A figura mais requisitada nos finais de ano na Serra gaúcha é o Papai Noel. É a simpatia do Bom Velhinho, as luzes, a decoração, a programação. Elementos que se unem em um conjunto para transformar Gramado e dar vida ao Natal Luz, o maior evento natalino do Brasil.
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Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Falando em dar vida, é o Julio Rodrigues, de 70 anos, que se transforma no mais famoso personagem natalino da cidade. Há duas décadas, os finais de ano são de intenso trabalho, mas cheios de realizações e felicidade.
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A primeira vez que vestiu a tradicional roupa vermelha foi em 1974, no jantar da família. Ainda despretensiosamente, foi incentivado pelo sogro. Ninguém queria essa missão, mas Julio abraçou a responsabilidade. Como ainda não tinha barba, na época, usava máscara.
Foi em 2004 que tudo mudou. O então motorista de caminhões e ônibus começou a ser, de fato, o Papai Noel. A primeira aparição em Gramado foi em um encontro de papais noéis naquele ano. Julio integrava o elenco de uma agência. Ele já atuou em comerciais de televisão e muitas campanhas publicitárias.
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E o jeito e a aparência típicos chamaram a atenção do secretário de Turismo de Gramado na ocasião, Luciano Peccin. O convite para ser personagem principal do Natal Luz surgiu. “Fiquei muito honrado”, relembra. Anos mais tarde, depois que encerrou o contrato com a agência, tornou-se o Papai Noel oficial do Natal Luz de Gramado. “Tanta coisa aconteceu nesse período. Era para ser. Era para mim”, reforça.
Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Natural de Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, Julio morou na cidade natal até os 6 anos. Com pai militar, fixou residência no Rio de Janeiro. Depois, na adolescência, foi para Porto Alegre, local em que mora até hoje. Casado com a primeira namorada, formou uma família com três filhos, cinco netos e o mais novo integrante, o bisneto, de apenas 4 meses.
“Curioso é que meu sogro sempre disse que eu seria famoso. Famoso eu não sei, mas, hoje, sou conhecido pelo Brasil inteiro”, brinca, ao citar que já concedeu entrevistas para jornais internacionais e que, inclusive, recebeu convite para ser Papai Noel fora do País.
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“É uma diversão e satisfação pessoal”
Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Por três meses a cada ano, Julio se torna morador da Região das Hortênsias. Com uma rotina com espetáculos e atendimentos na Casa do Papai Noel, na Praça das Etnias, ele conta que precisa cuidar da saúde, comer frutas, alimentar-se bem e se hidratar bastante. Só que ele precisa abrir mão de algumas coisas também. “Não dá para tomar suco de uva para não manchar a barba”, frisa.
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E um dos grandes questionamentos da criançada é sobre a barba. Julio enfatiza que ela é naturalmente branca. Mantendo os cuidados, ela demora cerca de cinco meses para crescer.
Tirando a caracterização, ele pondera que não existe uma grande preparação para ser Papai Noel. “É só ser moleque, assim como as crianças. É gostar das crianças, brincar, interagir. Faço cada bagunça com elas”, atesta. “É uma diversão e uma satisfação pessoal. As crianças têm uma pureza”, complementa.
Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
A decoração da árvore que enfeita a casinha é de cartinhas e também das chupetas e mamadeiras que ele recebe dos pequenos, em troca dos presentes de Natal.
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Dos momentos mais marcantes que viveu, relata a história do pedido de um menino, carregado de emoção. “Ele me pediu para ter o pai de volta. O avô contou que ele havia morrido em um acidente pouco tempo antes. Aquilo me deixou com os olhos marejados, tive que segurar o choro. Mas conversei com a criança e disse que o papai estava em um lugar melhor”, recorda.
Uma situação inusitada foi o pedido de um casal em lua de mel na cidade. Eles queriam que o Papai Noel abençoasse a união. “Fui pego de surpresa. Fiz votos de felicidade”, declara.
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“O Natal em Gramado é diferente”
Julio acentua que tinha decretado a sua aposentadoria no ano passado, depois de já ter participado de diversos espetáculos, como o Grande Desfile de Natal, a Parada de Natal e as ações na Vila de Natal. “Queria aproveitar mais tempo ao lado da família, passear. Eu tinha dito que iria parar, só que o meu amigo de anos, Rodrigo Drechsler, que é o diretor do desfile, me convidou para voltar e eu não tinha como dizer não”, avalia.
“É gratificante o trabalho, o reconhecimento que tenho. O Natal em Gramado é diferente, tem um encantamento que não existe em nenhum outro lugar”, ressalta, ao falar que fez muitos amigos e que há turistas que o visitam ano a ano na cidade.
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Conselhos para as crianças e jovens
Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
Além de toda a magia da figura natalina, Julio aponta sobre a incumbência de dar conselhos às crianças e aos jovens. “Falo sempre para que respeitem os pais, levem o estudo a sério. Muitos acreditam no Papai Noel e isso é muito bom”, corrobora.
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E qual o pedido de Natal do Papai Noel? “Eu gostaria que fôssemos mais solidários. O Natal, acima de tudo, é sobre solidariedade. Que adotem cartinhas, que façam doações. Sabemos da realidade e muitas crianças não aproveitam o Natal por não terem condições. Esse é o meu maior desejo e pedido”, finaliza.