INVESTIGAÇÃO
Denúncias de agressões e violência em escola infantil fazem prefeitura da Serra gaúcha afastar professores: "Vêm acontecendo há anos", diz pai de aluno
Secretaria de Educação de Gramado se manifestou através de nota sobre os supostos episódios de violência, abuso e negligência
Última atualização: 26/11/2024 17:18
A Tribuna do Povo, na Câmara de Vereadores de Gramado, foi palco de um relato de um morador e pai de um estudante de uma escola infantil da cidade na noite de segunda-feira (25). Os motivos que levaram Alessandro Müller ao púlpito são supostos casos de agressão, violência, negligência e maus-tratos envolvendo crianças, crimes que teriam ocorrido no interior de uma instituição de ensino.
Conforme apurado pela reportagem, as situações relatadas teriam ocorrido na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Serra Encantada, na localidade de Serra Grande.
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"Hoje, subo a esta tribuna com o coração pesado e a alma ferida devido aos terríveis acontecimentos que têm assolado a escolinha de ensino inicial onde meu filho, e tantos outros, deveriam encontrar um ambiente seguro e acolhedor", disse em seu pronunciamento.
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Denúncias de servidores da escola chegaram à Secretaria de Educação no último dia 18. "Tomei conhecimento há uma semana, e as denúncias que surgem são de uma gravidade ímpar. Crianças e funcionários têm sido vítimas de abusos físicos e psicológicos e o que é mais alarmante, é que essas atrocidades não são novidades. Elas vêm acontecendo há anos, e pouco ou nada foi feito para interromper esse ciclo de violência", frisa.
Müller lamenta que casos como este não sejam abordados de forma mais ampla com a comunidade escolar. "Será que é necessário que pais e mães se exponham a tanto para que o mínimo seja feito? Por que aqueles que têm filhos como vítimas de agressão não se manifestam? A resposta é simples e dolorosa, medo de represálias e perseguições", coloca.
Educação se manifesta
A Secretaria de Educação de Gramado se manifestou através de nota sobre os supostos episódios de violência, abuso e negligência, envolvendo alunos da Emei Serra Encantada. Segundo a pasta, processos de sindicância foram abertos e três profissionais foram afastados.
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"A denúncia foi protocolada no dia 18 de novembro e no dia seguinte, 19 de novembro, foi aberto processo administrativo para apuração dos fatos; os três servidores, supostamente envolvidos, foram imediatamente afastados das suas funções até que a denúncia seja investigada e esclarecida", diz.
Ainda, coloca que "na quinta-feira, 21 de novembro, a direção da escola e a Secretaria da Educação reuniram-se com os pais e responsáveis para oferecer todo apoio necessário e esclarecimentos".
O comunicado encerra com a afirmação de que "a administração municipal de Gramado repudia toda e qualquer forma de violência com crianças e estudantes da rede municipal, estando atenta aos fatos apresentados e empenhada para que o episódio seja elucidado o mais rápido possível".
Fiscalização reforçada
Na tribuna, Müller solicitou que a fiscalização seja intensa, principalmente nas escolas infantis. "Estamos falando de crianças de 0 a 6 anos, as mais vulneráveis da nossa sociedade. Exigimos respostas e ações imediatas. A responsabilidade recai sobre o poder público do município, pois estamos tratando de uma escola pública. Os culpados e criminosos devem ser punidos exemplarmente", reitera.
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Os vereadores se mostraram surpresos com o relato e com a denúncia feita. "Precisamos cobrar o melhor ensino, melhor educação. Sabemos que a educação vem de casa, mas também vem da escola, e as crianças precisa ser bem tratadas. E o que não é falado, é conivente. Somos uma comunidade em Gramado, onde os pais trabalham de domingo a domingo, e precisamos de escolinhas onde elas [crianças] sejam bem tratadas e tenham vontade de aprender e conviver", pontua a vereadora do PSDB, Andreia Reck.
O presidente da Casa Legislativa, Cícero Altreiter (MDB) comentou que só soube do caso na última sexta-feira (22). "Alessandro trouxe algo muito grave na tribuna. Esse é um espaço democrático e a ser usado pela comunidade. Fiquei sabendo da situação na sexta-feira, e tenho certeza que mais vereadores não sabiam, se não, iriam adiante, verificar. Me preocupou, gostaríamos de ter mais detalhes para saber quando e como, desde quando estão ocorrendo esses casos de negligência", questiona.
Já o Progressista Neri da Farmácia falou sobre a necessidade de combater situações como essa logo no início, para não ter grande proporção. "Fiquei espantado com o relato, e com certeza, nós como representantes precisamos ser informados. Sabemos da importância da boa educação, que vai refletir na vida deles [crianças] lá na frente. Não podem ser coagidos, intimidados", argumenta.
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O Gabinete do Presidência da Câmara agendou uma reunião entre os vereadores e a Secretaria para a quinta-feira (28), na sede do Legislativo, com a presença do pai que expôs a situação, para que mais informações possam ser obtidas.
A reportagem questionou ao Ministério Público e a Polícia Civil sobre os casos. Os órgãos informaram que não há processos ou investigações em andamento, pois não houve denúncias nas entidades até o momento. Já a Defensoria Pública, não retornou.