O coordenador do museu Casa do Major, de Gramado, Wendel Cardoso, foi intimado a prestar esclarecimentos à Defensoria Pública após denúncias de que ele havia proferido falas racistas, xenofóbicas e antidemocráticas em um programa de rádio da cidade, veiculado em 11 de janeiro de 2023.
Em um ofício encaminhado para a Procuradoria-Geral do Município, o defensor público Igor Menini da Silva requisita informações sobre o caso e o intima a prestar esclarecimentos. Como chefia imediata de Wendel, o secretário da Cultura, Ricardo Bertolucci Reginato, também foi intimidado. Ele prefere não se manifestar sobre o assunto.
Em uma fala durante a entrevista, Wendel afirma que é preciso integrar a cultura da cidade nas pessoas que são de fora. Citou como exemplo o uso de gíria nordestina durante atendimento em estabelecimento comercial. Atualmente sem partido, ele já foi candidato a vereador pelo PSDB, ficando como suplente, e assumiu cadeira na Câmara por alguns dias. Por isso, foi perguntado sobre o cenário político nacional. O coordenador destacou que é contra os atos de vandalismo que ocorreram em Brasília, mas questiona a eleição do presidente Lula.
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Surpresa
Ao ser procurado pelo Jornal de Gramado, Wendel diz que ficou surpreso com a intimação. “Porque sou filho de nordestino e preto. Meu falecido pai era conhecido como Baiano Taxista. É muito estranho eu ser chamado de xenofóbico e racista, são coisas que não cabem a minha pessoa. São denúncias de pessoas que parece que nunca falaram comigo, que não me conhecem e procuraram interpretar a minha fala com base em um fanatismo político”, destaca o coordenador, afirmando que sua fala foi tirada de contexto. “Eu ressalto a importância dessas pessoas que vêm de outro Estado para cá”, completa,
Desconfiança
A respeito do Supremo Tribunal Federal, Wendel afirma que “apenas expressei a minha desconfiança”. “Tanto o STF quanto o Tribunal Superior Eleitoral são órgãos puros, mas nós não podemos falar o mesmo daqueles que os presidem. Infelizmente, as pessoas que moveram esse tipo de ação contra a minha pessoa fizeram isso de maneira leviana”, atesta.
Procuradoria está avaliando teor
A procuradora-geral da cidade, Mariana Reis, diz que o Executivo está avaliando o teor da entrevista e as medidas que eventualmente serão tomadas pela administração em relação ao servidor. “Entretanto, antecipo que o Executivo Municipal, embora respeite a livre manifestação do pensamento, não coaduna com qualquer tipo de manifestação antidemocrática tampouco apoia ou estimula tais atos. Da mesma forma, não tolera atos xenofóbicos sendo que todos que vêm a Gramado, seja para passeio ou para aqui fixar residência, são bem-vindos, pois nossa cidade é acolhedora e inclusiva. Por fim, entendemos que o atual presidente foi legitimamente eleito e confiamos na lisura dos Três Poderes. Qualquer manifestação contrária não representa a posição do Poder Executivo de Gramado”, declara.
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