Celebrações públicas de fé e de generosidade marcaram o dia de Corpus Christi nas igrejas de Gramado e Canela. O feriado teve a tradição dos tapetes de serragem unida com a solidariedade de tapetes que se tornarão doações para famílias atingidas pelas chuvas.
Das paróquias da região, somente a São Pedro, no Centro de Gramado, teve as coloridas imagens na frente da igreja. Dentro do templo católico, a beleza foi destacada pelos cobertores entregues pela comunidade. O mesmo aconteceu na Nossa Senhora de Lourdes, em Canela. O caminho que levava ao altar da Catedral de Pedra era emoldurado pelas doações, que serão destinadas a quem mais precisa.
A fé
No bairro Várzea Grande, a paróquia Nossa Senhora de Lourdes teve um tapete solidário de alimentos. Para o pároco André Dapper, uma ação diferente, em função dos acontecimentos trágicos do Estado. Para ele, o intuito foi o de despertar nos fiéis das 12 comunidades a importância de estender a mão ao próximo.
“A caridade é sempre necessária em todos os tempos e situações. Nos unimos e auxiliamos pessoas com marmitas, bolachas e pães feitos por nós, com doações de roupas. Mas precisa ter uma continuidade”, pondera.
Os símbolos eucarísticos em anos anteriores representados em serragem, neste foram confeccionados com pacotes de arroz, feijão, massa. Com a procissão interna antes de missa, tudo foi abençoado.
“Nós vivemos um mundo tão individualista e que precisa recordar a importância de estarmos unidos e caminharmos juntos. Unir todas as forças e dar testemunho da nossa fé. Quando estamos unidos somos mais fortes. Isso é o caminho do amor”, frisa.
O padre faz uma analogia que a generosidade é um remédio para quem possui feridas abertas, pelas perdas de familiares, casas, empregos. “É também para dar consolo e dizer que as pessoas não estão sozinhas”, atesta.
“A fé vem do nosso acreditar, porque fé é acreditar em algo. Quem tem fé é capaz de transferir uma montanha daqui até lá e ter forças para continuar lutando. A fé nos faz olhar para o alto, para aquilo que Nosso Senhor nos deixou”, conclui.
Da Pastoral da Família, Cíntia Machado, de 37 anos, e Bernardete Bertholdi, de 52 anos, atestam que a iniciativa é diferente, mas muito louvável. “Tem um sentido maior. Depois da missa, a gente tinha que recolher aqueles tapetes tão bonitos. Agora, saber que esse tapete vai chegar nas famílias que precisam é muito gratificante”, cita Cíntia. “E essa integração de todos e de ajuda ao próximo. Isso que é celebrar Corpus Christi”, acrescenta Bernardete.
“A fé que nos sustenta”
A estudante Emili Reis Pauli, de 17 anos, é integrante do Curso de Liderança Juvenil (CLJ) há três anos e este é o segundo que participa da confecção dos tapetes. Com serragem, ela e o grupo recriavam uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, na matriz São Pedro. “Para a gente poder servir a Deus nas nossas ações”, descreve ao dizer o porquê estava na atividade.
O corretor de imóveis Leonir Vasconcelos de Souza, de 57 anos, tem uma longa caminhada junto à Igreja Católica. Já fez parte do CLJ, do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e há oito anos é membro da Equipe de Nossa Senhora, voltada a fortalecer a espiritualidade dos casais. “Eu considero que essa participação é o mínimo que a gente pode fazer pela fé que nos sustenta. Sem a fé e a eucaristia, não tem como sobreviver. São as pessoas que fazem a Igreja”, comenta.
“Vejo este dia diferente, pois é uma conscientização de que não é pão e vinho, é o corpo e sangue de Cristo”, salienta.