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DE AVÔ PARA NETO

DIA DO APICULTOR: "O amor vem desde a minha infância, está no meu sangue", diz produtor de Gramado

Com agroindústria na Linha Marcondes, Rui Model tem produção que vai de 14 a 16 mil quilos de mel por ano

Mônica Pereira
Publicado em: 19/05/2023 às 10h:10 Última atualização: 26/03/2024 às 19h:39
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Alimentos, cosméticos, remédios. É grande a gama de produtos que são feitos a partir do mel. Importantes para o equilíbrio ambiental – já que com a polinização promovem a formação de frutos e sementes -, as abelhas têm um dia só para elas.

Dia do Apicultor é comemorado por Rui Model



Dia do Apicultor é comemorado por Rui Model

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Em 20 de maio é comemorado o Dia Mundial das Abelhas. E vêm delas a única fonte de renda do apicultor de Gramado Rui Model. Atualmente com 59 anos, desde os 11 ele se dedica à produção de mel.

Na propriedade em que nasceu, na Linha Marcondes, quase na divisa com Nova Petrópolis, exibe com orgulho a agroindústria formalizada há mais ou menos 25 anos. Hoje, tem certificação para vender em todo o Estado.

Produção

Rui conta que possui 20 apiários, que é o conjunto de colmeias, em uma extensão de mais de 250 quilômetros. “Além de Gramado, tenho colmeias em Montenegro, Nova Petrópolis, São Francisco de Paula e outras cidades. São de 780 a 800 colmeias que produzem entre 14 e 16 mil quilos de mel por ano”, destaca.

Ele pondera que é necessário avaliar bem o local para instalar um apiário, que precisa ficar distante de casas e animais por causa do perigo de ataque. E Rui sabe bem o que é isso. Durante o manejo de caixas, há alguns anos, houve um descuido e ele levou mais de 120 picadas. Então, o cuidado precisa ser redobrado.

A maior parte do mel produzido é de abelhas-africanas, mas há também as sem ferrão, jataí e tubuna. Das floradas, o predomínio é da silvestre, de laranjeira e também uva do Japão. O apicultor frisa que a produção se concentra entre o final de outubro até abril.

“No inverno, elas ficam mais quietinhas e também não tem tanta flor. Naqueles dias mais frios e úmidos do ano é que fazemos as roçadas e manutenções nos apiários”, esclarece.

Continuar o legado da família

 A agroindústria de Rui é a Apis Gramado, unindo a palavra abelha em latim e o nome do município. A história começou com o avô, que era apicultor. O produtor rural não o conheceu, mas continuou o legado.


Dia do Apicultor é comemorado por Rui Model



Dia do Apicultor é comemorado por Rui Model

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL


“Quando eu era criança eu via os equipamentos e como ele fez as caixas de abelhas. Me apaixonei pelo serviço e via também meu pai e minha mãe fazendo. O amor vem desde a minha infância, está no meu sangue ser apicultor”, ressalta o produtor.

E na segunda-feira, dia 22, irá celebrar o Dia do Apicultor. “É o melhor serviço do mundo. Tenho amor pelo que eu faço porque senão, não estava suando a camisa e levando ferroada no mato”, brinca, sem se importar em ter que trabalhar de domingo a domingo. Honrado, Rui diz que apicultores de outros Estados já foram conhecer a sua produção.

“O meu negócio começa no campo e é um processo. Invisto muito em qualidade para ser referência. Faço isso para abastecer bem meus fregueses”, enfatiza.

Variedades e boas vendas

 No catálogo de produtos, Rui conta com potes de mel de diversos tamanhos, que variam entre R$ 13 e R$ 30, opções com pedaços de favo, favo em bandeja, sachês e própolis. Ele participa de feiras e eventos, também faz venda em mercados e a entrega em hotéis e restaurantes.

As feiras ganham o coração de Rui, que afirma gostar de conversar com o público e explicar o passo a passo da produção. “A Festa da Colônia dá um retorno muito bom para a gente. Neste ano, vendemos 1,1 mil quilos de mel”, revela.

E foi em outra feira, desta vez a Expointer, que o mel foi premiado. Nos anos de 2018 e 2019, conquistou o primeiro e o segundo lugar em qualidade, no concurso de produtos da agroindústria familiar.

“Fazemos de tudo para ter um produto de qualidade. Temos toda a documentação em dia, cursos de boas práticas, cuidado com cada etapa de preparo, com a higienização dos espaços”, evidencia.

Rui revela que um detalhe fez com que ele tivesse um aumento nas vendas nos últimos anos. “Eu tinha o rótulo amarelo e trocamos para o preto. Começou a vender muito mais. Acredito que é porque destaca o produto, ficou mais bonito”, salienta.

E aumentou tanto que a pretensão agora é expandir o espaço físico da agroindústria para incrementar a produção. O apicultor iniciou, também, o processo para certificação de mel orgânico, que é um produto isento de contaminações químicas e biológicas.

Saudável e benéfico para a saúde


Ana Paula Wille



Ana Paula Wille

Foto: Divulgação


Os benefícios do mel para a saúde são exemplificados pela nutricionista Ana Paula Wille. “Tem uma infinidade de compostos no mel. Pode-se citar vitaminas, em especial a B9 e C, polifenóis, minerais (principalmente potássio), aminoácidos e enzimas, os quais conferem as propriedades biológicas e saudáveis”, enfatiza.

A profissional reforça que o mel possui um alto potencial antioxidante e que há pesquisas que demonstraram a atividade anti-inflamatória. Há também o estímulo para a produção de ácidos graxos de cadeia curta com atividade imunomoduladora confirmada.

“A resposta imunológica do corpo pode ser beneficiada com o consumo do mel, pois se sabe que aumenta os linfócitos T e B, os anticorpos e certas células sanguíneas, que lutam contra ataques externos durante as respostas imunes”, acentua Ana Paula.

O mel também tem efeito antimicrobiano, ou seja, atua contra vírus, bactérias e fungos e auxilia na prevenção de úlceras gástricas.

“Estudos apontam que o consumo regular de mel melhora o perfil lipídico, contribuindo para o equilíbrio dos níveis de colesterol. O que direta ou indiretamente contribui para a redução do risco de doenças cardiovasculares. Propriedades anticancerígenas do mel têm sido motivo de estudo e análise, o que pode, no futuro, trazer novas alternativas”, aponta.

A nutricionista, contudo, diz que é preciso consumir o produto com moderação por causa do nível de açúcares. “Uma colher de sobremesa ao dia é uma boa medida para o consumo”, frisa, ressaltando que o mel não deve ser consumido por crianças menores de 1 ano.

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