Segunda-feira, 21 de outubro, a partir das 8h10. Nesse dia e horário, chega o primeiro voo no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, após mais de cinco meses de fechamento do terminal, devido aos estragos causados pela enchente de maio. É a retomada que representa não apenas o início de um novo ciclo, mas também, leva esperança e expectativas.
Um setor que anseia pela reabertura e está em contagem regressiva é o turístico, na Serra gaúcha, duramente afetado pelo menor número de visitantes. Cerca de 86% da economia de Gramado gira em torno do segmento.
Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial
“Nossa expectativa era passar dos 80% de ocupação hoteleira em 2024, porque todo o comportamento deste ano, de janeiro a abril, estava melhor do que ano passado. Então a previsão era ir aumentando, mas infelizmente, acabou diminuindo”, coloca o secretário de Turismo de Gramado, Ricardo Bertolucci Reginato.
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Dados da catástrofe
Conforme o presidente do Sindtur Serra gaúcha, o movimento existente não era o suficiente para o mês. “Perdemos em torno de 50% do fluxo mensal. Foram em torno de 1,5 mil demissões, sem ajuda e incentivos do governo federal, todos tiveram dificuldades com o fluxo de caixa, que foi a zero”, lamenta Claudio Souza.
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O secretário Ricardo também traz em números o efeito da catástrofe em relação ao turismo. “Em maio, fechamos com 12% de ocupação hoteleira, foi o mês em que houve o episódio da chuva, enquanto que no ano passado, estávamos com 60%. Em junho, fechamos com 35% de ocupação e, em 2023, em 65%. Em julho, quando começamos toda a estratégia de retomada, a gente fechou na casa dos 55% e, ano passado, em 76%”, relata. A crescente procura ocorreu, principalmente, com a reabertura de estradas.
Haverá contratações de fim de ano?
Desde agosto, há estabilidade nos números de demissão. Durante o Natal, a mão de obra deve ser mais buscada.
Segundo o presidente da Abrasel Hortênsias, com a temporada natalina e a reabertura do terminal, as perspectivas para a gastronomia são muito positivas. “O último feriado foi uma amostra do movimento nas cidades. O setor foi muito castigado e com a melhora gradativa, a tendência é que as contratações voltem a acontecer”, afirma Marcelo Wazlawick.
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“Vai depender do volume de circulação. Vamos ter que acompanhar o mercado e ver como vai se reestabelecer. Mas em conversas com a rede hoteleira e com agências de receptivo, vemos que está reaquecendo”, completa Ricardo.
“A cidade está segura, todos os empreendimentos abertos, estradas restabelecidas, agora é vir e desfrutar de uma das melhores cidades do Brasil. Queremos retribuir todo o carinho que recebemos do Brasil, entregando o que temos de melhor, bem recebendo, encantando as pessoas e fazer com que as pessoas vivam experiências inesquecíveis”, finaliza o secretário.
Esperança e apreensão
As expectativas, com a retomada e também o início dos eventos natalinos na próxima semana – Natal Luz na quinta-feira e Sonho de Natal no sábado – são positivas. Mas as entidades e os próprios empreendimentos preferem não falar em números e argumentam que é necessária cautela.
“É cedo para falar sobre fluxo, a procura está um pouco tímida ainda. Estamos apreensivos, mas otimistas, porque como falamos em outras oportunidades, perdemos janela de vendas. Agora, é esperar por aqueles turistas de última hora”, justifica Claudio Souza.
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Com a demanda da malha aérea centralizada em Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, espera-se que esses destinos venham em maior quantidade de público. No momento, as datas mais procuradas pelos visitantes são durante o Festuris – Feira Internacional de Turismo de Gramado, que ocorre em novembro, assim como para Natal e Réveillon.
O secretário também vê um cenário instável, no momento. “As pessoas, estão querendo esperar, ver pra crer. Quando o aeroporto reabrir de fato, deve aquecer um pouco mais”, frisa.
