Parar no tempo momentos especiais, capturar emoções, eternizar histórias. São muitos os significados de uma fotografia. Atualmente, com a tecnologia, a facilidade de um clique está na palma da mão, mas nem sempre foi tão simples assim. Ainda, muito além do equipamento, os registros precisam de um olhar apurado, uma sensibilidade, exatidão. E aí que entra o trabalho de um fotógrafo profissional. O dia deles é comemorado em 8 de janeiro.
Começando por acaso, o gramadense Cleiton Thiele, de 44 anos, completa 30 anos no ramo. Tendo a missão de ser o fotógrafo oficial de eventos de Gramado, como o Natal Luz e a Festa da Colônia, seus registros percorrem todo o Brasil. Para ele, um orgulho de poder, através de suas lentes, divulgar a cidade e a região.
Cleiton iniciou a carreira no Jornal de Gramado quando tinha menos de 15 anos. Junto com o pai e o tio, entregava os exemplares nas casas dos assinantes. Ele lembra que tudo era feito a pé e que percorria constantemente os bairros da cidade e a avenida entre Gramado e Canela, ainda em estrada de chão.
Tempos depois, assumiu outra função do pai no JG, que era a de cuidar dos fotolitos. “A gente transformava a foto em negativo para colocar no jornal e fazer a impressão em preto e branco”, relembra.
Começo
E ele cumpriu esse trabalho até que decidiu se inscrever em um curso de fotografia gratuito, oferecido pelo centro de cultura. Quando concluiu, foi convidado pelo fundador do jornal, Gilberto Michaelsen, mais conhecido como Mica, para ser o fotógrafo da redação. “E eu estou na fotografia desde então. Fui me aperfeiçoando, aperfeiçoando o trabalho, fazendo outros cursos”, destaca Cleiton, que já recebeu uma moção da Câmara de Vereadores, em 2016, em reconhecimento à carreira.
O fotógrafo integrou a equipe do Jornal de Gramado por 13 anos. Nesse período, salienta que tem muitas histórias para contar. Com a dificuldade em tirar fotos na época, era acionado pelos órgãos de segurança para registrar operações, prisões, crimes.
Para ele, um dos momentos marcantes foi a primeira vez que uma foto foi parar na capa do JG, registro que ele guarda até hoje. A matéria sobre o Dia da Cidadania Infantil, publicada em outubro de 1995, mostra crianças escovando os dentes, em alusão a atividades realizadas pela Prefeitura.
Cleiton frisa que o bom relacionamento com Mica lhe abriu portas, pois ficava com os equipamentos. Assim, em paralelo, fazia cobertura de eventos privados. Dessa forma, trocava conhecimento com outros fotógrafos, jornalistas e foi se tornando conhecido na área.
“E o Edison Vara, que trabalhava como fotógrafo do Festival de Cinema e no Natal Luz, começou a me sondar para prestar serviço para ele até que, em 2008, eu decidi encarar”, recorda.
Responsabilidade
O profissional fala sobre a responsabilidade, já que o instante da foto não se repete. Ele brinca que, na época que estava no JG, tinha um número limitado de filmes analógicos para a câmera. “Eu não podia ficar tirando várias fotos iguais, aprendi a não ficar toda hora clicando, clicando. Estudo um pouco mais, penso no ângulo ideal”, aponta Cleiton.
“O tempo no jornalismo me ensinou isso, porque a gente não cria foto, fazemos o registro do momento”, complementa. Apesar da saudade da era analógica, em que precisava imprimir a foto para saber se tinha dado certo ou não, o fotógrafo comenta que já passou por problemas. “Teve uma vez que o filme não engatou na câmera e não registrou todas as fotos que eu tinha feito de uma feira de móveis”, diz. “Hoje em dia, temos dois cartões de memória para garantir”, reforça.
Emoção
“A gente mexe muito com a emoção das pessoas”, descreve Cleiton ao falar do trabalho. A eternização também é algo que acompanha a sua profissão. Um dos registros inesquecíveis é o da atriz Léa Garcia. A artista morreu em 2023, aos 90 anos, enquanto estava em Gramado para participar do Festival de Cinema. As fotos de Cleiton foram utilizadas por veículos de comunicação de todo o País. “Eu fiquei muito abalado também, porque a foto que eu fiz foi usada para a homenagem dela. Emocionou todo mundo”, corrobora.
Gramado como principal cenário
Gramado é o cenário principal das fotos de Cleiton. Em 2016, inclusive, montou um banco de imagens institucional para a Secretaria de Turismo, que as divulga em feiras e eventos. Dentre as imagens, o pórtico coberto de neve, que é especial para ele. “Sair para fotografar a neve foi bem legal”, atesta. Os registros oficiais do Natal Luz, o maior evento da cidade, são feitos por Cleiton há anos. Ele cita que para a construção do livro comemorativo de 35 anos, seu acervo tinha mais de 60 mil fotos. Entre seus cliques inesquecíveis, muitos foram durante o evento.
Em 2011, o registro perfeito de um raio emoldurando a estrutura do Nativitaten, no Lago Joaquina Rita Bier. Em 2012, a captura dos movimentos dos bailarinos da Fantástica Fábrica de Natal. Em 1998, a foto dele dos fogos de artifício do Nativitaten se transformou no cartaz que divulgava o evento. Ainda como grande desejo que quer realizar, gostaria de fotografar um evento único encenado entre as cidades de Gramado e Canela. “Em que a Avenida das Hortênsias fosse toda decorada, desde os estabelecimentos até a rua”, projeta.
Reconhecimento de colegas
Aos 30 anos de carreira, Cleiton ressalta todo o carinho dos membros dos eventos em que ele trabalha, um ciclo de amizade que vai se formando ao longo dos anos. Um desses exemplos é da atriz Fernanda Petit, de 40 anos. “Eu faço um compilado das fotos dos espetáculos para postar no meu Instagram. É o nosso ídolo”, brinca. “Ele capta momentos que a gente não tem nem ideia e é muito interessante para a gente ter como registro do nosso trabalho e de lembrança”, coloca.