DUPLICAÇÃO DO SISTEMA

Corsan detalha investimentos para sanar problemas de falta de água em Gramado e Canela

Construção da nova adutora foi retomada, na segunda-feira (13), nas imediações da Rua Emílio Leobet; entenda

Publicado em: 17/01/2025 12:01
Última atualização: 17/01/2025 12:02

Os constantes episódios de falta de água em Gramado – acentuados nos últimos meses de 2024 – foram pauta de uma coletiva de imprensa com a prefeitura e a Corsan. Na manhã da segunda-feira (13), houve o detalhamento das obras que já foram realizadas e os investimentos que ainda serão feitos pela companhia para sanar os problemas.

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Corsan retoma obra da adutora de Gramado Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Conforme divulgado na última semana, a promessa da Corsan é de duplicar o sistema de abastecimento, que é integrado em Gramado e Canela. A informação é reiterada pelo superintendente da Corsan da Regional Nordeste (Surne), Lutero Cassol.

Para que isso se concretize, na segunda-feira, foi retomada a construção da nova adutora do município. As obras estão ocorrendo na Rua Emílio Leobet e seguirão até o Expogramado. A previsão é que demore cerca de um ano para a conclusão dos oito quilômetros de rede.

Lutero endossa a estimativa de aplicar R$ 200 milhões nas melhorias do sistema, com o intuito de garantir o pleno abastecimento pelos próximos 20 anos. “Temos que ter um olhar diferente para a região, por ser turística e com uma população flutuante muito grande”, avalia.

O prefeito de Gramado, Nestor Tissot, aponta que a cidade cresce a cada dia e que isso exige a necessidade de avançar nas questões de abastecimento de água e também na coleta e tratamento do esgoto. Ele cita que, por muitos anos, a Corsan não investiu na região, mas que essas obras voltaram a ocorrer.

“O que me deixa otimista e tranquilo, de certa forma, é que a companhia está trabalhando. Há alguns anos, a gente não sabia quando o problema seria resolvido, mas vemos que vamos ter as soluções”, declara o prefeito.

Duplicação do sistema de bombeamento

Investimento deve girar em torno de R$ 200 milhões Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Retirada em São Francisco de Paula, a água segue para Canela e depois Gramado. Os principais reservatórios ficam nas imediações do Parque Knorr - de 3 milhões de litros - e do Wish Serrano, com 4,5 milhões de litros. Com a duplicação do sistema, existe a previsão de ampliar a capacidade do recurso hídrico até o setor Oeste - o Carazal - e também para comunidades do interior, como na Serra Grande.

De acordo com Lutero, cerca de 80% das obras para a duplicação do sistema de bombeamento de água bruta estão concluídas. Também foi ampliada a capacidade da adutora, incluindo uma tubulação de 700 milímetros, além das de 300 milímetros e de 400 milímetros já existentes.

Está na reta final as obras na Estação de Tratamento de Água 2 (ETA 2), em Canela. Atualmente, há o tratamento de 300 litros de água por segundo. Esse número passará para 600 litros por segundo a partir de junho deste ano.

Mais 30 litros por segundo

Também na ETA 2, o superintendente da Corsan afirma que foi instalado um reservatório de 3 milhões de litros de água. É desse reservatório que parte a adutora de Gramado e que chegará ao Expogramado e depois ao Carazal. Em torno de cinco quilômetros da rede foi concluída, chegando na rótula de acesso ao Parque do Caracol.

Até o final de janeiro, deve haver a interligação, ampliando em 30 litros por segundo o abastecimento da cidade. Dessa forma, serão 300 litros por segundo chegando.

“Parece pouco, mas é o que está faltando nos momentos de pico. Por isso que, às vezes, nós temos que colocar caminhão-pipa para atender as demandas nas extremidades”, ressalta Lutero. “Fizemos todo o novo bombeamento de Canela para Gramado, tendo em vista a necessidade de aumentar a vazão”, completa.

Obras na Emílio Leobet

Corsan retoma obra da adutora de Gramado Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Agora, as obras da nova adutora estão concentradas na Rua Emílio Leobet. As tubulações entre a via e o Hotel Galo Vermelho foram concluídas no último ano, bem como do Expogramado até o setor Oeste.

Lutero reforça que a obra no entorno do bairro Dutra foi paralisada somente por causa do deslizamento de terra que atingiu a localidade, durante a catástrofe climática de maio, mas que houve a autorização da prefeitura para a retomada, com traçado passando pela rua e não mais pela conhecida Estrada da Santinha.