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Crescimento na busca por reservas
Apesar de o Salgado Filho não ter tido funcionamento, Gramado recebia normalmente os turistas. E diversos parques e hotéis não pararam, pelo contrário: buscaram investir e aprimorar ainda mais as experiências e serviços que são oferecidos.
A rede hoteleira de Gramado e uma das maiores do Estado, a Laghetto Hotéis, já está com os 12 estabelecimentos da cidade e os dois de Canela prontos com decoração de Natal. No dia 24, fará um acendimento das luzes externas a partir das 20 horas, para impactar e trazer ainda mais beleza e encanto aos visitantes. Também, anunciou duas novas unidades no processo de expansão – uma em Caxias do Sul e outra no Espírito Santo.
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“Passamos por momentos difíceis, mas nunca paramos, sempre visando o futuro, esse momento tão esperando. O dia 21 é muito aguardado”, comenta Carina Santos, gerente de Vendas.
Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial
Nos empreendimentos da empresa, oscilação da ocupação foi percebida. “Tivemos alguns cancelamentos com as enchentes, mas nos finais de semana a gente manteve a ocupação nas alturas, com público local e regional. Só que sabemos que dois dias da semana não pagam as contas”, afirma.
Desde o primeiro voo, a marca estará com o mascote no aeroporto, o Laghettinho, recepcionando os passageiros. O maior público que costuma se hospedar na rede, nos mais de 1,7 mil leitos nas duas cidades, vem de São Paulo. Então, é esperada que a retomada seja positiva.
“No período das enchentes tivemos desligamentos, assim como todo o trade. Mas hoje estamos com 1,2 mil colaboradores. E estamos com 56 vagas em aberto em Gramado e Canela”, explica Carina.
O crescimento nas reservas é observado na Laghetto. Em outubro estão com 60% de ocupação, enquanto que em novembro, 75%. “Em dezembro já estamos com 55%, e a janela de vendas continua, então temos até lá para quem sabe chegar a 85% a 90%. Final de semana vai lotar, novembro tem muitos dias que já não tem vaga. É um mês que está mais bem vendido. E dezembro temos oportunidade para elevar a diária média”, conta a gerente.
Sobre valores das diárias, quem reservar de forma antecipada, garante bons descontos. “Tivemos que retrabalhar a diária, os valores. Começamos com tarifas mais brandas, mas vai flutuando, conforme a procura e demanda. Esperamos que seja um Natal histórico, depois de tantos desafios”, finaliza.
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Atrativos investem
Já no parque temático Mini Mundo, quem for conferir o atrativo encontrará um castelo de entrada revitalizado e uma nova área com cenários inéditos, com espaços e réplicas do Rio de Janeiro. “Queríamos receber ainda melhor nosso visitante, proporcionar conforto e acolhimento desde a chegada. Com as chuvas, ficamos receosos, com medo, mas decidimos continuar, porque era nossa comemoração de 40 anos”, afirma Gisele Nienow, diretora de Operações.
Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial
Durante o período das chuvas, o atrativo realizou campanha de alimentação prolongada, onde, através da doação de alimentos, moradores das regiões das Hortênsias e do Paranhana garantiam de forma gratuita ingressos. Os gaúchos no geral também tiveram entradas promocionais até fim de setembro.
“Não contávamos com tudo o que aconteceu e o fechamento do aeroporto atingiu muito a visitação. E todo o povo gaúcho sofreu. Notamos um déficit de entrantes, mas ainda temos a esperança com a reabertura parcial de tudo melhorar”, complementa.
“Tivemos uma redução significativa, calculando, em torno de 60%. Não há onde a gente converse que não há. Acreditamos que os números melhorarão, com o destino voltando a ser falado. Mas talvez esse ano não alcance ainda os números das edições anteriores. Talvez no primeiro trimestre de 2025 ainda haja uma redução, volte a ter um público ideal apenas na própria Páscoa”, coloca Gisele.
Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial
Os mini-habitantes também receberão atrativos de Natal. “Sempre temos uma cidade bem agitada, vamos ter programações especiais”, brinca a diretora. Na última semana, os personagens puderam “assistir” a um show do cantor internacional Bruno Mars.