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CHEIO DE DISPOSIÇÃO

Dia do Carteiro é comemorado por Benno Oberherr há 27 anos

Com 77 anos, ele é o profissional mais velho dos Correios em Gramado e Canela

Mônica Pereira
Publicado em: 27/01/2023 às 03h:00 Última atualização: 22/01/2024 às 09h:34
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O dia 25 de janeiro é especial para o gramadense Benno Oberherr, pois é a data em que é celebrado o Dia do Carteiro, profissão que ele se orgulha em desempenhar há quase 27 anos. Benno tem 77 anos de idade e é o mais velho entre os profissionais dos Correios de Gramado e Canela.

Benno Oberherr é carteiro em Gramado



Benno Oberherr é carteiro em Gramado

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Com disposição de sobra para as longas caminhadas do dia a dia, ele gosta da rotina, de conversar com quem recebe as encomendas. “Hoje, eu não consigo mais trabalhar em um lugar fechado, sempre gostei de trabalhar com pessoas. Nunca me arrependi de ter entrado nos Correios”, conta o carteiro, que nasceu na Linha Bonita, no interior de Gramado.

 

História

Benno também já foi professor. Ele lecionou por quase 16 anos e deu aulas para crianças em escolas da Linha Quilombo, Morro do Arame e no bairro Piratini. Depois dessa experiência, foi convidado para trabalhar em um escritório de contabilidade. Anos depois, ainda sem muita definição do que gostaria de seguir, prestou concurso para os Correios, além da Prefeitura e bancos. “Era uma época que a gente tinha medo de trocar de emprego”, conta Benno, que é formado em Contabilidade.

Depois de se classificar em boas posições em todas as provas, foi então em 1996 que abriu uma vaga para carteiro em Gramado e ele decidiu se aventurar na nova missão. “Eu apanhei bastante para pegar o ritmo, fiz um curso em Caxias do Sul e sai de lá achando que sabia tudo e não sabia nada”, brinca.

Longos trajetos e muita responsabilidade

Com o passar do tempo, foi aprendendo, ganhando experiência e agora não se imagina fazendo outra coisa. “Eu gosto de conversar com as pessoas, mas temos uma meta e não dá para conversar muito, é quase que tudo cronometrado”, ressalta.

Benno já entregou cartas e encomendas em diferentes localidades de Gramado, mas hoje é responsável por parte dos bairros Avenida, Planalto, Centro, Jardim e Três Pinheiros.

“Eu faço um trajeto por dia. De manhã cedinho eu separo tudo e organizo o que preciso fazer e aí eu saio. Temos que tomar muito cuidado e ter bastante responsabilidade para não errar”, explica. Uma das táticas usadas para economizar tempo é fazer as entregas de um lado da rua e depois do outro. “A gente faz isso porque você perde muito tempo atravessando a rua e é perigoso também quando tem muito movimento”, completa.

"Pegamos verdadeiras confissões"

Durante esses quase 27 anos, Benno ressalta que já viveu muitas histórias. “Pegamos verdadeiras confissões. As pessoas contam sobre a vida e até pedem conselhos, como um rapaz esses dias enquanto eu esperava o ônibus”, frisa. “Me marcou uma história de uma senhora que me tratava muito mal quando eu passava pela rua dela, mesmo quando eu não ia fazer entregas lá. Um dia eu decidi parar e conversar com ela para saber o motivo. Então, me contou que ficava sozinha o dia todo, que ninguém dava atenção para ela. Eu ofereci um abraço, ela só queria um pouco de atenção. Depois disso nunca mais me tratou mal”, pondera.

E esse contato com os moradores fez falta para o carteiro nos anos de pandemia. Por causa da idade, ele foi afastado da função e realizava apenas trabalhos em casa. “Eu ficava mais sentado fazendo as triagens das encomendas e meu joelho reclamou, não estava acostumado com aquilo. Mas vai fazer um ano que eu voltei para a rua e estou bem feliz”, atesta.

Sem nem pensar em parar

O carteiro diz que não sabe quando vai se aposentar de vez e nem pensa nisso por enquanto. “Eu não gosto de ficar parado, não ia conseguir ficar só em casa. Se eu sair daqui eu tenho que começar em outro lugar do zero e nos Correios eu já conheço tudo, é ‘fichinha’ para mim”, enfatiza ao falar que faz as atividades com bastante facilidade. “A única coisa que eu ainda não sei muito bem é mexer em computador, mas o aparelho que a gente usa para as entregas agora eu me adaptei fácil”, ressalta.

Em maio de 2023, Benno vai completar 78 anos. Para ele, a positividade e persistência são atribuições que precisam ser cultivadas sempre. “Eu gosto muito do meu trabalho. Quando eu comecei, tinha o plano de trabalhar até os 70 anos. Depois que passou eu disse que ia ficar mais cinco e passei também. Agora não planejo mais, seja como Deus quiser”, comenta, reforçando que não tem nenhuma doença. No tempo livre, gosta de ir para o sítio na Linha Nova, cuidar das plantas e dos animais.

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