, o imóvel foi recuperado por historiadores, sociedade e governo e, em 2008, houve a transformação para o acervo ser exibido e parte da história ser contada.

“A missão é que vire uma referência para quem quer pesquisar sobre memória ferroviária da região, da linha, da Serra, do Paranhana”, coloca o secretário Ricardo.

Ainda nesta semana, o plano museológico foi finalizado, com 12 programas previstos. Conforme o responsável pela antiga estação, uma reunião aberta para apresentar o documento para a comunidade deverá ocorrer. Também, um projeto de lei será encaminhado para a Procuradoria-Geral e após para a Câmara, para que o espaço cultural se torne um museu.

“A ideia é transformar com todas as funções museológicas previstas em lei. O espaço cultural não tem uma obrigação legal de ter um acervo permanente, não tem as obrigações de salvaguarda, proteção, restauro, conservação, catalogação. Na prática, dá um caráter profissional ao local”, justifica Wanderley.

“O museu não é só este espaço aqui, tem toda uma territorialidade”

Wanderley coloca que existem projetos envoltos não apenas no prédio que abriga os artigos. “O museu não é só este espaço aqui, tem toda uma territorialidade. Ele começa desde a localidade Moreira até Canela, e é isso que queremos explorar, mostrar que tem um rabicho, tem as estações. A história está horizontalizada”, explica.

A ideia é que visitante veja como um museu a céu aberto. Uma valorização e requalificação do rabicho, um espaço de manobra onde locomotiva e vagões em marcha a ré realizavam uma subida, como um morro, sem o uso de túneis.

“Como isso vai ocorrer? Com demarcação da linha ferroviária, inserção de totens, apresentar soluções de roteiros histórico-turísticos. Quando apresenta-se isso, cria-se oportunidades para a economia criativa e geração renda”, enfatiza.

Associações

Junto com a apresentação do plano museológico, uma assembleia quer criar a Associação de Amigos do Trem e do Centro de Cultura Várzea. Com a participação voluntária, a entidade de direito privado poderá obter recursos para o empreendimento.

Um quiosque com venda de souveniers, como camisetas, seria um dos exemplos de arrecadação e fomento turístico. Gramado também deverá fazer parte da Associação Regional de Museus.

Acervo digital

Todo o acervo do Museu do Trem está sendo digitalizado pelo coordenador. “Será uma forma de salvaguardar a história e ter uma ferramenta de busca”, coloca o secretário.

O site em breve deverá ser disponibilizado ao público, que poderá fazer pesquisas, baixar arquivos, documentos e até livros na íntegra. De acordo com Wanderley, cerca de 170 itens já foram catalogados. Após, o mesmo trabalho deverá ser efetuado em outros museus.

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