Foi no dia 1º de maio de 2024 que Gramado começou a sentir a crise climática que chegava. Com o volume de chuva que estava se acentuando, as casas do bairro Três Pinheiros começaram a ser evacuadas. Um Gabinete de Crise foi criado e começou a atuar. Na madrugada da quinta, dia 2, dois grandes deslizamentos, nas comunidades do interior Pedras Brancas e Quilombo, vitimaram sete gramadenses.
Nesses últimos 20 dias, a tragédia se ampliou e atingiu todo o Rio Grande do Sul. Os pontos com risco de desmoronamento em Gramado foram crescendo dia a dia e já são 199 locais monitorados, com 26 evacuados e 1.859 pessoas que tiveram que deixar as casas.
O número é atualizado pela Secretaria da Assistência Social, mapeado através de um cadastro. Apesar das áreas evacuadas não terem aumentado, entre a sexta-feira, dia 17, e a segunda, dia 20, mais 211 gramadenses foram identificados como desabrigados (que estão em abrigos do município) ou desalojados (ficando na casa de parentes ou amigos).
A Prefeitura informa que algumas pessoas acabam demorando alguns dias para se cadastrarem junto à Assistência Social. Além disso, elas precisam constar por um período nessa lista. É o caso de aproximadamente 50 famílias do bairro Três Pinheiros. Elas puderam retornar para as casas na segunda, dia 20, mas ficarão nesse registro de desabrigados e desalojados até, pelo menos, o início de junho. A medida é necessária para questões burocráticas de acesso aos benefícios sociais.
Áreas de risco
Entre as áreas de risco de Gramado que estão sendo analisadas por técnicos desde novembro de 2023 estão o bairro Três Pinheiros e o Loteamento Orlandi. Nesses locais, projetos para reparar os danos causados e evitar novos problemas estão sendo concluídos e começarão a ser executados.
Em outros pontos, como o bairro Piratini e a Rua Emílio Leobet, os deslizamentos apareceram neste mês e ainda levará algum tempo para que a comunidade tenha respostas. “A gente ainda depende dos estudos, dos laudos técnicos”, aponta a procuradora-geral da cidade, Mariana Reis.
“Esse é o grande anseio de todas as cidades que estão passando por essa situação: respostas conclusivas. A gente compreende isso e a gente conta muito com a compreensão para que esses estudos cheguem e ali seja indicado qual o melhor caminho de recuperação dessas áreas”, reforça a secretária do Meio Ambiente, Cristiane Bandeira.
Na Emílio Leobet, está sendo realizado o acompanhamento diário com pluviômetro e também com marcações para verificar a evolução das rachaduras, que vão desde a Rua Gil. É nessa área que passa a adutora de água que abastece o município.
“Se for rompido esse cano, a cidade toda fica sem água. Por isso que a Emílio Leobet está bloqueada para que não haja peso na estrada nesse momento e a Corsan consiga corrigir o traçado para que a gente possa garantir água”, explica Mariana.
Orçamento municipal
Na segunda-feira, o prefeito Nestor Tissot reuniu todos os secretários e afirma que pediu uma “economia de guerra na Prefeitura”. De acordo com ele, obras que não são importantes neste momento serão postergadas e gastos extras foram cancelados com a intenção de economizar os recursos municipais.
“Agora é momento da gente segurar o dinheiro que temos, pois ainda temos muitas obras importantes, urgentes e extremamente necessárias para recuperar os setores que foram afetados”, avalia o prefeito.
Nestor pondera que aguarda a retomada do turismo na cidade, com a abertura de aeroportos, para que a economia volte a girar. O pagamento de impostos municipais foi prorrogado.
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