Faltam dois dias para a retomada dos voos no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. Sem decolagens e pousos no terminal há cinco meses, devido à enchente de maio, o setor turístico da Serra gaúcha anseia pelo retorno destes passageiros. Estima-se que, pelo menos, 50% do público que chega à capital, sobe a Região das Hortênsias, para conhecer Gramado e Canela.
O turismo foi duramente afetado pelo menor número de visitantes. Cerca de 86% da economia de Gramado gira em torno do segmento. Antes das chuvas e da catástrofe climática, as expectativas da Secretaria de Turismo do município eram positivas para um crescimento de público. Em 2023, foram cerca de 8 milhões de pessoas que passaram pelas estradas em direção à Região das Hortênsias.
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“Nossa expectativa era passar dos 80% de ocupação hoteleira em 2024, porque todo o comportamento deste ano, de janeiro a abril, estava melhor do que ano passado. Então a previsão era ir aumentando, mas infelizmente, acabou diminuindo”, coloca o secretário de Turismo de Gramado, Ricardo Bertolucci Reginato.
O reflexo da tragédia nos números
O movimento existente após as enchentes não foi o suficiente para as empresas passar o mês. “Perdemos em torno de 50% do fluxo mensal. Foram em torno de 1,5 mil demissões, sem ajuda e incentivos do governo federal, todos tiveram dificuldades com o fluxo de caixa, que foi a zero”, lamenta o presidente do Sindtur Serra gaúcha, Claudio Souza.
Em maio, mês em que as enchentes atingiram o Estado, houve apenas 12% de ocupação hoteleira na cidade. Em comparação com o ano passado, representa uma queda drástica, de 48%.
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“Em junho, fechamos com 35% de ocupação e, no mesmo mês em 2023, em 65%. Em julho, quando começamos toda a estratégia de retomada, a gente fechou na casa dos 55% e, ano passado, em 76%”, relata o secretário Ricardo sobre os números do efeito da catástrofe em relação ao turismo.
Nos empreendimentos do município, a queda foi sentida. Na Rede Laghetto Hotéis são 12 estabelecimentos em Gramado e dois em Canela. Em todos, a oscilação foi observada.
“Tivemos alguns cancelamentos com as enchentes. Nos primeiros meses, a média era em torno de 30% de ocupação. Nos finais de semana a gente manteve as reservas nas alturas, com público local e regional. Só que sabemos que dois dias da semana não pagam as contas”, afirma a gerente de Vendas, Carine Santos.
No parque temático Mini Mundo, considerado um dos mais tradicionais de Gramado, a redução no número de visitantes também foi significativa.
“Calculando, em torno de 60%. Não há onde a gente converse que não há [a redução]. Acreditamos que os números melhorarão, com o destino voltando a ser falado. Mas talvez esse ano não alcance ainda os números das edições anteriores. Talvez no primeiro trimestre de 2025 ainda haja uma redução, volte a ter um público ideal apenas na própria Páscoa”, coloca a diretora de Operações, Gisele Nienow.
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