“Nós vamos dar celeridade a essa adutora. São oito quilômetros e uma obra complexa, com tubulação de aço de 500 milímetros e extremamente pesada. As valas abertas precisam ter dois metros. Pode ser que não seja possível concluir até o final do ano, mas teremos uns 80%, com condição de usar a parte já feita para interligar no sistema e ter um ganho para o verão”, acrescenta o superintendente da Corsan.

Essa água que passará pela Emílio Leobet chegará no Expogramado, que tem um reservatório de água de 1 milhão de litros e que será ampliado para 1,5 milhão. Lutero cita que as projeções de investimentos são analisadas por um sistema de modelagem hidráulica.

Após, a adutora vai levar a água até o setor Oeste – que tem tido uma crescente demanda de construção de novos resorts. Na área, um reservatório com projeção para armazenar até 1 milhão de litros de água.

“A Corsan vai fazer todos os investimentos”

Superintendente da Corsan da Regional Nordeste (Surne), Lutero Cassol Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Ao falar sobre os problemas de falta de água no final de 2024, Lutero cita as intercorrências causadas por rompimentos da adutora, falha mecânica e furto de cabos. Ele volta a alegar que, se esses episódios não tivessem acontecido, a cidade teria tido abastecimento.

Um dos pontos esclarecidos por Lutero é que os 14 caminhões-pipa que circularam pela cidade atuaram para abastecer as comunidades e não levar água de Gramado para outros municípios. Por logística, a água era buscada, principalmente, em Três Coroas e Nova Petrópolis, assim como em São Francisco de Paula.

“Todas as obras para duplicar o sistema estão andando. Nós reafirmamos o compromisso de não parar em nenhum momento. Estamos apenas há um ano e meio da privatização, onde nós temos uma dinâmica diferenciada de investimento. A Corsan, através da Aegea, vai fazer todos os investimentos e vai concluir as obras de duplicação”, garante.

Fiscalização

Corsan detalha investimentos para sanar problemas de falta de água em Gramado Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) fará fiscalização dos serviços da Corsan. A ação foi tomada após ofício encaminhado à agência pela prefeitura. A secretária do Meio Ambiente, Cristiane Bandeira, acentua que o Fala Cidadão foi utilizado pela comunidade para relatar os problemas. A companhia foi notificada sobre o problema em novembro e em dezembro.

De acordo com a secretária, a fiscalização poderá apontar falhas e também contribuições ao serviço. Ela destaca que a própria RGE também pode ser notificada. “A nossa solicitação é que a agência reguladora apure as condutas da Corsan e da RGE, aponte o que vem sendo feito para minimizar o impacto de desabastecimento e quais são os planos de contingenciamento. É importante que os contratos sejam efetivamente fiscalizados. Ao final da apuração, pode ser que a Agergs aponte não só melhorias, mas também multas”, explica Cristiane.

Defensoria Pública ingressa com ação

A Defensoria Pública ingressou com uma ação civil pública contra a Corsan por causa do desabastecimento de água no final de 2024. Conforme o documento, a companhia não se mostrou disposta a atender a demanda dos moradores e que a falta de água “caracteriza inadimplemento contratual e falha na prestação de um serviço essencial”.

Caso o processo tenha parecer favorável, a causa tem um valor de R$ 20 milhões, que deverá ser pago como indenização por danos coletivos e revertido ao Hospital São Miguel Arcanjo, Hospital da Caridade de Canela, à Polícia Civil e à Brigada Militar das duas cidades.

Ar nas tubulações e avisos à companhia

Moradores de Gramado relataram que, mesmo sem água nas torneiras por seguidos dias, a conta chegou ainda mais cara do que em meses anteriores. Lutero explica que a Corsan tem um sistema mecânico de medição.

O medidor que existe no hidrômetro gira por força mecânica. Contudo, caso tenha ar na rede, ele pode se mexer. “Mas ele não gira na mesma proporção. É quase imperceptível na medição”, acentua o superintendente, orientando que o hidrômetro pode ser fechado caso o usuário perceba que está sem água.

“Para todo consumo que ficar ‘fora da curva’, nós temos os canais para que a comunidade possa nos procurar e uma loja física. Caso tenha algo errado na fatura, vai ser corrigido, sem dúvida alguma. Nós queremos cobrar aquilo que é correto”, ressalta.

O superintendente da Corsan afirma que os problemas de desabastecimento sempre devem ser reportados à companhia pelos canais oficiais, como o aplicativo, site corsan.com.br, ligações gratuitas pelo 0800.646.6444 e WhatsApp (51) 9 9704-6644.

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