DIA DO EMPREENDEDORISMO FEMININO
Conheça as empreendedoras que estão prestes a chegar na marca de um milhão de ursinhos de pelúcia vendidos
Comandada por duas mulheres, empresa que nasceu em Gramado hoje está presente nas cinco regiões do Brasil; hotel temático será inaugurado em 2024
Última atualização: 17/11/2023 16:46
Mulheres em posição de poder e à frente de suas próprias empresas. Uma realidade até que bem recente, mas que tem mostrado o potencial do empreendedorismo feminino. Uma pesquisa do Sebrae, com dados do IBGE, mostra que 10,3 milhões de mulheres estavam comandando negócios pelo País, no terceiro trimestre de 2022, um número considerado um recorde histórico. Elas são 34,5% de todo o contingente de empreendedores do Brasil.
Com coragem e determinação, essas empreendedoras reforçam a importância da contribuição feminina para o mercado de trabalho e para o fomento da economia. Por isso, contam com um dia dedicado a elas. No domingo, dia 19, será celebrado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino.
Experiência
E é coragem a palavra usada como a mais importante dica para quem deseja abrir uma empresa. O conselho é das empresárias Veronicah Sella, de 34 anos, e Natiele Krassmann, 38. Juntas, comandam a Criamigos, que começou, em outubro de 2016, com uma loja pequena de venda de ursos de pelúcia em Gramado, mas que cresceu e hoje está presente em diversos cantos do Brasil.
A ideia de proporcionar uma experiência na confecção de um novo amigo começou em 2015. Em uma missão do Sebrae para Nova York, as duas gaúchas se conheceram e criaram conexão. Veronicah como franqueada de uma loja de aromas e cosméticos em Gramado e Natiele como representante da fábrica de confecção e calçados da família, em Uruguaiana.
E foi nessa viagem que surgiu a concepção da empresa, inspirada em um projeto já realizado nos Estados Unidos, mas sem a mesma “emoção”. Natiele, então, resgatou a memória da infância em que a avó paterna fazia bonecas de crochê e colocava dentro delas um coração.
“Não seria só comprar a pelúcia, os clientes precisariam passar por um percurso de sentimentos, era uma maluquice querer vender urso de pelúcia na era dos tablets”, atesta Veronicah.
As empresárias levaram 1 ano e 10 meses construindo a marca, buscando fornecedores e testando produtos. “A gente criou a Criamigos já pensando em ser tocada por terceiros, porque nós duas tínhamos outros negócios. Isso fez com que construíssemos processos e formatássemos o negócio nesse sentido. Em 2016, o nosso negócio não estava pronto e hoje ainda não está pronto, o mercado vai ditando e precisamos estar sempre inovando”, salienta Veronicah.
Conexão entre a família
E o negócio se transformou em um sucesso. Em 2017, abriram a primeira franquia da marca. Hoje, somam 74 unidades, espalhadas pelas cinco regiões do Brasil. Além disso, as empreendedoras são proprietárias das três lojas que ficam em Gramado. “Nunca foi um urso, nunca foi um produto. Pensamos sempre na entrega de uma experiência e de uma conexão familiar”, garante Veronicah.
Entretanto, as sócias brincam que o plano de negócios e a planilha com números precisam acompanhar todo o processo. “Ao mesmo tempo que somos muito corajosas, fazemos todo o planejamento com os pés no chão”, atesta Natiele.
A empresa é formada, atualmente, por 21 funcionários focados nos projetos de expansão e da marca em si e há outros 64 colaboradores nas lojas gramadenses. A maior parte mulheres. Contabilizando também as empresas que produzem as pelúcias e os quase 200 acessórios, estima-se o impacto de 1,1 mil empregos gerados de forma direta e indireta.
Quase 1 milhão de pelúcias vendidas
A marca de vender 1 milhão de pelúcias está perto de ser alcançada. A expectativa é que se chegue a esse número ainda em 2023. Em uma contagem quase que em tempo real, estão contabilizados 947 mil nesses sete anos. A média atual é de 1,3 mil ursinhos comercializados por dia em todas as lojas. “No nosso primeiro plano de negócios, a meta era vender 16 por dia”, relembra Veronicah. “A gente nunca teve dúvida do sucesso, mas não sabíamos que iria ser nessa velocidade”, pondera.
Hotel temático será inaugurado em 2024
As empresárias destacam como as crianças possuem poder de decisão de compra nas famílias. Pensando também em oportunidades que poderiam ser exploradas no mundo dos negócios, decidiram investir no primeiro hotel 100% temático do Brasil.
As negociações iniciaram em 2020 e o empreendimento vai ser instalado na área central da cidade, no antigo centro de eventos da Faurgs. O local também já serviu de sede para a Ortopé, importante empresa calçadista de Gramado.
“Será um centro de entretenimento com opções de gastronomia, brincadeiras, conexão familiar. Temos seis personagens e cada um deles terá uma ala, com produtos exclusivos, atrações”, adianta Veronicah.
A parte hoteleira será inaugurada em junho e o centro de entretenimento em meados de outubro de 2024. Para a operação, mais 160 funcionários serão contratados. “Sabemos que aquele local abrigou o maior empregador da história de Gramado. E queremos resgatar essa história, com um painel de memórias, e levar alegria para aquele ambiente”, reforça Natiele.
“Existe o desequilíbrio”
Veronicah e Natiele destacam as dificuldades da rotina, acumulando as funções de empresárias, mães, esposas, donas de casa. “É preciso aceitar que existe o desequilíbrio. Não podemos exigir equilíbrio em todas as áreas da nossa vida. Quando entendemos isso, tiramos uma sobrecarga e uma exigência, mas, com certeza, é um desafio conciliar tudo”, diz Veronicah.
“Não podemos ficar esperando o momento certo porque isso nunca vai existir, precisamos começar agora a correr atrás dos nossos sonhos”, complementa.
Para Natiele, é necessário deixar a cobrança de lado. “Somos multitarefas, trabalhamos com mais sensibilidade, criatividade, encantamento. A cobrança pode atrapalhar, sempre há o receio de não sermos boas o suficiente. Então, cuidado com os detalhes, resgate a causa do negócio e vai com coragem”, exemplifica Natiele.
“Acho que o empreendedorismo é gerar impacto na vida das pessoas e isso é o que nos motiva a continuar”, comenta Veronicah. “É fazer a diferença na vida de alguém”, finaliza Natiele.