DE AVÔ PARA NETO
DIA DO APICULTOR: "O amor vem desde a minha infância, está no meu sangue", diz produtor de Gramado
Com agroindústria na Linha Marcondes, Rui Model tem produção que vai de 14 a 16 mil quilos de mel por ano
Última atualização: 26/03/2024 19:39
Alimentos, cosméticos, remédios. É grande a gama de produtos que são feitos a partir do mel. Importantes para o equilíbrio ambiental – já que com a polinização promovem a formação de frutos e sementes -, as abelhas têm um dia só para elas.
Em 20 de maio é comemorado o Dia Mundial das Abelhas. E vêm delas a única fonte de renda do apicultor de Gramado Rui Model. Atualmente com 59 anos, desde os 11 ele se dedica à produção de mel.
Na propriedade em que nasceu, na Linha Marcondes, quase na divisa com Nova Petrópolis, exibe com orgulho a agroindústria formalizada há mais ou menos 25 anos. Hoje, tem certificação para vender em todo o Estado.
Produção
Rui conta que possui 20 apiários, que é o conjunto de colmeias, em uma extensão de mais de 250 quilômetros. “Além de Gramado, tenho colmeias em Montenegro, Nova Petrópolis, São Francisco de Paula e outras cidades. São de 780 a 800 colmeias que produzem entre 14 e 16 mil quilos de mel por ano”, destaca.
Ele pondera que é necessário avaliar bem o local para instalar um apiário, que precisa ficar distante de casas e animais por causa do perigo de ataque. E Rui sabe bem o que é isso. Durante o manejo de caixas, há alguns anos, houve um descuido e ele levou mais de 120 picadas. Então, o cuidado precisa ser redobrado.
A maior parte do mel produzido é de abelhas-africanas, mas há também as sem ferrão, jataí e tubuna. Das floradas, o predomínio é da silvestre, de laranjeira e também uva do Japão. O apicultor frisa que a produção se concentra entre o final de outubro até abril.
“No inverno, elas ficam mais quietinhas e também não tem tanta flor. Naqueles dias mais frios e úmidos do ano é que fazemos as roçadas e manutenções nos apiários”, esclarece.
Continuar o legado da família
A agroindústria de Rui é a Apis Gramado, unindo a palavra abelha em latim e o nome do município. A história começou com o avô, que era apicultor. O produtor rural não o conheceu, mas continuou o legado.
“Quando eu era criança eu via os equipamentos e como ele fez as caixas de abelhas. Me apaixonei pelo serviço e via também meu pai e minha mãe fazendo. O amor vem desde a minha infância, está no meu sangue ser apicultor”, ressalta o produtor.
E na segunda-feira, dia 22, irá celebrar o Dia do Apicultor. “É o melhor serviço do mundo. Tenho amor pelo que eu faço porque senão, não estava suando a camisa e levando ferroada no mato”, brinca, sem se importar em ter que trabalhar de domingo a domingo. Honrado, Rui diz que apicultores de outros Estados já foram conhecer a sua produção.
“O meu negócio começa no campo e é um processo. Invisto muito em qualidade para ser referência. Faço isso para abastecer bem meus fregueses”, enfatiza.
Variedades e boas vendas
No catálogo de produtos, Rui conta com potes de mel de diversos tamanhos, que variam entre R$ 13 e R$ 30, opções com pedaços de favo, favo em bandeja, sachês e própolis. Ele participa de feiras e eventos, também faz venda em mercados e a entrega em hotéis e restaurantes.
As feiras ganham o coração de Rui, que afirma gostar de conversar com o público e explicar o passo a passo da produção. “A Festa da Colônia dá um retorno muito bom para a gente. Neste ano, vendemos 1,1 mil quilos de mel”, revela.
E foi em outra feira, desta vez a Expointer, que o mel foi premiado. Nos anos de 2018 e 2019, conquistou o primeiro e o segundo lugar em qualidade, no concurso de produtos da agroindústria familiar.
“Fazemos de tudo para ter um produto de qualidade. Temos toda a documentação em dia, cursos de boas práticas, cuidado com cada etapa de preparo, com a higienização dos espaços”, evidencia.
Rui revela que um detalhe fez com que ele tivesse um aumento nas vendas nos últimos anos. “Eu tinha o rótulo amarelo e trocamos para o preto. Começou a vender muito mais. Acredito que é porque destaca o produto, ficou mais bonito”, salienta.
E aumentou tanto que a pretensão agora é expandir o espaço físico da agroindústria para incrementar a produção. O apicultor iniciou, também, o processo para certificação de mel orgânico, que é um produto isento de contaminações químicas e biológicas.
Saudável e benéfico para a saúde
A profissional reforça que o mel possui um alto potencial antioxidante e que há pesquisas que demonstraram a atividade anti-inflamatória. Há também o estímulo para a produção de ácidos graxos de cadeia curta com atividade imunomoduladora confirmada.
“A resposta imunológica do corpo pode ser beneficiada com o consumo do mel, pois se sabe que aumenta os linfócitos T e B, os anticorpos e certas células sanguíneas, que lutam contra ataques externos durante as respostas imunes”, acentua Ana Paula.
O mel também tem efeito antimicrobiano, ou seja, atua contra vírus, bactérias e fungos e auxilia na prevenção de úlceras gástricas.
“Estudos apontam que o consumo regular de mel melhora o perfil lipídico, contribuindo para o equilíbrio dos níveis de colesterol. O que direta ou indiretamente contribui para a redução do risco de doenças cardiovasculares. Propriedades anticancerígenas do mel têm sido motivo de estudo e análise, o que pode, no futuro, trazer novas alternativas”, aponta.
A nutricionista, contudo, diz que é preciso consumir o produto com moderação por causa do nível de açúcares. “Uma colher de sobremesa ao dia é uma boa medida para o consumo”, frisa, ressaltando que o mel não deve ser consumido por crianças menores de 1 ano.